Um cãozinho nascido pra dividir a cama com os donos não tem habilidades para a vida livre. Não sobrevive por muitos dias nas ruas.

Por isso, podemos afirmar que o abandono do Ítalo aconteceu muito antes dele ser despejado nas ruas. Não teria chegado neste estado dormindo pelas calçadas.

Ele quase não tinha pelos no corpo e, no lugar deles, todos os sintomas clínicos da leishmaniose. Os exames laboratoriais confirmaram e, dado o estágio avançado da doença, o caminho dele seria a eutanásia.

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Entretanto, quando se resgata um animal, não é possível saber o que os exames vão revelar. A intenção de um resgate é dar a ele uma segunda chance, e desistir no primeiro obstáculo não é o que a vida espera de nós. Além do mais, desistir é pra sempre.

Para um cãozinho como Ítalo, que nunca teve afeto, ser retirado das ruas pra terminar sua história na ponta de uma agulha, não terá utilidade, do ponto de vista evolutivo.

Ele precisa se sentir amparado, protegido, estimado. Mesmo que a luta seja inglória, mesmo que as chances sejam pequenas e que ele venha a morrer, é importante que os últimos dias apaguem o passado. Ele precisa conhecer, mesmo que por alguns poucos instantes, a relação de afeto e amizade que poderia ter experimentado.

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E foi com esta filosofia que o menino Ítalo iniciou o tratamento. Ele ganhou um lar temporário, onde passou a ser um cãozinho de estimação. Tinha espaço, outros cãezinhos pra brincar e muito, muito colo.

Em poucos dias, os sintomas da leishmaniose começavam a desaparecer e a alegria voltava.

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Foram muitos passeios, muitas idas ao veterinário, muitos banhos e muitas injeções, mas valeu muito cada espetadinha.

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O tratamento nem foi assim tão longo. Algumas semanas foram suficientes pra transformar aquela vida. O que se tinha pra mostrar depois do tratamento era um cãozinho de uns 10 quilos, saudável, muito bonitinho, carinhoso, esperto e cheio de vida.

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Foi tratado e já estava livre da doença. Fará uso constante de um medicamento e terá acompanhamento médico, nada diferente do que um dono cuidadoso faria por um animal saudável.

O final feliz chegou em uma tarde de sábado. Ítalo foi adotado por alguém que se comoveu com sua história e decidiu transformar a vida dele.

E se o tratamento já tinha provocado uma profunda transformação, maiores ainda foram as mudanças após a adoção.

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As fotos do menino na nova casa dão a real noção do que os homens são capazes de fazer. E, se é pelo exemplo que transformaremos o mundo, eis o que temos a mostrar.

Os dois lobinhos da foto são Jimmy e Vida, também adotados. São priminhos do Ítalo, com os quais ele estará sempre brincando.

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Ao final, o depoimento que nos foi enviado pelo Gustavo, um dos pais adotivos do nosso Ítalo, que agora se chama Merlin.

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Na primeira foto abaixo, Cris e Merlin. Na segunda, Gustavo e Merlin. Nosso menino ganhou uma família, no sentido mais amplo. Segundo ensinamento da filósofa Lilo (Lilo e Stitch), “Ohana quer dizer família. Família quer dizer nunca abandonar ou esquecer.

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Carta dos adotantes ao Merlin

Havia um tempo que nós estávamos pensando em adotar um cachorrinho, mas sempre víamos dificuldade em tudo: as incertezas, o sofá novo, a falta de tempo… tudo parecia motivo e empecilho para finalmente partirmos para a ação.

Foi quando minha cunhada nos mandou um link de adoção do Lobo Alfa e, a partir dali, a cada história de abandono e sofrimento que víamos, aumentava a urgência de ajudar pelo menos um daqueles trenzinhos. A ideia era adotar um patinho feio, um rejeitado com menores chances de adoção. Foi quando chegamos à página do Merlin: ficamos emocionados com a perseverança daquele bichinho de, mesmo com uma doença devastadora, lutar sozinho contra o abandono nas ruas. Entramos em contato com suas protetoras e marcamos para conhecê-lo naquele mesmo fim de semana. Bastou essa visita pra voltarmos pra casa com ele.

Tudo havia ficado para trás: a dor, o abandono, a fome… a partir dali, queríamos proporcionar tudo o que lhe havia sido negado até então: carinho, amor, cuidado. Mas não há dúvidas: nessa relação, saímos ganhando: nada vale mais do que chegar em casa e ver a festa que ele faz e a alegria em nos ver, mesmo quando só descemos com o lixo e voltamos, ou a felicidade quando ele percebe que acordamos de manhã e podemos finalmente lhe dar atenção.

Impossível vê-lo dormindo tranquilo dentro de casa, às vezes até com a barriguinha pra cima, e não perceber que quem teve sorte nessa história fomos nós. O Merlin nos acolheu como tutores, e nossos dias têm sido mais felizes e cheios de amor.

Obrigado, Merlin. Mesmo.

Cris e Gu.

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No vídeo abaixo, alguns momentos especiais.

A mensagem que fica é bem simples: Leishmaniose não é sentença de morte e afeto e compaixão podem transformar vidas.

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