Tudo leva a crer que o Lipe passou a vida em uma gaiola.
Ele é um periquito-rico que se acidentou durante um vôo e caiu no quintal de uma casa, desnorteado.
As pessoas que ali moravam o resgataram, colocaram-no em uma gaiola, ofereceram comida e água para que se recuperasse, penduraram a gaiola e abriram a portinha, esperando que ele ganhasse novamente a liberdade.
Mas ele não saiu e estava, claramente, assustado com aquela porta aberta à sua frente.
É isso amiguinho. Se você escapou de uma gaiola e caiu em mãos amigas, certamente não terá sido para terminar seus dias como escravo. Uma grande mudança estava pra acontecer na vida dele.
O Lipe merecia uma segunda chance. Se chegou às mãos de um de nossos voluntários, era porque a tarefa de ajudálo era nossa.
Por coincidência (só pra quem acredita nela), estávamos com o viveiro do santuário vazio, pelo menos era o que pensávamos. Então, precisávamos usar a estrutura que tínhamos para ajudá-lo.
Levamos o lipe pra lá, fechamos a saída do viveiro de aclimatação, penduramos sua gaiola em uma árvore e abrimos a portinha, de novo.
Novamente, ele não parecia interessado em sair. Mas a tentação foi grande e ele acabou deixando a gaiola, embora insistisse em permanecer perto dela.
Então, colocamos a gaiola no chão e retiramos o telhado. Ele ficou por ali, dando umas voltinhas e retornando para a pseudo segurança daquele recinto verde. Melhor acreditar que era só por causa da cor da gaiola.
Levou alguns dias, mas a adaptação foi a melhor possível. Posicionáva-se como poucos nos galhos da amoreira, que estava repleta de frutos maduros, esperando por ele.
Chegou com facilidade aos comedouros, experimentou novos sabores.
Esperávamos que, ao ganhar a liberdade, ele encontrasse um dos muitos bandos de sua espécie que vivem ali.
Mas, para fortalecer as asas, precisaria ficar alguns dias sozinho no viveiro. Pra nossa surpresa, ele não estava sozinho ali.
Um pássaro nativo havia se aproveitado do viveiro aberto e estava chocando dentro de um dos ninhos de bambu instalados ali dentro.
Ao sair do ninho, seu filhote estava junto, já grandinho e pronto pra começar uma nova vida.
O Lipe não gostou muito da companhia, mas esse não é um comportamento padrão. São espécies diferentes e nem sequer competem pelos mesmos grãos.
Não demorou muito e ele já estava muito a vontade.
Voava com desenvoltura e nos mostrava que estava pronto.
Hoje ele está livre. Se encontrou outros de sua espécie, se continua sua vida solitária ou se sucumbiu aos predadores naturais, nunca saberemos.
Mas, seja como for, ele está livre. Se tiver vida curta, não importa. Ele está no ambiente natural e, agora, já tem pra onde voltar, onde renascer.
Comentários / Mais informações sobre o anúncio devem ser obtidas com os anunciantes, no telefone ou e-mail indicados acima.
Comentários / Mais informações sobre o anúncio devem ser obtidas com os anunciantes, no telefone ou e-mail indicados acima.