O Quiriquiri é o menor dos falcões, pesando aproximadamente 120 gramas quando adulto. Tem o tamanho de um sabiá e é um cisquinho.
Falco sparverius é seu nome científico, mas é conhecido por seus nomes populares: falcão-americano, falcão-quiriquiri, gavião-mirim, gavião-quiriquiri, gavião-rapina e gaviãozinho.
Ele é basicamente insetívoro, mas pode alimentar-se também de pequenos vertebrados, como camundongos, morcegos, pássaros e até pequenas serpentes.
Apresenta acentuado dimorfismo sexual, o que nos permite saber que o nosso pequeno guerreiro é um machinho robusto, valente e corajoso.
É territorialista e defende seu espaço, até mesmo contra outras grandes aves de rapina, com até 10 vezes o seu tamanho. Não se intimida e enfrenta os desafios que a vida lhe traz. Não sem motivo é uma espécie muito bem adaptada.
Ele ocorre em todo o continente americano, do norte do Canadá ao Sul da Argentina. O quiriquiri é o falcão mais comum e amplamente distribuído do Brasil. Vive em áreas abertas, como campos naturais, pastagens e clareira de matas, sendo ele bem adaptado em ambientes urbanos. Gosta de pousar em postes de energia, fios de eletricidade, antenas de telefonia e mourões de cerca, de onde procura insetos e pequenos animais no solo. Em épocas de revoadas de insetos, pode caçar saúvas, libélulas e cupins em voo.
Não constrói ninhos e nidifica em ocos naturais ou artificiais, como cavidades em árvores, buracos feitos por pica-paus, estruturas em postes, edifícios e ninhos abandonados de outras aves. O local do ninho pode ser utilizado por vários anos consecutivos e um casal pode gerar até 4 filhotes em uma temporada.
Infelizmente, por ser muito pequeno e muito abundante, e também por sua beleza, são capturados e mantidos em gaiolas ou pequenos viveiros, o que é uma extrema crueldade contra animais com instintos tão livres. Poucos sobrevivem muito tempo ao cativeiro.
Kim é o nome que escolhemos para este nosso personagem. Ele foi capturado pela Polícia Ambiental e entregue ao Ibama, para reabilitação e soltura.
Após um período de reabilitação, finalmente ele se mostrou em condições de retomar o caminho evolutivo do qual foi arrancado.
Chegou por aqui bem desconfiado. Com a abertura da caixa de transporte, ele tinha o mundo à sua espera, mas preferiu deixar que o mundo esperasse um pouco mais.
Investigou todo o ambiente, olhou à sua volta, deu uma última olhada para a caixa de transporte e ficou por ali, reconhecendo e medindo as distâncias de seu voo.
Finalmente, tomou coragem, deixou a caixa de transporte e ameaçou um bater de asas. Parecia que ganharia o céu com vontade, mas logo recolheu as asas e decidiu ficar ali mais alguns minutos.
A expectativa de quem assiste é sempre grande, pois o desejo é vê-lo voando e usando as habilidades tão necessárias nesse novo recomeço.
Mas o Kim não tinha pressa. Parecia saber que o sofrimento tinha chegado ao fim. De hoje em diante, ele seria o novo Rei daquele território e deixaria claro que tinha chegado pra se fixar ali.
Seu primeiro voo foi discreto, mas ainda assim capturado por nossas lentes. Ele havia passado tempo demais enjaulado e necessitaria fortalecer as asas.
A dieta insetívora facilitará sua adaptação, já que ele não terá ali dificuldade de encontrar alimento.
Um arbusto próximo foi seu primeiro posto natural, de onde ele vocalizava ferozmente, reclamando da presença de uma Coruja Suindara, também libertada naquela tarde.
Finalmente, nosso baixinho invocado estava em casa, pronto para reinar. Dali, um novo voo, dessa vez mais longo e mais vigoroso, mostrando que aquela reintrodução havia sido um sucesso.
Vá em paz, Kim. Encontre uma linda menina de sua espécie e cumpra a etapa evolutiva que o nosso Deus programou pra você.
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