Mais um abandono assistido ao vivo e a cores.

Esta cadelinha chama-se Duda. Parece ser uma mestiça de Lhasa e Pequinês. Tem o pelo dourado e longo, dentes fortes e bem cuidados. É muito dócil, quieta, alegre, adora ser escovada, estar no colo, obediente e atende pelo nome. (Duda é seu nome desde o nascimento).

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Ela chegou na Cão Viver, levada por seus donos para uma cirurgia de retirada de uma verruga, que estava quase obstruindo um dos olhos (coisa simples).

Feitos a cirurgia e o pós-operatório, estava ela pronta para voltar pra casa, para o aconchego de seu território, de sua cama, de suas vasilhas, brinquedos e “donos”. Pelo menos achávamos que ela os tinha.

A surpresa veio em seguida. Seus donos não mais a quiseram. Estiveram na Cão Viver, pagaram a conta e disseram que ela poderia continuar ali, para encontrar novos donos.

Desde então, a pequena Duda passou a viver em um abrigo de animais, ocupando um canil junto com outros cães. Nem precisamos enfatizar o quanto ficou triste e deprimida. Ali não era seu lugar. No tempo em que esteve no abrigo, os voluntários e funcionários não conseguiram ouvir um só latido. Não que ela tivesse problemas, mas não tinha disposição para qualquer manifestação de alegria ou agitação. Esperava pelo retorno dos donos 24 horas por dia, na porta do canil.

Em uma manhã de sábado, ela foi retirada do canil por uma voluntária, para que fosse apresentada a um pretendente que lá estava pra escolher um cãozinho. Mas este pretendente esperava encontrar um cãozinho de raça, com Pedigree e, no final, desistiu de adotar, optando por comprar um novo amigo.

Assim que foi levada de volta ao canil, ela esticou as perninhas, travando no portão. Assim que foi deixada no chão do canil, ela recolheu o rabinho em forma de penacho e olhou para a voluntária com o olhar mais triste do mundo. Não precisa ser nenhum especialista pra entender esses sinais.

Poderíamos dizer: ela é dócil, carinhosa, está vacinada, vermifugada e castrada, tem ótima saúde, não late…

Mas nada disso importava. Ela precisava de um adotante que não desse importância a nenhuma dessas qualidades, embora ela as tivesse. Ela merecia os melhores donos do mundo, pessoas que a reconhecessem pelo olhar. Só isso.

Soltamos a matéria na certeza de que teríamos fila de pretendentes. Os pretendentes vieram. Mas ela havia sido adntada no dia anterior, por alguém que insistiu muito e prometeu “mundos e fundos”. Tudo indicava que seria, enfim, a adoção esperada e merecida. A pequena Duda deixou o abrigo nos braços dos novos donos, esbanjando uma alegria indescritível, como se tivesse voltando pra casa.

Seguiu-se aí o pós adoção, onde se buscava notícias e pedíamos fotos da pequena, até mesmo para completarmos a história, que já estava postada em “finais felizes”.

Depois de muita insistência, descobrimos que a cadelinha teve 3 donos neste pequeno intervalo de 4 meses. Dos adotantes iniciais, ela foi doada a uma tia, que por sua vez a doou a uma terceira, que por fim enjoou da Dudinha. A solução definitiva veio depois da ameaça de denúncia por maus-tratos.

A pequena Duda estava de volta à Cão Viver. Chegou suja, infestada de pulgas e carrapatos e com o olhar mais triste do mundo. Pior ainda, foi ver que depois dessa experiência, ela parecia ter se conformado. Talvez tivesse perdido as esperanças.

Quem visitava o abrigo, tinha a oportunidade de presenciar esta cena.

Não era felicidade. Era tristeza disfarçada. Ela parecia não querer magoar o pessoal do abrigo. Aceitava o destino que lhe foi imposto, não só pelos ex-donos, mas por toda uma sociedade, que rejeita animais adultos, condenando-os a terminarem seus dias em um abrigo de animais.

Mas se ela estava conformada, o mesmo não se podia falar das voluntárias que trabalham na Cão Viver. A história da Duda foi divulgada amplamente. E acabou chegando, novamente, onde deveria chegar.

A história da adoção da Duda foi narrada pela Tatiana, da Cão Viver.

Quando a Duda voltou de Oliveira, ela veio para a minha casa e foi recepcionada pela Nina, que é minha cadelinha adotada.

(Pra quem não sabe, a Nina é conhecida como a menina dos sapatos vermelhos).

A Nina é da paz e deixou Duda tomar água na vasilha dela, comeu ração, brincaram um pouquinho, mas nada muito alegre. Ela parecia sentir que aqui não seria o porto seguro. Nina, observando toda aquela situação, pegou a boneca que se chama Raissa e levou para perto da Duda, que se escondia atrás de um vaso de planta. Fiquei observando isso até o momento de levá-la para a Cão Viver.

No domingo tivemos o bazar e levei minha Nina preta para dar um passeio, mas na verdade fomos até lá para concluirmos a adoção da Duda.

Após o almoço, recebemos a visita do Ricardo, da sua esposa Eliana e da Poodle que também se chama Nina, os quais foram recebidos com muitos latidos , caudas abanando e lá ficamos umas duas horas conversando. As Ninas, que aqui ganharão sobrenome (Nina Preta e Nina Branca), fazendo amizade com a Pitucha, que é uma cadelinha já adotada que não largava a Nina branca nem por um bifinho.

Duda estava desconfiada que algo estava por vir e presenciamos em seus olhos lágrimas que nos deixou felizes e tristes. Ela estava chorando e Eliana conversou com ela dizendo: __ Duda, você está indo para a nossa casa e de lá você nunca mais sairá. Será muito bem cuidada e ajudará a cuidar da Nina (branca)”.

Esse momento ficou e ficará registrado em minha memória pelo resto da minha vida, pois foi simplesmente lindo.

Aos poucos a Duda foi ficando mais alegrinha, Eliana adquiriu bandanas e laçinhos na lojinha, mas e a Nina preta? Eu tenho certeza que elas já tinham se comunicado porque uma não ficava longe da outra e quem sabe se lembraram da boneca Raissa, né?

Assinamos os documentos para adoção e fomos para o pátio para tirar foto. Então falei: ___ Vamos tirar uma foto para registramos esse momento único na vida de vocês e da Duda?

Para a nossa surpresa, a Nina Preta caminhou em direção ao Ricardo, Eliana, Duda e Nina branca, olhou para mim e perguntei: ___ Nina, você quer sair na foto? Então senta.

Ela não tem o costume de atender comandos, mas nesse dia ela atendeu.

Resultado? Olha a Nina sentada junto deles na foto. Todos caíram na risada e lá se foi a lobinha no banco de trás do carro. Duda olhou para trás com aquele olhar de “muito obrigada” e minha Nina mais uma vez mostrou solidariedade aos amigos de mesma espécie.

Para quem não sabe, a Duda foi adotada em um dia, O Lobo Alfa soltou a matéria no outro e o Ricardo foi o primeiro a entrar em contato querendo adotar a Duda mas, por razão do destino, ela foi para uma casa que não a tratou bem. Eu acredito em fadas.

Agradeço de coração ao Ricardo, Eliana e Nina, por terem acolhido essa lobinha na família.

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