Este cãozinho foi abandonado, sem andar, em uma calçada em Contagem. Não conseguia se mover e tudo indicava algum problema grave.

Seus donos não tiveram a dignidade de mostrar a cara, de informar o nome dele, de deixar a carteira de vacinação, informar o que aconteceu e porquê perdera os movimentos. Livraram-se do problema, ou rifaram-no para quem quisesse assumir.

Ele foi recebido na Cão Viver e, desde então, vem sendo cuidado com a dedicação de costume por lá. O tratamento teve início no mesmo dia do resgate, quando a ONG recebeu a visita da Fabíola, que lá estava com a intenção de adotar um cãozinho.

Escolheu o seu e o levou, mas deixou doação necessária para que o Doug pudesse iniciar o tratamento. Uma radiografia indicou a causa: uma calcificação em uma das vértebras.

Vieram depois as surpresas, sempre boas quando o assunto é lobos. Mesmo se arrastando, o Doug mostrava que queria entrar no carro. Ficou feliz durante a ida e volta ao veterinário. Tentava se levantar para olhar pela janela do carro. Quando atravessou a rua, no colo, olhava para os lados para ver se vinham carros.

Definitivamente, ele não era um animal de rua. Já teve uma família.

Quando chegou de volta à ONG, logo após ser colocado no “chiqueirinho”, FICOU EM PÉ COM AS 4 PATINHAS NO CHÃO, como se dissesse: “Cuidem de mim que eu farei a minha parte”.

Claro que reforço positivo é necessário nesses casos e, estando ele na Cão Viver, não se poderia esperar outra coisa. Ele foi incentivado com parabéns, palminhas, afagos e comentários. Então, ele olhou pra todos novamente e FICOU EM PÉ DE NOVO, com aquela pausa típica de quem queria mostrar do que era capaz.

Neste momento, foi possível o diagnóstico definitivo.

O grande problema dele era o abandono, a negligência e a irresponsabilidade de quem se dizia seu dono. Infelizmente, ele sofria de um mal que acomete muitos lobos modernos. O azar de cair em mãos erradas.

Vejam a matéria “Pela inclusão social”:

http://oloboalfa.com.br/pela-inclusao-social/

A calcificação na vértebra era antiga, contra indicando a intervenção cirúrgica. Ele precisa de medicamentos, acupuntura e fisioterapia, tratamentos que dependiam ainda de recursos financeiros.

De qualquer forma, com esses tratamentos, ele terá boas chances de voltar a andar, com dificuldade, mas sem necessidade da cadeira de rodas.

Doug mobilizou muita gente que queria vê-lo andando. E quando humanos de bem se unem, não existe o impossível. O pequeno Doug ganhou fisioterapia, acupuntura e, em pouco tempo, já estava ANDANDO.

Ainda tímido, com dificuldade, mas voltou a andar. Não sabemos ainda se voltará a correr, saltar, participar de competições, etc.

Mas isso, àquela altura, não importava. Esperávamos apenas que ele se recuperasse o suficiente para ter qualidade de vida, embora essa qualidade de vida dependesse muito mais da adoção que da melhoria física.

O título dessa matéria bem que poderia ser: Doug. O cativante. Quando divulgamos sua matéria, ele cativou muita gente, que nem sequer o conhecia. Se foi capaz de cativar por fotografias, o que não seria capaz de conseguir ao vivo?

Além de humanos, ele conquistou até uma namorada. Durou apenas uma semana, mas a Angel teve que partir:

http://oloboalfa.com.br/goiaba-e-angel-juntos-pela-inclusao-social/

Dentre às pessoas que ele conquistou, uma era especial. A Marina é uma das voluntárias da Cão Viver e foi se afeiçoando ao Doug, a cada dia que tinha a oportunidade de estar com ele. Tirava-o do canil, dava-lhe banhos e agrados diferenciados. Claro que voluntários de ONGs costumam dar assistência a todos. Afinal, pra isso estão ali. Mas todos nós temos também as nossas preferências e nos afeiçoamos mais a este ou aquele.

Como explicar essas preferências, se são todos tão carentes e sofridos? Na verdade, todos nós temos essa resposta, mas a confirmação virá mais tarde. Foi um reencontro. Talvez, um novo encontro, mas que durará muitas outras vidas.

As fotos dispensam comentários. Quem pode explicar tudo isso? Nos resta comemorar a transformação de nosso Planeta e a evolução de nossa espécie.

De agora em diante, que nenhum animal termine seus dias em um abrigo.

Como as histórias de amor nunca têm fim, inserimos mais este vídeo, enviado pela Marina, feito recentemente, mostrando a evolução do Doug, desde que chegou a sua casa. O vídeo mostra o que já sabíamos: que em cada um deles, habita um lobo. Eles só precisam de oportunidade. https://vimeo.com/47562674

Mais especial do que escolher um cão, é quando um cão escolhe você.

Há quase dois anos, quando nos conhecemos, o Doug já era familiar. O carinho era mútuo e a afinidade entre nós dois também. Era o nosso reencontro.

Depois de tudo que ele passou, resolvi dar a mim mesma uma chance de trazer a felicidade de volta a ele. Doug, neste um ano de vida que passou ao meu lado, foi feliz. Voltou a correr, a rolar no chão e foi o dono da casa.

Não sei qual é a lição, mas Doug se foi deste mundo cedo demais. Cedo pra mim, mas cumpriu sua missão: a de me fazer entender um pouco mais sobre amor verdadeiro e puro, como algo que nunca antes tinha sentido na vida. Com a sua partida, os problemas se tornam ridículos perto da dor de não ter ele presente.

Obrigada, meu querido Doug, por tudo que me fez enxergar e fazer por nós dois e por todos os outros cães abandonados. Você foi um guerreiro todos esse anos, e ter você ao meu lado como amigo verdadeiro e companheiro é mais ainda do que eu merecia.

Hoje, se eu encontrar a pessoa que te abandonou na rua, sem andar, eu diria a ela: Muito obrigada por mais essa chance.

Eterno Doug, meu amor maior, fique em paz e seja finalmente feliz.

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