Estes dois amigos são de espécies diferentes. O primeiro é um macho da espécie Asa de Seda, cujo nome científico é Amazonetta brasiliensis. O segundo, de gênero indeterminado (Espécie sem dimorfismo), um pato Irerê, nome científico Dendrocygna viduata.
As duas espécies coabitam os mesmos espaços e têm hábitos bem semelhantes.
Vivem em bandos, alguns bem numerosos. Eles foram resgatados em regiões diferentes, mas estranhamente, com os mesmos sintomas de envenenamento e intoxicação.
Foram levados para o Centro de Triagem do Ibama e lá receberam os cuidados que precisavam. Sobreviveram e, ao final, estavam prontos para um retorno triunfal à natureza.
O primeiro a deixar a caixa de transporte foi o amiguinho de asa asul e botas vermelhas.
Logo atrás veio o mascarado mais simpático dentre todos os patos silvestres.
O caminho até a água eles buscaram instintivamente. Também instintivamente eles ficarão juntos por algumas horas, mas é certo que buscarão outros caminhos, talvez até juntos.
O fato é que as espécies vivem em áreas alagadas e grandes lagoas, geralmente em grandes bandos e, por isso, estava claro que nossa lagoa seria apenas um posto de descanso.
Ainda assim, um posto bem agradável aos novos moradores. Ali eles até que teriam o que precisavam, mas é claro que a necessidade de estar em bando falaria mais alto.
Acabaram de deixar o cativeiro, onde ficaram por tempo demais, já que a intoxicação exigiu tratamento longo e muito manejo.
Tinham que testar suas habilidades de vida livre, antes de buscarem outros ares.
Ficaram por ali alguns minutos, nadara, beliscaram alguma coisa na água, relembraram os tempos de liberdade.
Contudo, em algum lugar não muito distante dali, bandos inteiros esperam por eles. São capazes de voar a grandes alturas e de localizar, de longe, áreas alagadas e grandes lagoas.
E o primeiro a testar as habilidades de voo foi o Máscara. Nossa lagoa fica aos pés de um vale e, em seu entorno, uma grande e alta floresta.
Notamos então que ele não se arriscou a embrenhar na mata, preferindo um voo panorâmico, sobre a lagoa, contornando a moldura verde.
Registrar um pato em voo e conseguir um foco adequado é tarefa para profissionais. Como somos amadores, o que temos a mostrar são fotos desfocadas, mas o que vale é o sentido de tudo isso.
Depois desse primeiro e rápido voo, ele voltou para a lagoa e ali permaneceu o resto daquele dia.
No dia seguinte, partiram os dois amigos, rumo a alguma lagoa maior que houvesse por perto, e onde, certamente, estariam seus verdadeiros amigos, à espera de dois forasteiros.
Eles não precisarão explicar de onde vieram, e nem contar as experiências que viveram.
Vida que segue, agora no rumo certo, a caminho de uma evolução que é direito de todos e de cada um.
Se encontraram seus pares, nunca saberemos, mas levaram nas asas a torcida para que tudo se conduza como tem que ser, e que a história que deixaram ensine aos que ficaram, sobre o valor de todas as vidas, e da importância de preservarmos a natureza, de não poluirmos rios, lagos e mares.
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