A caixa dizia “CUIDADO: FRÁGIL”, mas a mensagem passou despercebida aos olhos de quem a deixou ali.
Por sorte, o caminhão do lixo já havia passado. O choro que vinha de dentro daquela caixa revelava filhotes em desespero.
Eles estavam famintos, sedentos, com princípio de desidratação e muito assustados.
O mais espertinho foi um machinho pretinho de peito branco, a quem decidimos chamá-lo Neymar.
Ele era mesmo o mais ativo e mais disposto a explorar o mundo.
Os irmãozinhos, Davi Luiz e Dudinha demoraram um pouco a sair da caixa. Só mesmo um pote de ração para tirá-los daquela zona de conforto e revelar o tamanho da fome que os consumia.
Por sorte, filhotes se recuperam muito rápido. Vermífugo e boa ração irão transformá-los da noite para o dia.
Depois, de bucho bem cheio, era hora de descansar, tomar sol e aproveitar o pouco de tranquilidade e segurança que ainda não conheciam.
O branquinho de manchas pretas nós o chamamos Davi Luiz. Ele tem olhos expressivos. Parece mesmo se comunicar com o olhar.
Dudinha é a menorzinha da ninhada. Na consulta médica, estava pesando apenas 1,8 kg, contra os 2,2 dos machinhos. Ela nem parece da mesma ninhada. É peludinha e parece até filhote da nossa Duda, razão do nome que lhe demos.
Enfim, eis os lobinhos mais espertos do planeta. Já passaram por uma faxina inicial, foram vermifugados e receberam a primeira dose da vacina Puppy. Já estão prontos pra começar uma nova vida.
Apenas um dia depois de terem sido resgatados, os filhotes já eram outros. Neymar continuava sendo o mais esperto e brincalhão.
Dudinha está mais solta e já brinca. É a fêmea alfa do grupo.
Davi Luiz era o mais debilitado. Ele já apresentava dificuldade de andar, por causa da fome. Hoje está assim, esperto e brincalhão. As costelas, antes salientes, agora estão cobertas por uma fina capa de gordura.
Neymar e Davi formam uma bela dupla. Os dois juntos são imbatíveis.
O tempo passou e os pequenos foram adotados. Davi e Dudinha foram adotados juntos. Foram recebidos por Cida e Rodrigo, que ficarão com eles até terminarem as vacinas. Depois, seguirão para a casa definitiva, um sítio próximo a Belo Horizonte, onde terão espaço pra gastar pelo menos metade da energia que têm.
Enquanto esperam as vacinas para poderem se mudar de vez para o sítio, vão levando uma vidinha mais ou menos por aqui.
O pequenino Neymar era um cãozinho muito especial. Ele nasceu pra correr o mundo. Em suas andanças, fez muitos amigos, como Letízia, Daniel e Mariana. Este é um capítulo da história dele que não precisa ser esquecido.
Por aqui, aprendeu a ser filhote, coisa que até o dia do resgate, a vida não lhe tinha deixado ser.
Aprendeu a latir e também algumas regras da vida em matilha. Ele olhava para a Duda, como se perguntasse: _Como é mesmo que faz?
O fato é que o pequeno Neymar estava prestes a ter que passar sua primeira noite sozinho, no canil, quando a vida decidiu unir duas pontinhas soltas. Estávamos no carro, voltando de uma de suas andanças, quando avisto uma coisinha perdida no meio de uma avenida, sendo tocada para a pista por duas mulheres que “tinham medo de cachorro”.
Parei o carro, deixei o pequeno Neymar gritando dentro do carro fechado e fui resgatar a mocinha. Feito o resgate, já dentro do carro a caminho de casa, os dois começaram a se entender. Dei a ela o nome de Bruninha (Bruna Marquezine), é claro.
A pequenina Bruninha é uma coisinha arrepiada, da mesma idade e tamanho do Neymar. Claro que os dois se entenderam. Passaram a dormir juntos e até brincar juntos.
Até o colo eles dividiam bem (nem tanto)
Quando decidiam brincar, a coisa pegava fogo. Algumas rusgas são normais entre crianças pequenas, mas nada que não seja resolvido por eles mesmos.
A cena abaixo mostra Neymar e Bruninha prestando atenção à rabiola de uma pipa que ameaçava invadir nosso território. Ei, meninos. Esse brinquedo é de outras crianças.
A adoção chegou primeiro para o Neymar. Ele foi recebido pela Aline, que passou a chamá-lo de Baruk, que significa “Bem-vindo, Meu Senhor”. Era essa mesma a recepção que ele merecia.
Logo na chegada, ele estava ressabiado, mas logo se soltou e aceitou os afagos da Aline. Percebemos que ele não sentiria saudade. Não vai faltar colo naquela casa.
Depois era hora de conhecer a Clayde, sua nova amiga peluda. Clayde é uma cadelinha idosa, que tem adoração por filhotes. Pelo histórico, é certo que ela vai adotar o pequeno Baruk.
Aline conversou com ela, exatamente como se faz com um filho, preparando-a para receber um caçula.
O que poderia ser melhor para um filhote nessa idade que ganhar uma mãe adotiva canina? Claro que ela não tem mais a energia dele e precisará discipliná-lo, mas aos primeiros contatos, a grandalhona Clayde já demonstrava disposição para mostrar o território ao Neymar. E que território! Ele terá espaço pra correr e brincar.
Além da Clayde, Jade e Rachid, os tigres. Eles não ficaram à vontade com a novidade. Olhavam de longe, desconfiados.
Depois, à primeira tentativa de aproximação do Baruk, eles se refugiaram nos galhos da goiabeira. Eles são dois gatinhos jovens, ainda filhotes. É certo que logo aceitarão o Neymar, agora Baruk. Talvez eles tenham a energia necessária pra brincadeiras. Formarão um belo time.
Ao final de nossa visita, como de costume, esperávamos o sinal que faltava. E ele veio, na troca de carícias e lambidas.
Seja feliz, amiguinho, e que você possa cumprir, nesta vida, a evolução destinada aos lobinhos de estimação.
Ainda receberemos fotos dos irmãos Davi e Dudinha quando chegarem ao sítio.
Por aqui, continuou a pequena Bruninha, que não faz parte da ninhada, mas que teve sua história misturada à dos irmãos.
Ela chegou a ser levada para uma feira de adoções, viu alguns de seus amiguinhos de infortúnio ser adotado e ela sobrou. Chegamos a fazer um apelo por ela. Aquele foi um dia verdadeiramente triste.
A adoção pra ela demorou, mas valeu cada minuto. Tamara foi quem a recebeu. Na verdade, foi quem correu para buscá-la assim que viu a divulgação das fotos acima, mostrando o desconsolo da menina no retorno da feira.
Bruninha foi o nome que escolhemos pra ela. Foi com carinho, mas era provisório. Ela não vai precisar mais se lembrar dele, e nem terá motivos pra sentir saudade. A exemplo do pequenino Neymar, ela também ganhou outro nome e passou a ser chamada de Joaquina.
Que cada um desses filhotes tenha encontrado mãos humanas que entendam que eles estão aqui pra cumprir uma etapa evolutiva, e que precisam de nosso afeto, cuidado e proteção. Se terminarão este ciclo como lobos rústicos, ou se estarão quase falando, vai depender da vida que lhes for proporcionada.
Fica aqui registrado nosso muito obrigado à Tamara, Aline e Cida, pela acolhida dessas quatro crianças que só alegria trouxeram para nossa casa.
Nas fotos abaixo, David Luiz, hoje chamado de Bolha, e Dudinha, que hoje atende por Pirulita. Eles estão grandes, fortes e muito, muito felizes.
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