As primeiras fotos da Kate foram tiradas para uma matéria que tinha como objetivo incentivar as adoções dos animais esquecidos da SMPA.
Na ocasião, ela estava na maternidade, amamentando nove lobinhos.
Naquela ocasião, interpretamos seu olhar como um olhar de dúvida, como se não soubesse o que seriam dos filhotes.
Explicamos que ela já havia presenciado muitas baixas ali e que parecia saber que seus filhos não tinham futuro. Queríamos, na verdade, incentivar sua adoção, ou talvez seu resgate, para que, fora do abrigo, os filhotes pudessem viver.
Mas não deu. São tantos casos e todos são prioridade. É por isso que insistimos tanto na união de protetores.
O fato é que o resgate da Kate não aconteceu e a tragédia anunciada apenas se confirmou.
Todos os filhotes morreram. Quando voltamos ao abrigo, encontramos a Kate, sem forças pra se levantar, deitada em um canto, literalmente morrendo.
Ela era pele e osso. Parecia um fantasma, um morto vivo. Os olhos fundos e sem brilho, infeccionados, talvez pelo excesso de choro de dias antes.
Foi resgatada pelo grupo SOS Bichos, levada para a Clínica Veterinária de Urgência, onde foi atendida pelo Dr. Marcelo Lobão. O estado era muito grave e não foi exagero dizer que Kate estava morrendo.
Se ela tivesse permanecido na SMPA, não teria durado poucos dias e não saberia o que é ter uma família e donos que a estimassem. A ONG não tem estrutura para tratar de casos mais graves.
Nas fotos abaixo, a pequena Kate ainda lutando pela vida. Ainda estava triste mas, aos poucos, voltava a abanar o rabinho.
Da clínica, ela seguiria para a casa da Lucinédia, onde ficaria abrigada temporariamente, até a adoção. Mas a casa da Lucinédia não é o que se pode chamar de lar temporário. É lar, sem o temporário. E essa pequena diferença transformou a Kate na mais feliz lobinha que já deixou a SMPA.
Ela não sabia que estava ali de passagem. Já achava que tinha sido adotada pela Lucinédia e estava muito feliz.
Mas aí, quis o destino poupá-la de mais um abandono. Ela não estava preparada para feiras, para nova adoção. Melhor seria terminar seus dias ali mesmo, na casa da Lucinédia.
E foi assim, estimada e feliz, que a Kate terminou sua história. Uma parada cardíaca durante a noite, enquanto dormia, foi a solução perfeita que a vida deu a ela. Ela morreu sabendo que tinha sido adotada, que tinha ganhado a melhor dona do mundo e que seria feliz para sempre.
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