As histórias são antigas e as discussões polêmicas.

Com sete bilhões de pessoas e apenas um bilhão de cães sobre a Terra, cenas assim não precisariam ser vistas.

Contudo, a matemática não fecha. A relação entre abandonados/resgatados/adotados já foi bem mais desigual, mas ainda hoje, estamos longe do equilíbrio.

O equilíbrio que sonhamos é aquele em que teremos fila de adotantes. Os abrigos não terão animais pra doar, porque os receberão apenas pelo tempo necessário pra se recuperarem e seguirem para as novas famílias.

Tampouco nas ruas eles estarão, pois, além de não haver mais abandono, aqueles que acidentalmente caírem nas ruas, serão disputados e reconhecidos como anjos. Serão desejados, como sinal de boa sorte e privilégio recebê-los.

Virá o dia em que todos os homens serão protetores de animais.

Entretanto, até esse dia chegar, há muito por fazer e, pra reduzir o desequilíbrio, a vida tem métodos nem sempre justos.

Já dissemos em outras ocasiões que os acumuladores reduzem a oferta de animais para adoção, minimizando o impacto de um desequilíbrio tão covarde. Mas isso só vale quando há estrutura para proporcionar aos animais uma vida digna e equilibrada.

E como cuidar bem de 20 ou 30 animais? É humanamente impossível. Muitas vezes, onde sobra amor, falta outros gêneros de primeira necessidade.

Infelizmente, muitos estão em sofrimento e precisamos nos unir pra minimizar essa dor.

Ainda mais triste que ver o descontrole de pessoas que amam animais, é saber que elas são vítimas de outros protetores, que os resgatam também sem controle e os desovam em qualquer lugar, pouco se importando como vai ser.

A nossa “bola da vez”, a que chamaremos de “Um novo abrigo”, por falta de melhor definição, já foi um lar temporário solidário.

Os animais ali “abandonados” (por protetores) não foram castrados e nem doados. O resultado chegou a mais de 30 animais dentro de um apartamento pequeno, e uma guerra instaurada em um condomínio, provocando sofrimento intenso a todos os moradores, aos tutores e principalmente aos animais.

A família não tem recursos sequer para alimentá-los. A ração é jogada no chão e disputada por cães, como se fossem galinhas disputando milho. Os ossos aparentes são resultado da fome, já que os ômegas não comem.

A situação é extrema, mas não podemos entrar em detalhes. Sabemos da necessidade de sensibilizarmos, mas esperamos que as pessoas sejam capazes de entender as entrelinhas.

Não há água limpa, ração suficiente, remédios, vacinas e sequer vermífugo. Os humanos que vivem ali também não comem como deveriam.

Os animais choram todos os dias, de dor, não só da fome, mas também em razão das brigas entre os habitantes daquele território.

Só mesmo uma grande força tarefa pra minimizar os impactos. Outros grupos tentaram antes, mas ninguém conseguia sequer entrar no imóvel. Há alguns dias, algo mudou e as próprias tutoras dispararam o pedido de socorro pela rede.

Ao levantarmos as primeiras informações, descobrimos um grupo de 19 animais em grande sofrimento e morrendo de fome. Clinicamente eles estão muito bem, mas os ossos aparentes são o reflexo da fome, em sua mais pura forma.

Nenhum deles, nem mesmo os alfas, comem o suficiente. Poucos eram castrados e havia ali pelo menos duas fêmeas com suspeita de estarem prenhas.

Não havia nenhum filhote pequeno, o que significa que o ambiente atingiu um nível de insalubridade em que nenhum filhote nascido ali sobrevive além dos primeiros dias. (Lar temporário urgente para as futuras mãezinhas)

Fomos recebidos por cães dóceis e sociáveis, carentes, implorando por socorro. O olhar daquelas vidas foi dos mais angustiantes que já encontramos em casos semelhantes.

Soubemos que as tutoras já foram pessoas respeitadas na comunidade em que vivem. Tinham dois cães e passeavam com eles regularmente. Todos eram felizes e equilibrados.

Decidiram um dia oferecer lar temporário para uma fêmea prenha, mas o grupo responsável por aquele resgate simplesmente abandonou o animal ali, não dando qualquer assistência à família. Não ajudaram na doação dos filhotes, não castraram os adultos e deixaram que a vida seguisse seu curso.

O resultado foi o adoecimento das pessoas, o acúmulo e o sofrimento dos cães. Com o adoecimento, vieram outros resgates e, com eles, o caos.

Há uma fêmea pequena com a patinha quebrada e pendurada. É fratura antiga, mas estava claro que ninguém fez nada por ela, que se curou sozinha (Na verdade, não se curou, pois a perninha fica pendurada).

Na triagem inicial, as tutoras separaram sete animais que não serão doados. E não se discute em casos assim. A missão será focar nos 12 restantes e tirá-los de lá o mais rápido possível. Depois voltaremos a atenção para os 7 “escolhidos”.

O fato é que, pra ajudar estes cães, precisamos engordá-los, castrá-los, vaciná-los, vermífugá-los e, enfim, buscar pra eles um novo começo.

Precisamos com urgência de castração segura. São 6 machos inteiros e estes precisam ser castrados de imediato, pra evitar novas ninhadas.

Os filhotes que já estiverem a caminho serão bem recebidos. Lobinhos ainda em formação no útero da mãe também são lobinhos, não importa o tamanho ou a idade em que estejam. Se estão ali, serão bem vindos e nascerão amparados e protegidos. Precisam, entretanto, nascer fora dali.

Precisamos de adotantes, aos montes, mas também de lares temporários solidários.

Há muitos detalhes que não devem ser relatadas aqui, mas tentamos, através das lentes, registrar um pouco daquilo que não podemos escrever.

A primeira mocinha a se apresentar é chamada de “Rabo Inteiro”. É uma mestiça de Poodle de porte médio, já castrada e com idade em torno de uns 3 anos. Ela é dócil e carente, como todos ali.

Logo depois descobrimos um garoto, ainda filhote, dos últimos que nasceram ali. Ele tem aproximadamente um ano e não está castrado. Seu nome é Zezinho.

Ele é um vora-lata de pelo curto, em tons de marrom, caramelo e preto.

Com apenas um ano de vida, deveríamos encontrar um filhote alegre e brincalhão. Talvez até ele seja tudo isso, mas só saberemos se um dia ele deixar aquele lugar e puder se revelar.

Infelizmente, o que temos a mostrar, neste momento, é um cãozinho assustado, acuado, com medo, embora carente e sempre pronto a receber afagos.

Ali estão também 3 machinhos com idades entre 3 e 4 anos. Tudo indica que o mais velho é pai dos mais novos, pois eles são quase idênticos.

O primeiro, chamado pelas tutoras de “Atleticano”, é um machinho de 4 anos, de pelagem branca e preta, branca em todo o corpo e preto somente na face e nas orelhas.

Nemo, provavelmente filho do Atleticano, tem 3 anos e é também bem peludo e branco, com a cabeça negra como carvão.

Seu pelo é macio e bem longo, e, contra todas as expectativas, não estava embolado. Um anho de Pet Shop fará dele um lobinho de exposição.

Claro que falta banho e até uma tosa mais alta, mas isso alguns voluntários vão providenciar nos próximos dias.

Crespina é uma fêmea de um ano que também nasceu ali. Ela foi uma das que chegou e se aconchegou nas pernas dos visitantes. Pedia socorro com o olhar.

Ela está entre os mais carentes. Recebia os afagos com medo, como se não conhecesse aquela forma de carinho.

Piratinha tem em torno de um ano e também teria nascido ali, muito embora não houvesse nenhum outro cachorro que fosse sequer parecido com ele. Talvez seus genitores estivessem entre aqueles que não sobreviveram até que o resgate chegasse.

Ele é um mestiço de Dálmata, de porte médio. Como qualquer filhote, apesar do olhar assustado, ele demonstra estar pronto pra se render.

Pra ele só falta um lar seguro e donos receptivos. Um ambiente equilibrado pode realmente transformar vidas, ainda mais pra eles que não conhecem outra vida.

Eles nunca pisaram a terra. A sala do apartamento tem um buraco que ultrapassou o piso de madeira e chegou ao concreto. Eles cavam de estresse.

As janelas permanecem fechadas dia e noite, para que não pulem. Os gatos que ali viviam, e não eram poucos, se mataram, um a um, pulando pelas janelas e basculantes.

Mão de Luva também é uma mocinha de um ano, nascida ali. Ela é uma legítima estopinha, pretinha de peito branco e, claro, com as luvinhas brancas.

Ela também é uma filhotinha carente que implora pra ir embora. Se as janelas ficassem abertas, seria uma das primeiras a buscar a liberdade voando.

Estava assustada, como a maioria dos cães, mas aceitava os afagos com prazer. Ela precisa sair dali e esquecer a vida que conhece.

Salsichão é um macho já castrado, mestiço de Basset Hound. Não tem nada da raça, além do corpo comprido e parrudo.

Ele é bem baixinho, por causa das perninhas curtas, mas é um cachorro robusto, bem forte, e deve pesar uns 20 quilos.

Sua idade não é conhecida, mas os olhos indicam um mocinho bem jovem, quase filhote.

Também se mostrava assustado e medroso, mas dócil e carente, pronto pra se render.

Neguinho é o mais legítimo dos vira-latas, pretinho de pelo curto, com idade aproximada de um ano.

Coto Zilda é uma fêmea de 3 anos é uma das meninas com suspeita de estar prenha.

Seu pedido de socorro não era pra ela, mas para aqueles que ela traz no ventre. É certo que presenciou a morte de outras ninhadas e, por isso, sabe que ali seus filhos não vingam.

A fome sequer permitirá que ela tenha leite pra oferecer a eles.

Se nascerem ali, no lugar de “Bem vindos ao mundo meus filhos”, eles ouvirão: _Desculpem a mamãe. Eu não queria estar aqui.

Estamos em busca urgente de um cantinho arejado, quentinho e seguro pra eles nascerem. Dessa vez será diferente. Aqueles que a receberem terão todo o apoio do grupo, com a vacinação de todos, castração da mãe e doação dos filhotes e também da Zildinha.

Lola tem 4 anos e é provavelmente mãe de pelo menos dois malhados e peludos.

Ela é de porte médio, muito dócil, carinhosa e carente. Assustada no início, mas incapaz de morder ou sequer reclamar quando segurada.

Lola é mesmo um doce de cadelinha, muito carinhosa. Merecia donos que dividissem com ela a cama, ou pelo menos um cantinho no sofá. Ela parece ter nascido pra isso.

Por último, Netinho, um mestiço de Sheepdog de porte médio a grande. Dentre os peludos, ele era o único que estava muito embolado e precisando urgente de uma boa tosa.

Era também o mais assustado, embora igualmente dócil. Poucos ali são alfas, porque a força e a agressividade de subjugar não vem dos lobos.

O Netinho talvez seja o “saco de pancadas” do abrigo e a única solução é tirá-lo de lá, o mais rápido possível.

Eis a realidade que podemos mostrar. Precisamos de toda a ajuda possível: jornais, material de limpeza, cestas básicas, muita ração, vasilhas grandes, vacinas, vermífugo, castração segura e urgente e, o mais importante, adoções e lares temporários.

Eles serão entregues vacinados e castrados, ou com o compromisso de castração.

Infelizmente, as informações acima são as únicas que podemos dar no momento, mas afirmamos que o caso é grave, muito grave, e eles precisam sair dali com urgência. Estão em sofrimento e em risco.

Atualizando – 04 de novembro de 2018.

Dois meses e meio se passaram desde que iniciamos os trabalhos. Dos 21 animais que havia na casa, restam ainda 7, sendo que 5 deles continuam à espera de adoção.

Atualizando – Janeiro de 2019.

Caso finalizado. Deixamos as tutoras com 2 cadelinhas de porte pequeno, já castradas e vacinadas.

Ainda temos três animais sob nossa responsabilidade em lares temporários e precisamos doá-los com urgência. São eles: Luiz, Pirata e Manchinha.

Vanessa: (31) 9 9667.9135 / Eliana Malta: (31) 9 9956.6810.

E-mail: apaolamoura@hotmail.com / atendimentoverde@hotmail.com

 

Comentários / Mais informações sobre o anúncio devem ser obtidas com os anunciantes, no telefone ou e-mail indicados acima.