Quando publicamos, não era um anúncio de adoção. Era um pedido de socorro. Se não desse, seria mais uma que não pôde ser salva. Queríamos encontrar as palavras certas, com força pra provocar as mudanças tão sonhadas, mas com a cautela e a transparência que o caso exigia.

Eu quero viver. Esta é a mensagem desses olhos. Pelo menos, foi a mensagem que suas protetoras quiseram receber.

Poderia ser também: __Não aguento mais, prefiro começar de novo, em outra vida. Quem sabe, quando eu voltar, venha a merecer uma família de verdade?

Quisera tivéssemos a capacidade de entender a vida e acertar sempre!

Os cães vieram ao mundo pra nos ensinar e ajudar em nossa evolução. Alguns vieram pra provar que isso é verdade.

A história é a seguinte. A Cessi foi encontrada sem conseguir andar. Estava paralítica. Não conseguia mover as pernas traseiras. Sentia dores quando tocada mas, com jeito e a ajuda de medicamentos, jé era possível manuseá-la sem que ela reclamasse muito. Apesar disso, alguns veterinários chegaram a recomendar a eutanásia.

Mas suas protetoras decidiram tentar mais um pouco e ouvir outras opiniões. Benditas sejam as outras opiniões!

Há esperanças de reversão no caso, com fisioterapia, que poderá recuperar a massa muscular dos membros posteriores. Com isso, ela poderá voltar a andar, talvez com alguma dificuldade, mas poderá andar e até correr, se tiver uma chance.

O diagnóstico é conhecido: CINOMOSE.

A paralisia era sequela da Cinomose mas, segundo os médicos, reversível. Infelizmente, nenhuma clínica recebe um animal com Cinomose.

Pra ter uma chance de vida, a Cessi precisava apenas de um lar temporário, para que ela tivesse uma chance de se recuperar. Alguém que não tivesse outros cães, ou dispusesse de um lugar isolado para recebê-la.

Se não surgisse este lar temporário, ela não teria a chance de tentar. Talvez aí, para o conforto dos protetores envolvidos no caso, possa seu olhar ser interpretado de forma diferente, como um…

Melhor não prosseguir. Nenhum lobo pediria pra morrer. Essas escolhas são nossas e não deles. Eles seguem apenas o instinto, para o qual a vida é a maior dádiva.

Concluindo, este era o quadro. Ou ela encontrava um lar temporário para que pudesse concluir o tratamento, que poderia durar de 30 a 60 dias, ou terminaria sua história de uma forma que não gostaríamos de contar.

O lar temporário não veio, ou melhor, veio em dupla. Isto porque Luciana e Regina, as duas protetoras que a salvaram, decidiram assumi-la. Dias na casa de uma, dias na casa da outra.

O tratamento seguiu com fisioterapia, acupuntura e uma infinidade de outros cuidados. O que ela mais gostava era a companhia de pessoas. Prestava atenção em tudo e adorava explorar os lugares.

Enfim, o apelo que havia em seus olhos foi ouvido.

Cessi 1

As notícias que recebemos recentemente falam de uma coisinha rabugenta, que se tornou a queridinha da casa, pela força e exemplo que transmitiu.

Ainda luta muito com as convulsões: essa sequela da cinomose não foi vencida. São convulsões assustadoras, mas sempre volta pra vida.

Anda um pouco diferente dos cãezinhos. Nos passeios pela rua, seu caminhar cambaleante chama a atenção e desperta curiosidade nas pessoas. Algumas até param pra perguntar.

Está gorduchinha e precisando de um regime. Mas parece ter alguma programação ali que a faz pensar que a vida é um manjar. Só pensa em comer.

Se a Cessi é feliz?

Cessi 2

Abaixo, um vídeo da menina e de seu andar cambaleante, que só contribui pra ensinar às pessoas que lutar pela vida vale muito. Desistir é pra sempre.

Um resgate de Regina Lopez: regis.lopez@yahoo.com.br

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