Meu nome é Alice. Sou uma corça com apenas algumas semanas de vida e fui encontrada no quintal de uma casa, mas eu não cheguei ali sozinha.

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Na minha idade, eu deveria estar deitada na caminha feita pela minha mamãe, lá no meio do mato, onde é o nosso lugar. Eu não andaria grandes distâncias e nem invadiria o território dos homens.

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Ainda tenho medo de contar o que aconteceu: Eu ouvi um barulho muito alto e vi minha mamãe caída.

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Tinha sangue e ela não abria os olhos. Ela estava dormindo, e senti que era para sempre. Os homens que fizeram minha mamãe dormir me pegaram e me levaram para muito longe de casa.

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Alguém me encontrou e avisou à polícia ambiental, que me levou para o Centro de Conservação da Fauna, onde agora cuidam de mim.

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Estou um pouco perdida sem saber o que vai ser da minha vida. Disseram que, para eu voltar à natureza, precisaria aprender coisas que só a minha mamãe saberia ensinar.

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Já deu pra ver que eu preciso muito da minha mãe, né? Então, sempre que posso pergunto para as pessoas onde ela está, e se eu posso ir vê-la, mas não me respondem. Não entendem meus sinais.

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Nos primeiros dias, eu tinha muito medo e vivia escondida e encolhida. Mesmo com poucos dias de vida, descobri que alguns homens são predadores, matam apenas por prazer.

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Não há um sentido, ou algo que explique ou justifique atos tão cruéis.

Até as suçuaranas são mais confiáveis e previsíveis.

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Eu passei muitos dias tentando descobrir onde estava. Não via verde, apenas concreto, piso duro e animais em tratamento nos viveiros e gaiolas.

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Eu não queria que fosse assim.

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Minha história não terá o final feliz que eu merecia, mas sei que apesar de todo o sofrimento que passei, viverei bem e espero que ela sirva para melhorar um pouquinho este Planeta, que também é meu.

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Vou contar uma coisa que as pessoas ainda não conseguiram entender.

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Cada espécie que vive na terra tem no coração um espírito em evolução, cada um em um diferente estágio. As habilidades e características de cada espécie suprem a necessidade evolutiva daquele momento.

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Então, se eu nasci como uma veadinha de vida solitária, é porque assim eu preciso viver por algum tempo. Neste momento, eu preciso das experiências que só a minha espécie pode proporcionar.

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Se me tiram da minha casa e transformam a minha vida, me tiram o direito de aprender e evoluir.

Um dia meu espírito estará pronto pra conviver com os humanos. Mas este não é o meu momento. Agora eu preciso ser corça, preciso ser livre.

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Preciso viver sozinha, encontrar sozinha o alimento e a água, me esconder de predadores e desenvolver as habilidades da minha espécie.

Estou triste agora. Pelo que já entendi, terei que adiar tudo isso. Talvez tenha que esperar uma outra vida.

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Sei que tenho aqui amigos que fazem de tudo para me salvar, mas pra mim, talvez fosse melhor ir me encontrar com minha mamãe, tentar apagar o que fizeram conosco e começar de novo.

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Seria tão importante para o Planeta se as pessoas entendessem isso!

Pássaros em gaiolas, peixes em aquários, cobras e lagartos em terrários ou animais em zoológicos. Tudo isso é crueldade. Não é justo conosco.

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Destruíram a minha vida e levaram também a vida da minha mamãe. Nossa espécie está a caminho da extinção, por causa da caça e da destruição de nosso habitat.

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Cada espécie extinta é um canal que se fecha nas possibilidades de evolução. Não existimos por acaso e não somos descartáveis. Somos todos parte importante no caminho evolutivo do nosso Planeta.

Entretanto, grande parte da humanidade ainda acredita que existem espécies úteis e outras completamente inúteis, concluindo que, entre as espécies úteis, os humanos são mais úteis que as demais.

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Não há muito tempo para que os humanos aprendam essas coisas. O tempo aqui, para aqueles que não entenderem, está chegando ao fim.

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E que não se iludam. As pessoas precisam entender que animais silvestres não criam vínculos afetivos com os homens. O vínculo, quando surge, é quase sempre de dependência e submissão.

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Sei que o pessoal do Centro de Conservação da Fauna está se esforçando. Eles fazem tudo por mim e sonham um dia poderem me devolver à natureza.

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Eu aceitei a amizade da tia Bárbara, mas todos aqui sabem que isso não é bom pra mim.

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Ela é bióloga, conhece as minhas necessidades e se esforça muito para fazer o melhor que pode por mim.

Mas não tem leitinho e nem o cheirinho da minha mamãe.

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A mamadeira é bem gostosa, mas muito longe do que eu teria se ainda estivesse no mato, com a minha mãe.

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Às vezes tenho vontade de correr e fugir, mas sei que não posso. Vivo sem liberdade, por culpa da covardia de pessoas que ainda não entenderam que a vida não distribuirá muitas segundas chances.

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O mundo está mudando rápido demais. Ou os homens aprendem de vez e fazem por merecer a vida em um mundo regenerado, ou que o abandonem e o deixem para quem merece viver num planeta onde todos os serem tenham direito à vida livre.

E que não voltem. Um dia, todas as espécies conviverão em paz, em harmonia, sem presas e predadores. E nesse novo mundo, não tem lugar para gente má.

Sigo tentando e vivendo, da melhor forma possível. Aqui eu conheci a minha amiguinha Minie. Ela deveria ser uma coelhinha silvestre, mas as manipulações humanas a transformaram em um animal usado como cobaia, ou mesmo para consumo.

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A Minie também tem uma história triste. Ela foi comprada para ser um brinquedo de estimação, mas sofreu um grave acidente e teve uma perninha destruída.

Seus donos a levaram para a clínica mas, diante das expectativas dos gastos, colocaram na balança o valor que pagaram por ela e decidiram que não a queriam mais.

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As pessoas não sabem, mas coelhos têm hábitos noturnos e sofrem muito quando são mantidos confinados. Eles precisam de espaço, de mato, de terra. Gostam muito de cavar túneis.

Mais que gostar, eles precisam disso. Essas são as habilidades da espécie, que precisam ser estimuladas, e não sufocadas.

Também são solitários, mas não tanto quanto os veados. A Minie será adotada em breve, por alguém que a receberá com carinho e lhe dará um jardim para viver.

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Quando a Minie se for, sentirei saudade. Não poderei ir com ela. Estarei condenada a uma tentativa, em uma fazenda que chamam de santuário, e que apenas amenizará um pouco a minha dor. Talvez eu seja feliz, talvez eu tenha vida longa, mas não viverei as experiências para as quais nasci, e que são tão importantes da evolução do meu espírito.

Na natureza, a minha mãe me ensinaria a me manter longe dos humanos.

Mas aqui, estou aprendendo exatamente o contrário. Por isso, minhas chances de voltar à natureza são mínimas.

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É muito difícil encontrar o ponto exato. Eu preciso me manter selvagem, mas ao mesmo tempo, preciso de cuidados como os de uma mãe. Então, como dosar essa proximidade?

Se algum dia eu voltar para a natureza, talvez não tenha vida longa. Não terei a força e as habilidades para fugir e me esconder.

Seria inocente o bastante para me aproximar mais do que deveria de pessoas e de animais que poderão me matar.

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A tia Bárbara vai sentir saudade, eu sei, mas a vida saberá conduzir, para que minha existência não esteja perdida.

De alguma forma, tudo vai dar certo, mesmo que este certo seja eu ir me encontrar com a minha mamãe. E se eu for, saibam todos que estarei feliz, cumprindo e aceitando o destino que me coube.

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Caçadores são pessoas más. Eles não mereciam viver aqui. Precisam ser denunciados e presos.

Essas pessoas são culpadas por histórias como a minha, e que se repetem todos os dias, longe do alcance da polícia.

Se as pessoas não se conscientizarem de que precisam denunciar, essas pessoas vão continuar matando.

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Continuo na insistência de encontrar leitinho na tia. Ela não reclama, e até gosta.

Mas pra mim, é muito triste lembrar da minha mãe. Eu tento encontrá-la em todos os lugares, mesmo sabendo que não voltarei a vê-la.

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Por falar em leitinho, esse que eu tomo é especial e custa muito caro. Os meus tios não conseguem comprar tudo que eu preciso e, por isso, vou precisar de madrinhas e padrinhos que queiram me ajudar.

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Cada lata de leite custa R$ 70,00 e, por isso, aqueles que puderem me ajudar com uma caixinha, serão meus padrinhos e ganharão 7 adesivos de 7 modelos diferentes, como este abaixo, com a minha foto.

Um adesivo separadamente também está sendo vendido por R$ 10,00. Quem quiser fazer o pedido do adesivo por telefone, poderá combinar tudo pelo WhatsApp (31 – 9 8725.1534) e receberá o adesivo pelo correio, com o acréscimo da taxa de postagem.

CCF adesivo 6

Para levarem o meu leitinho, ou comprarem o adesivo, podem ir até o Hospital Veterinário Animal Center, na Avenida Portugal, nº 3871, Bairro Itapuã, em Belo Horizonte, Fone: (31) 3492.9321, que é o principal parceiro dos amigos do CCF.

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Para quem quiser fazer o crédito direto na conta, ou mesmo para doações de valores menores, seguem os dados bancários.

Clínica Veterinária e Pet Shop Animal Center Ltda – ME – CNPJ 08.664.905/0001-78.

Banco Itaú (341). Agência 3179-5 / Conta Corrente: 27.221-0.

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Quem quiser conhecer mais sobre o CCF (Centro de Conservação da Fauna), acesse o site abaixo e veja quantos bichinhos eles ajudam.

http://www.centrodeconservacaodafauna.com/

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Mas tem uma coisa muito importante: Se vocês forem lá levar o meu leitinho, por favor, não peçam para me conhecer.

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Eu não quero ser exposta como se estivesse em um zoológico. Além do mais, as minhas chances serão maiores, quanto menos contato eu tiver com humanos.

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Então, é importante que todos entendam isso e não insistam. Talvez aí esteja o verdadeiro significado de altruísmo: ser capaz de ajudar a uma criatura, sem nem mesmo conhecê-la.

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Eu sou uma filhotinha cheia de vida e quero continuar assim. E não só eu preciso de ajuda. Os amigos do Centro de Conservação da Fauna precisam muito de parceiros e padrinhos, para ajudarem outros amiguinhos silvestres que chegam por aqui.

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Aqui tem macaquinhos, muitos pássaros, lagartos, tartarugas e todo tipo de bichinho que foi tirado da própria casa por mãos covardes.

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Somos tratados aqui com muito carinho e cuidado. Apesar disso, não é o que merecemos. Seria muito bom se lugares assim não precisassem existir. Se as pessoas entendessem e respeitassem todas as formas de vida, a minha mamãe ainda estaria viva, cuidando de mim, lá no mato, onde é o nosso lugar.

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A tia Bárbara gosta muito de mim, mas ela fica triste sempre que está comigo. Ela talvez saiba coisas que eu ainda não sei, pois muitos outros antes de mim já receberam os cuidados dela.

Ela entende o tamanho da covardia que fizeram comigo. E não dá pra ficar feliz com histórias tão tristes.

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Eu sei que vou sobreviver, mas não serei plenamente feliz. Talvez encontre outros de minha espécie, em algum santuário por aí. Afinal, eu não sou a única vítima dos caçadores e traficantes. Essas maldades continuam acontecendo, todos os dias.

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Na minha nova vida, mesmo com todo o esforço da equipe que cuida de mim, faltará liberdade. Não poderei desenvolver todas as habilidades da minha espécie, não aprenderei os segredos da vida livre.

Mas a vida, às vezes, precisa ser assim: Façamos o melhor com o que nos for dado. E é o que me resta fazer agora.

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A companhia da Minie tem sido importante pra mim, mas a minha amiguinha em breve deixará a Clínica. Ela foi adotada e logo terá uma casa só dela, com direito a jardins e muita graminha gostosa.

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Eu vou sentir saudade. Aprendi a gostar dessa branquinha.

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Minie é uma coelhinha bem festeira, que não dá sossego nem na hora do meu lanchinho.

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Ela não entende que só eu tenho direito ao leitinho. Eu não como as cenouras dela, e nem fico beliscando suas canelas enquanto ela come.

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Sabem de uma coisa? Essa coelhinha é bem atrevida.

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Eu estou crescendo rápido. Já começo a acostumar com a vida aqui. Sei que não terei a vida plena que mereço, mas conseguirei superar as limitações a mim impostas, tentarei viver feliz e espero que a minha história sirva para ajudar que outras vidas não se percam.

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Que eu seja a última da minha espécie a ficar órfã de forma tão covarde, e que nenhum outro animal seja escravizado.

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Enquanto a minha liberdade não chega, vou ficando por aqui, aproveitando a minha madrinha. Já estou começando a gostar disso.

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No vídeo abaixo, um momento de ternura, da Alice mamando.

Veado-catingueiro (Mazama gouazoubira)
É um cervídeo de vida solitária, que busca um parceiro apenas para reprodução. É encontrado em quase toda a América do Sul.

Quando adultos, medem mais de um metro e podem chegar aos 20 quilos. Vivem em florestas abertas, bordas de mata e cerrados, sendo encontrados também em ecossistemas plantados, como canaviais e florestas de eucaliptos e pinheiros.

Alimentam-se de brotos e gramíneas. Possuem coloração marrom ou acinzentada e mancha clara sobre os olhos. A gestação do veado-catingueiro dura até sete meses e nasce apenas um filhote.

A perda do habitat e a caça são os fatores que colocaram a espécie na lista daquelas ameaçadas de extinção.

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Abaixo, outros animais acolhidos e em tratamento no Centro de Conservação da Fauna.

http://www.centrodeconservacaodafauna.com/

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Conheça o trabalho do Centro de Conservação da Fauna e apoie essa ideia. Nas fotos abaixo, o atendimento e a completa recuperação da Jaqueline.

Ao final, já recuperada, em companhia de sua amiga Gisele. Ambas esperando o momento de voltarem para a natureza.

Jaqueline CCF 2

Jaqueline CCF 1

“Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem.

Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais. ”

Victor Hugo

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