A história começa com um gatinho de apenas 20 dias de vida, com miíase generalizada em todo o corpo, inclusive dentro dos olhos e nariz.

Ele foi jogado em uma lixeira, dentro de um saco plástico. A sorte é que alguém viu o sabo se mechendo e decidiu investigar, imaginando que pudesse ser uma grande ratazana.

Ao deparar com a cena, o desespero tomou conta. O filhote estava mesmo morrendo e não havia muito a fazer, senão assistir a partida dele, ou mesmo abreviá-la.

Ele foi levado ás pressas para uma clínica veterinária, onde recebeu os primeitos cuidados. Com pouco maisde 20 dias de vida, ele experimentou sua primeira anestesia.

Foi preciso anestesiá-lo para fazer apimpeza e remoção das larvas que o comiam vivo, embora vida fosse o que ele nem parecia ter mais.

Não era possível saber se ele sobreviveria. Aliás, tudo indicava que aquela luta não iria longe.

Mas uma semana se passou e o pequenino decidiu se agarrar à vida, com unhas finas e fortes. Então, ele teve alta médica e, naquele momento, passou a ser chamado de Vitório, um nome bem sugestivo.

Nos primeiros dias, ele passou a viver dentro de um cercado de feira, já que a casa onde ele foi acolhido é território de lobos. A recuperação era rápida e surpreendia a todos. Vitória ficava mais forte e saudável a cada dia.

 

Mais duas semanas depois da alta médica, ele recebeu uma visita inexperada. Uma gata adulta, mestiça de siamês, apareceu miando e parecia chamar por ele.

Claro que ele tinha parado na lata do lixo por mãos humanas, mas é possível que a própria mãe o tivesse abandonado. Tais atitudes nos parecem cruéis, mas na natureza é a forma que a mãe encontra para isolar um filhote doente e preservar a saúde do restante da ninhada.

Entretanto, se fosse assim, ela não voltaria para buscá-lo. E tudo indicava que ela tinha mais filhotes esperando por ela.

Ela estava vivendo em uma mata próxima, como uma legítima felina selvagem.

Teve início, então, uma luta pela captura da mãe, mas não antes de se descobrir se na mata havia uma toca com outros tigrinhos em crescimento.

E a resposta foi positiva. Havia mais 3 irmãozinhos do mesmo tamanho e com as mesmas características, escondidos dentro de um buraco, uma toca construída pela própria mãe. Mesmo sendo uma gatinha de colo, ela parecia ter buscado bem no fundo o restinho de instinto selvagem, necessário para manter vivos seus filhotes em ambiente tão hostil.

A captura aconteceu, mas os filhotes estavam assustados e arredios demais pra aceitar tão fácil o manejo. Um deles, bem pequeno, acabou escapando e fugindo pra mata, totalmente sozinho e indefeso.

Foram dois dias de busca intensa, até que se decidiu soltar novamente a mãe. Só ela poderia resgatar o filhote que ficou.

E assim, numa tarde bem quente, a pequena Gaya foi encontrada e resgatada, levada para onde estavam os irmãos.

A mãe seguiu outro caminho e foi direto para uma clínica veterinária, onde foi castrada e recebeu todos os cuidados de que precisava.

Uma mestiça de siamês nada tem de selvagem, mas o abandono fez dela uma gatinha medrosa e muito assustada.

A mãe não voltou a se encontrar com os filhotes, que àquela altura já não estavam mais mamando. Eles até que precisavam do leite por mais um tempo, mas a mãe não tinha mais leite e nem saúde pra cuidar deles.

Ela acabou sendo adotada por uma das pessoas envolvidas em seu resgate. Ainda está assustada e arredia, mas, dia a dia, começa a relembrar a gatinha de colo que deve ter sido um dia.

Os quatro irmãos seguiram em tratamento, com vermifugação, vacinação e exames.

Num primeiro momento, Vitório, ainda em recuperação, precisou ficar separado dos irmãos, mas tudo caminhava para um grande encontro.

Hoje estão recuperados, vermifugados e saudáveis. Ainda são um pouco assustados, mas nessa idade, um pouco de colo será suficiente a mostrar-lhes o caminho que devem seguir.

O Vitório tornou-se um dos mais belos tigrinhos que a natureza já produziu.

Há dois dias, ele ficou conhecendo outros dois tigrinhos, pouco mais velhos, e que, como ele, também buscam uma segunda chance.

Mônica e Cebolinha estavam vivendo em condições bem precárias, mas acabaram sendo convidados a dividir com o Vitório um quartinho improvisado.

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Os dois são sociáveis demais e estão ajudando na socialização do pequenino Vitório.

O garotinho tem uma mancha em um dos olhos que realçam ainda mais o azul de seus antepassados.

Embora ele seja um legítimo malhadinho, tem sangue siamês em suas veias. Sua mãe é mestiça e, em algum momento, deve ter sido estimada.

Dentre os outros filhotes, duas meninas muito bonitinhas. Uma delas, malhada de azul (cinza) e branco. Ela também tem os olhos azuis e expressivos, herança da mãe.

Ainda estão um pouco assustados, mas são novinhos demais pra ficarem ferais. É certo que com um pouquinho de paciência, eles vão aprender a ronronar no colo.

Shiva foi o nome escolhido para a mocinha cinza e branca, com expressivos olhos azuis.

Gaya é a outra menininha, quase gêmea do Vitório. Ela é a fugitiva que passou dois dias escondida na mata, sem a mãe.

É uma mocinha igualmente esperta e cheia de vida. Também está um pouco assustada, mas é certo que vai se render. É muito pequenina e delicada, perfeita pra dividir os cobertores e o travesseiro com os donos.

Por último, temos o Luidi, um garoto azul de corpo e alma. É o mais assustadinho da turma, mas já está também se rendendo.

Todos eles já comem ração seca e usam a caixinha de areia direitinho. Estão saudáveis e prontos pra começarem uma nova vida.

O tempo passou e todos os gatinhos ganharam uma segunda chance. Só não foi adotado. E Vitório também ganhou sua segunda chance, mas tornou-se o mascote felino do SPA Animal.

E-mail: lucinediafigueiredo@gmail.com

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