Um cágado de barbicha é um animal silvestre, muito comum na região sudeste e encontrado em qualquer pequeno curso de água.

Entretanto, este garoto foi encontrado sozinho, em uma rua, se abrigando debaixo do pneu de um carro estacionado.

Tinha tudo pra dar errado. O local é bem movimentado, totalmente urbanizado e não havia qualquer curso d’água próximo. Não havia sequer um lugar pra onde devolvê-lo.

Não é possível saber como ele chegou ali. Talvez tenha sido pego em alguma região de sítio e levado escondido na mala por alguma criança arteira, que teve o achado descoberto ao chegar em casa. Impedido de ficar, foi deixado na rua. É apenas uma hipótese, mas o fato é que mãos humanas o levaram até ali, pois a espécie não costuma se aventurar longe da água.

Por sorte foi encontrado antes que o carro estacionado terminasse de forma trágica uma história que já começou errada. Foi resgatado, para que tivesse uma melhor chance de vida.

E pra isso, nada melhor do que soltá-lo em um lugar bem longe, distante de qualquer civilização e, de preferência, onde ela possa encontrar outros de sua espécie.

Daquela rua de pedra fincada, ele foi transferido para uma bacia, onde morou por dois dias, até podermos leva-lo para um lar provisório.

O lar provisório foi um pequeno lago, dentro de nosso viveiro de aclimatação. Ali ele estaria protegido, seria alimentado diariamente e poderia enfim se adaptar à água que desce da montanha.

Sendo um animal semiaquático, adaptação à água não é exatamente uma necessidade. Eles já nascem sabendo se virar.

No entanto, como não sabemos ao certo de onde ele saiu e como chegou naquela movimentada rua, não custa aclimatá-lo por alguns dias.

O primeiro mergulho em sua nova casa deixou claro que seus instintos estavam intactos.

Répteis são muito intuitivos e por isso sua reintrodução é sempre mais fácil.

Kako teria boas chances. Ele deslizou pra dentro da água com bastante habilidade. Sabia onde estava e onde deveria se esconder.

Imediatamente após o primeiro mergulho, ele buscou o abrigo debaixo de uma pedra.

Neste pequeno lago, ele viverá por uma semana. Não precisará de mais que isso.

Nossa lagoa principal é a morada definitiva de vários outros de sua espécie. Faísca e Fumaça são dois pequeninos como ele. E dentre os adultos, Alf e sua turma, ali libertada há mais tempo.

Uma semana depois de sua chegada ao santuário, estava pronto para uma nova etapa.

Um balde velho lhe serviu de caixa de transporte, embora dessa vez a viagem duraria apenas alguns poucos minutos.

Do balde para a orla da lagoa, onde ele passaria a viver. Foram alguns minutos até espichar o pescoço e conhecer seu novo habitat.

Assim que percebeu que estava livre, Kako não perdeu tempo. Passou sebo nas canelinhas e cuidou apressado de se refugiar na água.

Buscou abrigo entre os aguapés, pra depois seguir para águas mais profundas.

Kako agora é um cágado livre, vivendo em seu habitat natural, tendo como companhia outros de sua espécie.

Daqui em diante, ele estará por sua conta e risco. Poderá ter vida longa, ou poderá terminar sua história entre as garras de um de seus muitos predadores. O que importa é que ele cumprirá sua jornada evolutiva.

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