O Pudim estava entre os quase 50 lobinhos resgatados de um acumulador, no início de Setembro (2017). Ele estava muito doente e machucado, pois era hostilizado pelo restante da matilha, atacado e ferido quase todos os dias.

Não podemos dizer que ele era o lobo ômega, mas sabemos que, em abrigos muito cheios, os próprios animais costumam fazer e limpeza, sacrificando os mais debilitados, como forma de eliminar a proliferação de doenças. Não é crueldade, mas um comportamento instintivo, talvez algum resquício de um passado distante.

E, quando se resgata 50 animais de uma só vez, é natural que alguns não possam ser salvos e fiquem pelo caminho.

E se a decisão daqueles que ficariam pelo caminho fosse apenas técnica, ele talvez fosse o primeiro a terminar sua história na ponta de uma agulha. Todos os sintomas da Leishmaniose estavam ali.

Entretanto, é angustiante ter que tomar decisões assim. Eutanásia é o último recurso, para abreviar a dor, quando o animal não tem mais chance de cura e está em sofrimento.

O Pudim estava em sofrimento, mas a medicina já permite o tratamento e ele tinha chances, se tratado corretamente.

E este foi o caminho que decidimos seguir. Ele fez muitos exames, tomou uma boa quantidade de remédios e vitaminas, recebeu alimentação reforçada e iniciou o que seria uma longa luta pela vida.

Os resultados dessa luta eram incertos. A Leishmaniose estava bem avançada e já tinha provocado estragos. A possibilidade dele “ficar pelo caminho” não estava descartada, mas demos a ele a chance de tentar.

Algumas semanas mais tarde, uma grande melhora em seu aspecto físico indicava que estávamos no caminho certo e que o tratamento dele seria um sucesso.

Ele recuperou também sua autoestima e já ensaiava brincadeiras com outros lobinhos. Foi isolado do restante da matilha, é claro, pra evitar que apanhasse.

Ele continua arredio e bem assustado, mas agora, protegido dos ataques da matilha, mostra-se mais confiante e até atrevido.

Decidiu que nunca mais será lobo ômega. Ele quer ser alfa agora.

Logo após se fortalecer com as vitaminas e alimentação reforçada, repetiu exames e pôde, finalmente, iniciar a quimioterapia que lhe salvaria da Leishmaniose.

Foram semanas de tratamento e muitas agulhadas. Ele enfrentou as injeções com coragem e ganhou até certificado de bravura.

Com o passar dos dias, o Pudim melhorava a olhos vistos. Comparando as fotos do dia do resgate com algumas tiradas apenas 30 dias depois, não parecia ser o mesmo lobinho.

Mas é ele, aquele mesmo cisquinho que chegou encolhido, acreditando que, pra ele, a segunda chance não viria.

No final da quimioterapia, ele já estava assim.

Ficarão as cicatrizes nas orelhas, mas isso não vai mudar. Servirá como uma espécie de registro de tudo que ele passou. Ajudará aos seus futuros donos a nunca se esquecerem do tamanho da responsabilidade que assumiram.

Ele não é mais lobo ômega. Fez amigos e passa os dias brincando e correndo. O tratamento seguiu ainda por um tempo e ele continuava recebendo as aplicações a cada 2 dias. Mas quimioterapia para cães é bem tranquilo e não tem nenhum efeito colateral. Ele nem sente o tratamento, mas apenas os efeitos positivos dele.

Algum tempo depois do resgate, ele já era outro cãozinho. Não era mais aquele lobinho assustado, que corria de medo. Ele já tinha coragem de se impor. A autoestima estava bem resolvida e já se achava.

Ainda não pulava no colo de estranhos, e talvez nunca veja a ser assim. Mas queremos que ele seja capaz de pular no colo dos donos.

Que tenha amigos caninos em casa, pois ele é cãozinho de matilha.

Que possa dividir a vida com uma família, e fazer parte dela, com todos os privilégios que decorrem dessa amizade: dos petiscos na hora das refeições, até o cantinho quente no sofá nos dias frios.

As fotos abaixo foram feitas aproximadamente um ano após o resgate. Nessa época, ele já estava em franco crescimento, para os lados.

O resultado de tanta gulodice não poderia ser outro.

O Pudim foi adotado. Além de pais bem carinhosos e dispostos a transformar a vida dele, ele ganhou uma irmãzinha, tão pequenina quanto ele. As primeiras notícias contavam sobre medo, mas também sobre colo.

Nosso menino encontrou seu lugar e aqui ficaremos à espera das atualizações.

E, alguns dias depois, recebemos as fotos do menino, já totalmente adaptado e integrado à rotina de sua nova família:

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