A espécie é endêmica do Brasil, sendo encontrada apenas nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
É insetívoro, solitário e de hábitos noturnos. É considerado inofensivo, desde que o agressor não se atreva a tocar nele. Ao contrário do que ensina a crendice popular, ele não lança espinhos, mas apenas os eriça quando se sente ameaçado, o que o torna quase inviolável.
Com a destruição das matas, não é raro que um espécime invada uma casa ou garagem, em áreas urbanas. E quando isso acontece, a polícia ambiental é a mais capacitada para captura-los e dar-lhes o destino certo.
Espeto foi recolhido em uma garagem de uma casa pela Polícia Ambiental e levado ao Centro de Triagem do Ibama.
No CETAS ele ficou apenas alguns dias. Foi examinado e, constatando-se que ele estava bem, o caminho seria devolvê-lo à natureza o mais rápido possível. E assim foi feito.
O menino, que chamaremos de Espeto, chegou ao nosso território em uma caixa de papelão, bem fechada.
Foi aberta pelas mãos da veterinária responsável por ele. Foram alguns instantes de dúvida até colocar o focinho pra fora da caixa e tentar reconhecer o ambiente.
O lugar escolhido foi ao pé de uma montanha, ao lado de uma frondosa figueira, ao lado de um curso d’água.
A luz do dia o incomodava. Sendo uma espécie de hábitos noturnos, eles se sentem vulneráveis durante o dia. E o Espeto estava claramente inseguro.
Foram alguns minutos de dúvida. Primeiro o focinho, depois uma mãozinha e, enfim, a cabeça.
Olhou tudo em volta, inclusive notando a presença humana, de alguns poucos que ali estava exatamente para libertá-lo.
Depois, voltou-se para o interior da mata, como se tentasse reconhecer um território que nunca foi dele, mas que esperamos seja acolhedor.
Os ouriços não são animais muito ágeis. Ninguém esperava que ele deixasse a caixa correndo e aos saltos.
Estamos ali pra assistir uma lenta escalada rumo à copa das árvores, onde certamente ele se sentiria em casa.
E assim, exatamente como previsto, ele partiu.
Lentamente, um passo de cada vez, ele pôs-se a subir rumo ao céu, ou à liberdade.
Tivemos tempo de registrar cada passinho. Às vezes, uma parada pra sentir o cheiro da mata.
Embora de hábitos solitários, esperamos que o Espeto encontre sua alma gêmea. Já tivemos a oportunidade de flagrar outros da espécie em nossas matas. Sabemos que ali ele encontrará seus pares.
À medida que subia, ele ficava cada vez mais distante de nossas lentes, e mostrava-se mais confiante a cada passo.
Seus próximos passos são também previsíveis. Ele buscará o refúgio nos galhos mais altos e esperará o cair da noite, quando então sairá para se alimentar.
Besouros, lagartas, mariposas e outros insetos são a base de sua alimentação.
A árvore escolhida é uma figueira centenária, que dará a ele o suprimento de proteção e segurança, até o cair da noite.
Vá em paz, amigo. Que você seja feliz, que encontre seu caminho e que se mantenha longe das cidades.
Agradecemos ao IBAMA e ao IEF pela confiança. Que outras propriedades sejam preservadas para receber animais silvestres.
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