Também conhecido como sanhaçu-do-mamoeiro, sanhaçu, sanhaçu-comum, sanhaçu-da-amoreira, e no Nordeste como pipira-azul e sanhaçu-azul (Natal/RN). É uma das aves mais comuns do país, conhecida por realizar acrobacias em meio a disputa por frutas com outros pássaros.
Eles se alimentam de frutos, folhas, brotos, algumas flores e insetos, entre estes cupins alados (“aleluias” ou “siriris”) capturados em voo.
Vive normalmente na copa das árvores em busca dos frutos maduros, mas é intrépido o suficiente para apanhar também os caídos, preferindo até os que já estejam infestados de larvas e desfrutando-os com outras aves, como a saíra amarela ou o trinca-ferro
Costuma frequentar comedouros com frutas.
Na verdade, nada do que a literatura conta é novidade. Pudemos observar cada um desses hábitos, no período de aclimatação.
Com tantas características de pássaros livres, é possível imaginar o que é impor a uma ave como esta uma vida inteira em uma gaiola.
A Chimbinha chegou ao santuário junto com outros de sua espécie. Não formaram pares durante à aclimatação, mas tiveram tempo pra fortalecer as asas e aprender a colher frutos na fonte.
O nome popular, sanhaço-da-amoreira, lhes caiu muito bem, principalmente ali. No dia da soltura, mais de 100 amoreiras iniciavam a maturação dos frutos.
O prenúncio da primavera também parecia dar as boas vindas. Os manacás pintavam a paisagem com o mesmo tom de suas asas.
Eles se viram, literalmente, em um paraíso.
A escolha da Chimbinha, dentre os seis sanhaços que aqui chegaram, para contar esta história, tinha um motivo, infelizmente triste.
Dentre todos da espécie, ela era a que menos habilidade apresentava nos voos.
Além do mais, a facilidade com que se aproximava das pessoas, mesmo após a soltura, deixou clara a sua dependência e fragilidade, mas, mais que isso, o tempo de escravidão.
Essas aves são naturalmente arredias. Vivem nas copas altas das árvores e raramente se aproximam das pessoas. Aquele comportamento não era natural. Ela chegava a tentar pousar em nossos braços, pra ser alimentada, embora não incentivássemos isso.
Os comedouros ofereciam comida suficiente e as frutíferas não deixariam nada faltar. São aves sociáveis, embora não tenham o hábito de viver em grupo. Compartilham os comedouros sem qualquer sinal de agressividade, tanto com outros de sua espécie quanto com outros pássaros, mesmo os menores.
São vistos mais frequentemente em dupla, possivelmente casais. Dos seis sanhaços que libertamos em agosto de 2015, mais da metade já se uniu a outros nativos.
Após a soltura, por mais de uma semana eles visitaram o interior de nosso viveiro, todos os dias, mesmo com os comedouros externos bem abastecidos.
Chimbinha é uma menina inconfundível. Apesar da grande semelhança com os demais, há algo que a faz diferente, e que nos permitirá reconhece-la quando a avistarmos.
Eles já estão livres e já não frequentam mais o viveiro. Das telas, eles estão aprendendo a se manterem distantes.
Os comedouros ainda são frequentados, embora as frutíferas e as revoadas de insetos façam a festa pra eles.
O verde das nossas matas, este ano, está um pouco mais azulado. Este ano, as chuvas chegaram mais cedo, e a primavera também.
Com ela, a vida. Chimbinha acabou se acasalando com um macho nativo. O ninho escolhido foi um ninho artificial, em casca de côco, pendurado sob um telhado, com intenção apenas decorativa.
O ninho estava bem exposto. O risco de ser saqueado por algum predador era grande, mas os protetores invisíveis que atuam ali tornaram-no invisível. O resultado de tão eficiente ajuda não poderia ser outro.
Chimbinha era mesmo especial e estava predestinada a ser a protagonista de uma das nossas histórias de reintrodução bem sucedida.
Alguns dias depois, dois filhotes deixaram o ninho com as próprias asas, já nascidos em liberdade.
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