Elvis é um trinca-ferro que viveu por muitos anos em uma gaiola. Um dia, seus donos decidiram buscar algo melhor pra ele. E o que pode ser melhor para uma criatura com asas do que a liberdade?
Através de uma amiga e voluntária da causa animal, Elvis cruzou nosso caminho.
Ele chegou ao santuário em uma manhã de sexta-feira. Dentro do viveiro de aclimatação, estavam outros dois trinca-ferros, chamados de Pena Branca e Xavantinho, que também se preparavam para ganhar a liberdade.
http://oloboalfa.com.br/pena-branca-e-xavantinho-antes-tarde/
Não poderíamos soltar o Elvis sem antes testar a socialização com os dois moradores do viveiro. É que a espécie pode se tornar agressiva e os dois moradores haviam sido isolados daqueles que foram soltos antes, exatamente por causa de brigas.
Então, penduramos a gaiola do Elvis e esperamos a reação dos dois anfitriões.
Não demorou muito para a presença do forasteiro ser notada. Xavantinho estava ali, altivo, de cabeça erguida, deixando claro que aquele território tinha um rei.
Não demorou muito e a aproximação aconteceu. Pena Branca manteve-se distante, mas o Xavantinho não teve receio e chegou bem perto.
Depois, empoleirou-se sobre a gaiola, dando sinais de que havia ali algum grau de hostilidade.
O Elvis também não fez nenhuma questão de ser agradável.
Não seria possível uma convivência pacífica, pelo menos no primeiro momento.
Quando estiverem livres, terão espaço suficiente pra evitar o confronto, mas em um viveiro de aclimatação, seria grande o risco de um deles se ferir com gravidade.
Então, a solução foi manter o Elvis em um viveiro menor, de quarentena, esperando a libertação de Xavantinho e Pena Branca, que estaria marcada pra acontecer dentro de mais umas duas semanas.
Enquanto preparávamos o terreno, a gaiola do Elvis foi deixada dentro do viveiro de quarentena, para evitar que, mesmo pelas grades, eles pudessem se machucar.
E nem essa distância intimidou o nosso brigão de penachos.
Ele foi para a porta da nova casa do Elvis, contar desaforo. Mas toda essa hostilidade não durou muito.
Foi só o tempo necessário para que eles se acostumassem com a presença do outro.
Soltamos o Elvis em seu novo e provisório viveiro, e esperamos para ver sua reação.
Ele pisou a terra pela primeira vez e experimentou novos sabores.
É que, assim que os amigos da MegaZoo souberam da história do Elvis, decidiram apadrinhá-lo e garantir a ele uma nutrição especial, para que ele se recuperasse e ficasse forte quando ganhasse a liberdade.
E não só o Elvis ganhou presentes. O João, nosso hóspede permanente que dividirá com ele o recinto por alguns dias, e toda a turma que já está em liberdade.
http://oloboalfa.com.br/joao-pra-ele-nao-da-mais/
Valeu, tia, Cris. Tem uma certa mascote que atende (quando lhe convém) por Duda, que ficou meio enciumada, mas ela vai sobreviver.
O Elvis ficou por um tempo se fortalecendo e aproveitando o pequeno e provisório território que lhe foi dado.
Depois de pisar a terra e ciscar grãos espalhados propositadamente pelo chão, era hora de testar as asas.
E ele buscou os galhos mais acima, sem nenhuma dificuldade. O futuro se mostrava promissor para o garoto.
Aquele viveiro de quarentena está longe do ideal, mas era o que podíamos oferecer a ele naquele momento.
De sua antiga gaiola, não sobrou muita coisa. As razões são óbvias: esses instrumentos de tortura precisam ser abolidos desse planeta. Nem como peças de museu deverão servir, pois envergonhariam a humanidade.
Alguns dias mais tarde, Pena Branca e Xavantinho ganharam a liberdade, finalmente.
E como comemoração para o Elvis, ele ganhou um recinto maior. Em nosso viveiro de aclimatação, ele pode, finalmente, preparar as asas para a liberdade. O caminho agora é rumo à liberdade, e sem volta.
Continua apreciando as sementes pra lá de especiais da MegaZoo, mas a dieta com as frutas da estação precisa ser estimulada.
Mais que aprender a voar, ele precisa aprender a ser uma ave livre.
E a preparação foi intensa e muito bem aproveitada por ele.
A libertação do Elvis aconteceu nos primeiros dias de outubro, aproximadamente 30 dias depois de sua chegada. Ele já estava voando com a habilidade daqueles que nasceram livres. Já foi visto nos comedouros do entorno, interagindo com outros de sua espécie, sem qualquer sinal de agressividade.
E que Elvis encontre uma Priscila e que eles tenham muitos e muitos filhos. Mais que povoar um território com aves apreendidas ou libertadas, precisamos povoá-lo também com aves nascidas em liberdade. Só assim estaremos fazendo alguma coisa também por aqueles que não tiveram a mesma sorte e que perderam a vida nas prisões.
Atenção. Não recebemos animais silvestres. Só o IBAMA tem essa prerrogativa, através do CETAS – Centro de Triagem de Animais Silvestres.
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