Eles se reproduzem na primavera, ou mais precisamente, de setembro a fevereiro.
A literatura informa que ocorrem do Nordeste brasileiro até o Rio Grande do Sul, além da Bolívia, paraguái e Argentina.
Infelizmente, graças às belas penas e seu canto melodioso, eles estão quase extintos. A predação humana os levou à extinção em várias regiões, onde em outros tempos, viviam livres.
Azulão hoje é visto somente em gaiolas ou em lugares bem remotos.
Felizmente, em alguns lugares, graças ao Projeto ASAS do Ibama e IEF, eles estão voltando.
Irineu e Zeti chegaram ao santuário pelas mãos do IEF. Ambos estavam em plena troca das penas. Falhas por todo lado, e cores que nem de longe se assemelhavam com os melhores exemplares da espécie, quando fotografados em liberdade.
Claro que a muda de penas tira um pouco a beleza das aves, mas sabemos que quem retira o brilho delas são as grades.
Trinta dias foi o tempo em que eles ficariam como nossos hóspedes.
Além das sementes, muito apreciadas, eles demonstravam gostar muito de frutas. São também insetívoros, mas em cativeiro, essas necessidades não costumam ser supridas.
Em nosso viveiro, eles não precisavam lutar pela comida, que estava sempre ali. Dividiam os comedouros, sem nenhum sinal de estresse.
Banhavam-se constantemente no espelho d’água, secavam-se ao sol e voavam, por todo lado, o que apressava a troca das penas.
Eles chegaram em julho e ficaram no viveiro de aclimatação até segunda quinzena de agosto. A temporada de acasalamento começa somente em setembro, mas, mesmo assim, dava pra ver que havia ali alguma química.
Registramos semanalmente a evolução dos dois e notamos uma sutil mudança nas cores. A medida que as novas penas substituíam as antigas, castigadas pelas grades, o brilho começava a voltar.
Não chega a ser um repovoamento. Afinal, era apenas um casal. Azulões são muito territoriais e machos adultos não aceitam outros concorrentes.
Por isso, não é possível aclimatar vários ao mesmo tempo dentro de um mesmo viveiro.
Mas é um passo rumo ao repovoamento.
Na véspera da soltura, eles pareciam outros pássaros, diferentes daqueles depenados que chegaram aqui. A muda já estava no final e o clima de liberdade começava a provocar a mudanças.
Irineu e Zeti, que durante a aclimatação poucas vezes foram vistos juntos, agora dividiam o mesmo arbusto. Estavam sempre juntos, indicando um começo de namoro.
As cores estavam de volta.
E a alegria também. Irineu já ensaiava as serenatas, com as quais esperamos ser acordados quando ali estivermos.
Os dias se passaram e depois, semanas. E eles continuam lá. Passam o dia biliscando folhas de verdura em uma horta orgânica.
Algumas vezes, experimentando as frutas da estação. Estamos no início da frutificação das amoras. São mais de 100 amoreiras em franca produção.
Também flagramos os dois capturando pequenos insetos nos arbustos próximos. A dieta insetívora, tão importante para a saúde deles, está de volta.
O azulão se reproduz entre setembro e fevereiro, constrói seu ninho não muito longe do solo e cada ninhada geralmente tem entre 2 e 3 ovos, tendo de 3 a 4 ninhadas por temporada. Os filhotes nascem entre 13 e 15 dias após a fêmea botar os ovos.
Se considerarmos a matemática acima, claro, focando nos números mais generosos, teremos exatos 12 novos azulõezinhos nascidos até fevereiro de 2016. Imaginando exatos 6 machos e 6 fêmeas, teremos 7 casais se reproduzindo na temporada 2016/2017, quando então teremos ao todo 98 azulões repovoando nosso território.
Claro que a expectativa acima foge muito à realidade. Seria mesmo muito bom se eles repovoassem nossas matas, mas como protetores de animais, o que desejamos é que sejam felizes, que se mantenham livres e que tenham vida longa.
Os nomes que lhes foram dados, Irineu e Zeti, não foram escolhidos ao acaso.
Sr. Irineu é o homem que cuida, com extremo zelo, de todos os animais do santuário, e Zeti é sua esposa e companheira de uma vida inteira.
Todos os dias, nos intervalos do trabalho, o Sr. Irineu senta-se na área externa do viveiro para almoçar ou lanchar, tendo muitas vezes que dividir seu lanche com aqueles passarinhos mais atrevidos, que só faltam lhe beliscar os dedos.
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