Bob e Paulinha chegaram ao santuário pelas mãos de biólogos e fiscais do IEF e Ibama. Junto com eles, outras 150 aves, todas apreendidas do tráfico ou de criadores ilegais.
Eles estavam muito estressados, assustados e claramente debilitados. Pássaros são animais muito frágeis. Se 150 aves chegaram ao santuário em condições de serem reintroduzidas, é certo que pelo menos 15.000 perderam a vida nas mãos dos traficantes.
Aos poucos, eles começaram a esticar as asas, ensaiar alguns vôos e até algumas paqueras. O ambiente que lhes foi preparado para a aclimatação oferecia conforto e espaço.
O prazo para soltura seria de apenas 15 dias. Mas, com uma semana, eles já estavam tão a vontade que nem parecia que um dia estiveram presos.
Dos 58 canários da terra, dois deles se destacavam. Bob e Paulinha, apenas 10 dias após a chegada, já faziam planos para o futuro. Apossaram-se de um ninho de bambu que havia sido colocado no viveiro, muito mais como objeto de decoração do que propriamente para servir de casa.
Afinal, ninguém imaginava que a adaptaçao fosse tão rápida e que um acasalameto viesse a acontecer em apenas 15 dias.
Os quinze dias de aclimatação passaram muito rápido.
Enfim, a liberdade. Enquanto a maioria dos pássaros tenha deixado o viveiro sem nem mesmo olhar pra trás, Bob e Paulinha continuaram por ali, indo e voltando.
Passaram a se alimentar, ora nos comedouros externos, ora na plantação de sementes que estava dentro do viveiro. A construção do ninho não foi abandonada. Eles passaram a buscar o raminho do lado de fora, onde passaram a maior parte do tempo, mas voltavam pra preparar o mais aconchegante quarto que pudessem para os pequenos que estavam por vir.
O acasalamento aconteceu ainda durante o período de aclimatação. Com a liberdade na ponta das asas, e com um grande território a conquistar, Bob logo cuidou de demonstrar aos nativos que aquela área tinha um rei.
Afinal, a Paulinha era um espetáculo e provocou alvoroço na região.
A construção do ninho avançava. Bob até que ajudava, mas o trabalho pesado era mesmo da Paulinha. Quando o assunto é decoração da casa, machos não têm mesmo que dar muito palpite.
Nada podia ser melhor que ver o céu, as árvores e o terreiro coloridos de amarelo.
Algumas semanas se passaram. O ninho velado pelo Bob indicava período de incubação. A algazarra do casal anunciava o nascimento. As idas e vindas dos pais com petiscos confirmavam que tudo caminhava bem.
Até que, em uma manhã, deixaram o ninho, Sá e Guarabira, pardos como todo filhote de canário, com o rabinho curto, mas usando as asas como qualquer pássaro nascido em liberdade.
Quem os alimentava era o Bob.
Os pequenos estavam fortes e saudáveis. Ficaram por ali, dentro do viveiro, muito embora o mundo os convidasse a sair.
Talvez soubessem que a liberdade não seria mais roubada. Não tinham pressa e poderiam ali reforçar as asas.
E a Paulinha, apesar de todos os apelos que fizemos, espalhando ninhos no entorno, resolveu que preferia continuar ali. Os pequenos mal deixaram as fraldas e ela já preparava os aposentos para a próxima geação.
Vez ou outra, quando o Bob resolvia sair pra esticar as asas, os pequenos ficavam por ali, reivindicando da mãe a atenção devida. E como sabem reivindicar!
Na natureza, os animais adultos aprendem que precisam cuidar de si mesmos. A Paulinha se alimentava como se nem ouvisse os apelos do pequeno.
Ele já estava grandinho e podia comer sozinho. Se quisesse papinha na boca, teria que esperar. Pode piar o quanto quiser.
Depois, com a fome saciada, era o momento de dar um pouco de atenção ao mocinho.
E pra não pensarmos que só a Paulinha cuidava do ninho, o Bob nos mostrou que também ajuda.
Em breve, mais uma geração de canários, nascidos em liberdade e filhos de aves reintroduzidas, estarão habitando aquele território.
Se a vida nos permitir, vamos acompanhar cada nascimento. Que nossas histórias tenham força pra despertar e sensibilizar. Que as pessoas entendam que gaiolas não instrumentos de tortura e não de decoração.
A vida segue no santuário.
Sabiás e Trinca Ferros são os reis das frutíferas.
Os coleiros e cabeças pretas também estão se reproduzindo. Mas estes já constroem seus ninhos nas árvores.
Se não pudermos transformar o mundo inteiro, que sejamos capazes de transformar o pedaço que nos for confiado.
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Cada espécie viva tem seu momento evolutivo. Suas características físicas, habilidades, hábitos alimentares ou costumes são inerentes às necessidades evolutivas do espírito que lhe habita.
Os animais não têm dívidas cármicas, não têm livre arbítrio e nem têm o que aprender com a dor e o sofrimento.
Aprisionar um animal, condenando-o à escravidão por décadas, é retirar dele a chance de cumprir a etapa evolutiva para a qual veio ao mundo. É retardar a evolução do Planeta como um todo.
E, neste caso, não faz diferença se o animal é ou não “legalizado”.
A crueldade é a mesma.
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