Em uma das desastrosas podas feitas pela Prefeitura lá pelos lados da Cidade Jardim, um ninho de beija-flor foi derrubado e ali deixado, como se nem sequer existisse.
Um filhote imóvel, ferido, sendo velado pela mãe desesperada, enquanto mais à frente, o segundo filhote, já morto, esmagado pelos pés de algum descuidado.
Por sorte, ou talvez, neste caso, apenas pelo acaso, alguém mais atento cruzou aquele caminho e pôs-se a tentar fazer alguma coisa.
A primeira opção seria tirá-lo da situação de risco em que se encontrava mas, ao mesmo tempo, permitir que ele passasse a maior parte do dia com a mãe.
E assim foram cansativos plantões na calçada.
O ninho de pano não era tão aconchegante e nem tão seguro quanto aquele que foi covardemente derrubado.
Mesmo assim, o pequeno beija-flor parecia se aninhar ali.
Infelizmente, algo não estava bem. O pequeno não conseguia se mover. Recebia a comida de sua mãe, mas não fazia menção de sequer tentar voar. Ele já estava bem crescido e, em condições normais, talvez, com o incentivo de sua mãe (e um possível empurrãozinho humano), ele conseguisse chegar aos galhos mais altos e ali terminar sua infância.
Mas nada indicava que isso fosse acontecer.
Estava claro que o pequeno precisaria mesmo de assistência médica.
E foi aí que se constatou uma fratura em uma das asas. Em um filhote tão pequeno e frágil, ainda tão dependente da mãe, esse diagnóstico havia selado seu destino. Ele não poderia mais voar, ainda que sobrevivesse.
Era preciso tentar e tudo foi feito, mas o pequeno não resistiu e partiu dias depois.
A vida seguiu e o pequeno Francisquinho, que só ganhou este nome depois que já havia partido, encerrou sua história.
Sua protetora continua, como de costume, passando diariamente pelo lugar onde tudo aconteceu. E tem sido recebida todos os dias pela mãe, que a circula, planando, como se perguntasse: _Onde está meu menino? Quando você o trará pra mim?
E nada pode ser mais amargo que o silêncio.
Esta história talvez não sirva pra nada. Sequer sabemos como tudo aconteceu, se o acidente poderia ter sido evitado, se a vida do Francisquinho poderia ter sido diferente, ou mais longa…
Possivelmente, nada vai mudar na forma de trabalho do departamento de parques e jardins da Prefeitura. Talvez os órgãos responsáveis não se interessem. Em termos ambientais, o “prejuízo” foi pequeno.
Mas precisamos semear entre os homens a compaixão e, talvez pra isso, a vida desse pequeno passarinho tenha servido.
Nos vídeos abaixo, as tentativas de salvar o Francisquinho. No primeiro, sendo alimentado pela mãe. No segundo, por sua protetora, Cíntia Tognolli.
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