Certa vez, tentávamos ajudar alguns animais condenados à morte. Eles haviam sido despejados em um cemitério de mortos vivos. Ali eles chegavam e ficavam por apenas alguns poucos dias, porque a morte chegava rápido demais.
Em uma de nossas visitas, esvaziamos o canil dos filhotes. Dezesseis deixaram o inferno, com destino a uma nova vida, ou melhor, com destino a uma luz no fim do túnel.
Descobrimos depois que o túnel era comprido demais. Poucos chegariam ao final.
De alguns deles, ficaram as lembranças, de lobinhos que não tiveram a chance de cumprir a missão para a qual vieram ao mundo: de nos fazer melhores.
Dentre aqueles filhotes, uma lobinha estava predestinada a sobreviver.
Andressa era o nome dela, uma menina de pelo médio, parecida com uma pastorazinha, mas pequena.
O tratamento foi longo e a luta pela vida muito doída. No entanto, contra todas as expectativas, a pequenina Andressa sobreviveu, mas o que a vida lhe reservou não foi o final feliz que esperávamos, pelo menos nos primeiros meses de vida.
Foram duas adoções. Na primeira, devolvida poucas semanas depois, com a desculpa de que… Na verdade, a adotante não era muito equilibrada e não deu muitas explicações. Como não temos habilidade para diagnósticos psiquiátricos, deixamo-nos enganar.
A segunda adoção durou um pouco mais: um ano, talvez. Os meses passaram e estava de volta nossa não tão pequena Andressa, devolvida adulta.
Aquela lobinha que um dia partiu, levando na mala a esperança de ser estimada, de criar vínculos afetivos para a vida toda, voltou da mesma forma como partiu: com uma patinha na frente e outra atrás.
Parece que não deixou saudade e também não trouxe nenhuma lembrança que valesse a pena conservar.
Apesar de tudo, ela voltou mais feliz do que no dia daquele resgate. Mas isso não conta, porque naquela ocasião, ela estava morrendo.
Tínhamos então para doar é uma menina de um ano e meio, pelo médio, pretinha, porte médio e com saúde em dia. Não crescerá mais. Apesar de tudo, ela ainda era alegre, brincalhona e muito esperta.
Adorava companhia, muito dócil e sociável com outros cães e até com gatos. Isso faria a diferença na vida dela, embora ainda não soubéssemos.
E aí o destino resolve dar uma forcinha. Aiandra e Thayrisson estavam à procura de um amigo lobo para aumentar a família que haviam acabado de constituir. Estiveram no lar temporário onde a Andressa estava e lá conheceram vários cãezinhos.
Deixaram-se escolher. E foi a Andressa quem se aproximou e lhes pediu amizade. Então, uma vez escolhidos, era hora de preparar a casa pra receber a menina. E que recepção foi aquela!
O pai estava no trabalho, mas ligando várias vezes ao dia pra saber se sua filha já tinha chegado. Por sorte, no lugar dele, ali estava um garoto bem especial para receber a menina. Wendel é sobrinho, mas está sempre por ali.
A Andressa terá um irmãozinho humano, mesmo que postiço. O Wendel também gosta de cachorro e tem em casa um amigo peludo. A vida naquela casa não será tão sossegada quando imaginávamos, mas para a Andressa, tudo é festa.
Depois que nos despedimos, até selfie eles fizeram pra nos mandar, contando que estava tudo bem.
O dia foi de festa, mas algo estava pra acontecer. Com a Aiandra e o Wendel, foi só chamego. E se tudo está bom, sempre pode melhorar. Com a chegada do Thayrisson, a Andressa foi passear e, depois, descansar em cima da cama.
Oh vidinha mais ou menos!
E as novidades não terminaram. Naquele mesmo dia, um gatinho preto que um dia apareceu por lá e depois partiu, decidiu voltar, como se dissesse: _Ei. Eu achei essa família primeiro. Vim tomar conta do que é meu.
Um resgate de lucinediafigueiredo@gmail.com
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