Esta é a Branquinha, uma loba de vida livre. Ela fazia parte de um bando muito conhecido que viveu na região do Bairro Alípio de Melo: Chicona, Pretinha, Lourinho, Lourinho Piquititim, Raj e mais uma galera aí.

Chicona, a eterna fêmea alfa, nunca permitiu a aproximação humana, nem mesmo da protetora que os alimentava. Viveu por 7 anos e nunca se deixou capturar, nem mesmo para a castração.

Precisou ser atropelada e ter a coluna partida em duas, pra que fosse finalmente capturada. Infelizmente, não sobreviveu.

Pretinha também não está mais entre nós, mas chegou a ter uma vida de princesa nos últimos meses de vida. Raj foi adotado, Lourinho, hoje chamado Louquinho, também encontrou o paraíso. Lourinho Piquititim ainda espera por uma adoção que nunca chega.

Daquela turma, a Branquinha continuou nas ruas. Ela é castrada, recebe alimentação de qualidade todos os dias (embora também coma lixo) e vacinas regulares todos os anos. Também faz exames regulares e está negativa para leishmaniose, com exame recente. Já poderia estar tendo uma vida feliz, como seus companheiros de matilha, mas nunca encontrou quem a aceitasse.

Cães de vida livre costumam ter vida curta. Mas a Branquinha é diferente. Ela vive nas ruas há mais de 8 anos e sempre se virou muito bem. Quando adoecia, alguém pegava e a internava em uma clínica, onde se recuperava e depois voltava para a vida livre. Algumas vezes foi tentada a adoção, mas ela nunca teve pretendentes. A seu modo, foi feliz.

Mas a idade chegou e arrancou dela a força e a capacidade de viver livre. Chega uma hora que não dá mais. E a hora dela chegou, ou para ser adotada, ou para terminar sua história. Nas ruas, ela não irá longe.

O brilho de seus olhos se apagaram. Ela estava novamente doente. Desta vez, a sarna veio mais forte, estava ferida e muito triste.

Precisava de casa, de teto, de cama seca e quente, de banhos regulares, de cuidados, de atenção e carinho humanos. Nunca é tarde pra um lobo aprender que viver entre homens pode ser bom. Nesses mais de oito anos, ela ganhou muito carinho e alguns chutes. Levou também algumas pedradas, mas nada que lhe tenha ferido gravemente.

Já não tem mais dentes e não consegue mais comer o que cães de vida livre comem. Não late mais como antes e dá sinais de que seu tempo aqui está chegando ao fim. Foi encontrada há alguns dias em um lote vago, dentro de um buraco escavado por ela própria, coisa que ela sabe fazer muito bem. A terra úmida e fria aliviava um pouco a coceira que a sarna causava.

Foi novamente resgatada, é claro, e encamihada a uma clínica, onde foi tratada. Já não resiste mais às grades do canil, como se fizesse questão de mostrar para as pessoas que pra ela já deu, que não quer mais viver nas ruas. Ela precisa de sossego e descanso.

O anjo que esperávamos chegou e seu nome é Cecília.

A Branquinha tem hoje uma vida de raínha, a vida que ela sempre mereceu. Não tem mais muito tempo. Já viveu muito e o estrago que a vida lhe fez não a deixará ter vida muito mais longa do que já teve. Mas ela vai experimentar uma realidade que jamais imaginou que pudesse existir.

Está feliz e voltou a brincar, apesar da idade. Além de donos dedicados e que a adotaram com o único propósito de dar a ela um final digno, ela tem também companheirinhos caninos, com os quais brinca muito correndo pelo gramado da casa. O espaço é grande e repleto de jardins, ideal para uma lobinha como ela.

Em breve, postaremos aqui as fotos prometidas pela Cecília.

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