Acho que cabe contar, agora, um pouco da história do Chico.
A minha lida tem sido com Chico, um cachorro que adotei há um ano e um mês, quando ele ainda estava com seus 4 meses de idade.
A minha vivência nessa área é, ainda, um tanto incipiente, devido ao fato de, antes do Chico, eu somente ter convivido com cachorros na minha infância.
E foi um contato bem diferente de hoje: naquela época, cachorro, para mim, era uma espécie de brinquedo com sentimentos, mas não muito mais do que isso, pois, criança, eu não considerava ter nenhuma responsabilidade sobre aquele ser.
Passados muitos anos, um belo dia, um filhote passou a procurar abrigo na garagem do prédio onde moro.
Durante quase uma semana, ele ficou por ali, assustado com as pessoas e os carros, nitidamente sem experiência com a rua e, provavelmente, passando fome, embora estivesse com uma aparência saudável.
Era inverno, estava muito frio e, preocupados com a situação daquele bichinho, demos água e ração a ele e estávamos decididos a preparar uma caminha provisória na garagem, proporcionando alguma condição para ele poder se proteger do frio.
Ele bebeu MUITA água e comeu com um apetite que confirmou que estava em apuros.
Quando voltei pro meu apartamento para buscar mais um pouco de ração, ele me seguiu e, embora ainda com muito medo, subiu a escada e entrou na minha sala.
E lá, na minha casa, ele ficou, desde então.
Na semana seguinte o levamos no veterinário e, nesse meio tempo, comprei bolinha, coleira, guia, montamos uma caminha pra ele e começamos sua educação tentando deixar claro para ele, através de repetição e premiação, o que ele podia e o que ele não podia fazer ali dentro e, claro, dando muito carinho àquele filhote que era absolutamente irresistível.
Rapidamente, aquele mix de labrador e pastor alemão com uma pitada de pitbull se mostrou um cachorro extremamente grato, carinhoso, dócil, amigo, companheiro, inteligente e alegre.
Hoje, é claro para mim que o Chico não veio parar na minha vida por acaso (até porque não acredito que exista acaso): o fato de eu ter o Chico sob os meus cuidados tem sido transformador para a minha vida e é algo que considero um motivo de crescimento para mim e uma responsabilidade enorme que me foi proporcionada na medida que a minha existência nessa vida pedia isso.
A Graziella me ajuda bastante nos cuidados dispensados ao Chico e, não fosse por isso, dificilmente ele teria sobrevivido, em agosto do ano passado, apenas dois meses depois de ter sido adotado, quando teve uma parvovirose: conseguimos salvá-lo com homeopatia, reiki, muito amor e dedicação, que fizeram com que aquele organismo frágil, ainda com uns 6 meses de idade, superasse essa doença que é fatal em 80% dos casos em que ela se manifesta, como você bem deve saber.
Lembro bem que, coisa de apenas dois dias depois da parvo ter se manifestado (no dia do meu aniversário, veja que ironia!), diante do quadro do Chico, vomitando muito e defecando sangue e definhando numa rapidez impressionante, parecia não ter a menor chance de sobrevivência. Choramos muito.
Mesmo assim, seguimos na luta, que incluia atenção e cuidados 24 horas e algumas noites sem dormir, e o resultado disso não foi “apenas” a sobrevivência: pelo que li a respeito da doença, deu pra perceber que ele teve uma recuperação muito mais rápida do que teria um cão que fosse tratado alopaticamente, com antibióticos, etc, em uma clínica, caso esse sobrevivesse.
Além disso, nesse episódio, a reação do Chico foi uma lição à parte:
Mesmo com o organismo completamente debilitado, sem conseguir se alimentar e vomitando continuamente, ele demonstrou uma vontade de viver impressionante que se percebia na persistência com que ele ia até a vasilha de água dele e bebia, procurando se hidratar.
Passavam-se uns poucos minutos, vomitava.
Ele esperava mais um pouco e ia lá beber águia novamente, tornando a vomitar.
E repetiu isso incontáveis vezes, até o momento em que começou a conseguir reter um pouco de água.
Alguns dias depois, percebemos que ele havia saído da faixa de risco da doença, na medida em que a “diarréia de sangue” e os vômitos foram cessando e a alimentação foi sendo gradativamente absorvida por ele.
É certo que, ainda hoje, ainda tenho algumas dificuldades com o Chico, oriundas, principalmente, da minha falta de experiência com cães, mas, nos últimos 12 meses, passei a compreender, um pouco melhor, o que é um cachorro e o quão fantástico e digno de amor é esse ser.
Antes disso, eu sequer sonhava em adotar um e ainda me surpreendo de forma muito positiva quando, diariamente, ao chegar em casa, sou recebido com festa pelo Chico.
Ah, em tempo, escolhi o nome Chico como uma homenagem a São Francisco de Assis.
Um resgate de Rubens Rodrigues: u.rubens@gmail.com
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