A foto em destaque é uma montagem, mas não são dois pássaros. São duas faces de um mesmo passarinho.
O nome dele é Bituco, um bico-de-lacre solitário em meio a uma multidão.
A espécie é bem pequenina e vive em grandes bandos, em áreas de pasto e de vegetação baixa, com abundância de sementes. Reproduzem-se bem nos arredores das cidades e já são muito vistos em grandes cidades.
Infelizmente, o Bituco chegou sozinho ao nosso território. Na verdade, acompanhado de outras 240 aves, mas nenhuma de sua espécie.
Aquelas amizades não lhe serviriam pra muita coisa. Na verdade, não eram amigos, mas apenas companheiros de tragédia.
Todos eles foram apreendidos com traficantes de animais silvestres, ou com pessoas que insistem em escravisar vidas.
Tudo indica que o Bituco viveu tempo demais engaiolado e sozinho. O tamanho de suas unhas era um sinal muito claro que de que o tempo de cativeiro lhe destruiu a vida.
Mas a liberdade é sempre bem vinda, ainda que chegue tarde. Esta volta à natureza fará deles animais livres e, ainda que não tenham vida longa, ainda que não encontrem o par perfeito e não se reproduzam, alguns minutos de liberdade bastam para que eles se sintam livres e recuperem a capacidade de retomar o caminho evolutivo para o qual vieram ao mundo.
Muitos dos animais reintroduzidos perderão a vida em poucos dias, mas, mais importante que ter onde viver, é ter pra onde voltar.
O Bituco chegou por aqui e, em apenas 3 ou 4 dias, já estava voando. A plantação de sementes no interior do viveiro deu a ele a liberdade de que precisava.
Ao sair, poderá contar com protetores invisíveis que farão com que ele cruze a rota de um bando nativo. As chances dele se reintegrar são grandes.
Além de colher as sementes diretamente na fonte, ele aprendeu também a beber nas fontes de água corrente.
Flagramos o garoto escondido no mato alto para chegar à fonte de água. A dificuldade que tivemos de conseguir boas fotos era também um sinal muito positivo.
Por algum motivo, que não é difícil imaginar, ele evita a aproximação humana. Mantem-se distante e foge diante de qualquer tentativa de aproximação.
Isso nos indica que o Bituco tem ótimas chances. Precisa apenas encontrar sua turma, pra deixar de vez pra traz a solidão e esquecer a escravidão.
E ele parecia aflito. Na véspera da soltura, flagramos o menino agarrado às telas, como se procurasse a saída.
Talvez a forma de nos mostrar que já estava pronto, e que queria a liberdade.
E assim partiu nosso mascotinho, rumo ao desconhecido. É certo que instintivamente ele buscará áreas mais baixas, onde encontrará outros de sua espécie.
Não voltaremos a vê-lo, não poderemos visita-lo pra saber se está bem.
Mas reintrodução é isso. Depois da liberdade, eles estão por sua conta e risco e só nos resta pedir aos protetores que agem no outro plano, que guiem essas asinhas, pelo menos até que elas encontrem amigos de verdade.
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