Doky é um raposinho dourado de 5,3 quilos, um cisquinho que cabe em qualquer lugar.

Foi resgatado em meados de 2020, juntamente com um irmãozinho chamado Tedy, um Yorkinho de apenas 3,5 quilos.

Eles viviam em um apartamento com um tutor que os deixava sozinhos, às vezes se ausentando por dias, deixando os meninos sem comida ou água.

Em uma dessas sumidas do tutor, os vizinhos, revoltados com a situação, decidiram intervir e resgatar os meninos. Já estavam há dias sem comer, muito magros e já desfalecendo de fome e sede.

Foram levados para um abrigo de animais.

Entretanto, como o local tem mais de 100 cães, muitos deles de porte médio a grande, Doky e Tedy acabaram virando sacos de pancadas. As agressões se intensificaram e, ao final, eles já corriam risco de morte.

Então, pra preservar suas vidas, foram trancados em um banheiro, onde passaram a viver. Eles eram bem pequeninos e caberiam em qualquer lugar, mas um banheiro foi mais do que eles poderiam suportar.

Ainda assim, a eles não foi dado o direito de opinarem. O tempo passou, eles se entristeceram e estavam prestes a partir, de tanta tristeza.

Tedy tinha alguns arranhões bem profundos na barriga e não se sabe o que realmente aconteceu.

Tedy e Doky cresceram juntos e sempre foram os melhores amigos de infância, apesar do sofrimento que compartilhavam.

As feridas na barriga do Tedy cicatrizaram e, ao final, não restavam nem marcas. Só as dores do passado ainda persistiam.

Tedy e Doky eram grandes amigos e se apoiavam, pra romper juntos a tristeza de estarem vivendo de forma tão precária.

O tempo passou e eles davam sinais claros de que não se manteriam vivos por muito tempo naquelas condições. A companhia um do outro era o que os mantinha vivos.

Eles precisavam urgentemente de um lar temporário e foi, com este apelo, que decidimos tentar transformar a vida deles. O abrigo onde viviam ficava bem longe de Belo Horizonto, o que também dificultaria a adoção.

Então, trouxemos os garotos para Belo Horizonte e demos a eles a chance de esperar pela adoção passando uma temporada em nosso território, com um pouco mais de liberdade.

Nosso canil não é muito maior que um banheiro, mas aqui a adoção poderia chegar mais rápido. De qualquer forma, não tínhamos a intenção de mantê-los em canil. Se não estivessem doentes, se não precisassem de isolamento e se conseguissem se entrosar com nossa matilha, poderiam viver livres e fazerem parte de nossa turma.

Uma rápida passada em uma clínica veterinária para exames e faxina nos permitiu saber que eles estavam bem e que poderiam ser integrados. Restava apenas testar sua socialização na matilha que já dominava nosso território.

Getúlio, que também esperava por adoção, era o atual macho alfa do território. Ele pesava 13 quilos e tinha apenas 3 pernas inteiras.

Sabíamos que ele era sociável, mas precisávamos testá-lo, caso a caso. Não sabíamos como ele reagiria a dois invasores de seu território.

Pra nossa grata surpresa, como se tivesse herdado o legado de uma matriarca chamada Pintada, que nos deixou em janeiro desse ano, ele foi o melhor anfitrião que poderíamos ter.

Getúlio não apenas recebeu bem os novos amigos, como em apenas alguns minutos já os chamava pra brincar. Adaptação assim nós só vimos com a Pintada, que havia sido enviada pelos anjos, pra ajudar a construir o Projeto O Lobo Alfa.

Não temos mais a Pinta conosco, mas temos o que ela nos ensinou. E o Getúlio, que chegou a conviver com ela por algum tempo, parecia ter aprendido coisas importantes.

Tedy e Doky estavam há semanas vivendo em espaço limitado, sem poder se exercitar e claramente fracos e estressados.

Assim que os soltamos no gramado, eles deixaram claro que queriam tirar o atraso. Correram, pularam, gastaram a energia que não tinham.

Correram com o Getúlio por uns 10 minutos, até que decidimos chamar Hanna e Estopa pra participarem das brincadeiras.

Elas chegaram curiosas como sempre. Os novatos também se mostravam curiosos, mas sem sinais de insegurança. A atmosfera por aqui ajuda no equilíbrio de qualquer lobo.

Claro que nos primeiros minutos, o que vemos é uma aproximação cautelosa, porém equilibrada. Um cheiro aqui, outro ali, uma corridinha discreta, alguns ensaios. São sinais sutis que interpretamos como “boas-vindas”.

30 minutos foi o tempo que demorou para que todos eles estivessem correndo e brincando, como se tivessem crescido juntos.

Tedy e Doky corriam e brincavam, como se não houvesse amanhã. O ontem foi suficientemente triste e eles não queriam mais lembrar do que aconteceu.

Com exceção do Getúlio, que também é jovem como eles, a nossa galerinha aqui já está bem velhinha. A mais novinha, Hanna, completou 10 anos neste mês de maio.

Mesmo assim, elas ainda têm disposição pra brincar. Não tanto quanto os irmãos, mas o suficiente pra entrarem na festa.

Tedy se mostrou feliz, arteiro, mas também carinhoso e carente. Acreditamos que nunca experimentou um colo.

Ele se deu muito bem por aqui desde os primeiros minutos. Fez de Getúlio e Hanna seus melhores amigos.

Doky, embora mais arredio, também se soltou em pouco tempo e aceitou participar de todas as brincadeiras.

Ele até que gostou de brincar com a Hanna, mas seu companheiro preferido de confusão continua sendo o Tedy. O amigo Yorkinho deve ser a única lembrança boa que ele traz dos tempos difíceis.

Uma adoção conjunta seria tudo de bom, mas não poderíamos atrelar destinos. Eles precisariam seguir novos caminhos. Se a vida trouxesse pra eles um mesmo caminho seria ótimo, mas eles precisavam de um novo começo urgente.

Doky, embora um pouco desconfiado, também foi capaz de se soltar. Ele não precisou de 4 dias pra me abanar o rabinho e aceitar o colo.

Com outros cães eles eram mesmo tudo de bom. Na sequência abaixo, Doky e Hanna, brincando e correndo.

As correrias duraram um dia inteiro.

Ao anoitecer, era hora de mais um teste. Precisaríamos preparar uma boa cama pra eles, de forma que se sentissem confortáveis e acolhidos.

A cama que já foi da Pintada e da Estopa, naquela ocasião servia apenas ao Getúlio. Mas, com 2 metros de cama, claro que caberia mais dois. Eles entraram, experimentaram e decidiram que ali estava bom.

O Getúlio, por sua vez, chegou e deitou junto com os novos amigos, sem reclamar da invasão. Uma só cama pra três cachorros não parece muito, mas ficou bom. Eles gostaram bastante.

Se na nova casa eles não tivessem caminhas, seria ainda melhor. Isso porque cachorro que não tem cama precisa dormir com os donos, e esse seria um destino perfeito pra eles.

No dia seguinte, todos acordaram bem cedo e foram aproveitar o sol da manhã.

Assim que se aqueceram um pouco, decidiram brincar mais. Tinham brincado pouco no dia anterior, porque chegaram aqui perto do meio dia. Uma tarde só não fora suficiente pra drenar a energia acumulada nos últimos tempos.

Doky não quis usar roupas. Ele tem pelagem densa e parece mesmo não precisar. O Tedy estava recém-tosado e, magrelinho como estava, devia sentir frio nos ossinhos. Então, a roupa de lã ajudou um pouco.

Correria ao sol também ajuda a esquentar.

Eles fizeram exames de Leishmaniose e estavam negativos. Foram castrados e iniciaram a vacinação com a Leishtec.

Também foram vermifugados e tomaram também uma dose da óctupla.

Enquanto a adoção não chegava, eles foram ficando por aqui, brincando um pouco todos os dias e se preparando pra quando a primavera chegasse.

E como sonhar não custa, se alguém tiver procurando uma adoção tripla, Getúlio, Doky e Tedy eram perfeitos. Pra quem gosta de numerologia, eles tinham 13,3, 5,3 e 3,3 quilos, respectivamente. Claro que uma camadinha de gordura sobre os ossinhos finos pode alterar um pouco os números, e esperamos mesmo que engordem.

Doky e Tedy estavam bem magrinhos e viriam a engordar um pouco nos próximos dias, mas continuariam sendo dois ciscos.

A adoção era urgente, pois, no lugar de onde eles saíram, mais de 100 vidas esperam por um milagre e nós precisaremos doar estes dois, pra buscar mais alguns.

Os demais animais do abrigo também esperam por adoção, e a história deles já foi contada no link: http://oloboalfa.com.br/so-os-sonhos-nao-envelhecem/?regiao=mg

Precisamos tirar mais alguns animais do abrigo, o quanto antes, e proporcionar a eles umas férias, tão legais quanto as de Doky e Tedy.

Ao final de algumas semanas em nosso território, eles já estavam vermifugados, castrados, saudáveis e com a vacinação iniciada. Esperavam, finalmente, por uma adoção que valesse muito tudo que eles passaram.

A adoção veio para os três. Primeiro Tedy, depois Getúlio e, finalmente, Doky. Eles seguiram caminhos separados, mas foram caminhos de luz.

Tedy foi feliz por alguns meses em companhia dos donos. Tinha regalias e era tratado com um reizinho.

Ficava emburrado quando tinha que tomar banho, mas se recuperava rapidinho.

Doky ficou bem triste depois da partida do Tedy, mas se apegou ainda mais ao Getúlio. Os dois tornaram-se os melhores amigos e dormiam sempre juntos.

Depois do Tedy, Getúlio foi adotado, pra viver em um sítio, rodeado de outros animais. Ele também está vivendo a vida de um rei:  http://oloboalfa.com.br/getulio-um-menino-especial/?regiao=mg

Novamente, o Doky precisou se despedir de um grande amigo. Mais três dias de depressão e, quando ele já começava a se alegrar novamente, heis que chega ao nosso território uma visita pra alegrar a vida dele.

Julie chegou acompanhada dos pais, Luiza e Kavlin. Já chegou correndo e querendo brincar. A energia dela estava escorrendo pelas orelhas.

A aproximação dos dois foi cuidadosa, mas rápida.

Nenhum dos dois tinha tempo a perder, embora fossem jovens e tivessem o resto da vida pra brincar.

Naquele momento, eles não sabiam, mas a intenção daquele encontro era exatamente testar a socialização dos dois.

Não que tivéssemos alguma dívida. O Doky era bem sociável e brincalhão, e o relato da Luiza sobre a comportamento da Julie também indicava que a amizade seria instantânea.

O tempo ali podia ser marcado em segundos, e não em minutos. Eles começaram a ensaiar brincadeiras e…

Logo depois a borboletinha Julie já mostrava que sabia voar.

Deus não deu asas aos lobos, mas nos deu a capacidade de fazê-los voar. E era isso mesmo o que queríamos para o Doky: pais com capacidade de permitir que ele voasse.

Dali eles já partiram juntos. Da nova casa, recebemos as primeiras fotos, que mostravam o quanto o Doky teve sorte.

Naquela ocasião, tínhamos 3 finais felizes pra comemorar e muito a agradecer aos novos amigos pela acolhida dos meninos.

A missão havia sido cumprida e o território estava novamente vazio por aqui, mas não seria por muito tempo.

Clara foi a nova ocupante daquela cama grande. Ela estava prenha, tinha Leishmaniose avançada e fora amarrada no meio de um matagal, sem comida ou água. Foi resgatada e levada para o mesmo abrigo onde Tedy e Doky passaram uns dias. De lá, veio para nosso território, aqui teve 6 lindos lobinhos em uma complicada cesariana, terminou todo o tratamento da Leishmaniose e hoje é uma de nossas mascotes, juntamente com Shiva, uma de suas filhas.

Mas a história de Tedy e Doky ainda não tinha chegado ao fim. Em razão de uma dessas reviravoltas da vida, pouco mais de 6 meses depois da adoção, tivemos a notícia de que o Tedy seria devolvido.

E foi aí que os destinos de Tedy e Doky se cruzaram novamente, nos mostrando que a vida tem seus próprios métodos. Ao saber da devolução do Tedy, e vindo a conhecer a verdadeira história dos dois, Luiza e Kevlin, adotantes do Doky, decidiram reunir novamente os irmãos.

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