Naquele dia, recebemos um pedido de ajuda pra você, amigo. Nós nem imaginávamos o que encontraríamos. Falava-se de um cachorro grande, com uma miíase na cauda e muito doente.
_Venham preparados, porque o caso é muito grave e ele vai morrer aqui.
E encontramos você encolhido, deitado em um canto, amedrontado e ameaçando morder diante de qualquer tentativa de manejo. Você sentia muita dor. O tom roxeado em sua pelagem dourada indicava que alguém já havia tentado alguma coisa.
Os detalhes mostravam que aquela miíase na cauda era o menor dos problemas. A Leishmaniose estava ali, com toda a força, pronta pra selar seu destino.
Um cachorro de porte médio, de poucos amigos e com Leishmaniose em grau avançado não seria exatamente um resgate. Pra piorar, não tínhamos para onde leva-lo e o abrigo que te deram foi apenas para que não morresse na rua.
Talvez, imaginaram que morrer abrigado e alimentado fizesse alguma diferença. E, na verdade, faz sim, toda a diferença.
Mas não há nada mais angustiante que resgatar um animal apenas para dar a ele uma morte mais digna e menos doída. A palavra dignidade neste caso não faz nenhum sentido. É usada apenas para amenizar as consciências humanas. Não há dignidade na ponta de uma agulha.
Naquele momento, enquanto fotografávamos, antes mesmo de sabermos qual seria o seu destino, demos a você um nome: Lobo. Nem de longe você lembrava a altivez de seus antepassados, mas mesmo assim, achamos que você merecia um nome forte.
Naquele momento, amigo, ainda sem permitir a aproximação, você me olhou direto nos olhos, como se questionasse: _Eu tenho mesmo que morrer?
Em seguida, você se voltou para o alto e ficou parado um bom tempo olhando para o céu, como se indicasse onde estava a resposta da pergunta que acabara de fazer.
Depois abriu o mais largo dos sorrisos e voltou a olhar em meus olhos.
_Velho. Você sabe como convencer, né?
Descobrimos então que aquela coisa roxa que jogaram em sua cauda tinha ajudado. Ou talvez você mesmo tivesse resolvido o problema, no dente.
A miíase havia separado sua cauda pelo meio. A ponta morta estava ainda pendurada no emaranhado de pelo embolado, apodrecendo e atraindo mais moscas.
Naquele dia, foi retirado, na tesoura, o pedaço de cauda sem vida, e retiradas as larvas que insistiam em te machucar. E sem as dores, você se revelou.
Só quem já resgatou um animal pra entender o que é o vínculo que se forma no momento de um resgate.
Além da miíase, já curada, e da Leishmaniose, com longo tratamento pela frente, os exames mostraram um pouco mais de seus segredos. Os dentes branquinhos indicavam pouca idade.
Outros males como babésia (tristeza canina) também já faziam estragos. Uma infestação de pulgas e carrapatos, que seu pelo insistia em esconder, mostrava que você era mesmo o mais abandonado dos cachorros.
Acabávamos de nos conhecer, mas eu já fazia planos pra você, amigo. Sabia que ali habitava um espírito único, um lobo dos mais especiais que já cruzaram nosso caminho.
_A luta será longa, Lobo, mas prometo a você que vamos tentar, enquanto houver uma chance, por menor que seja. Faça a sua parte, seja um bom cachorro e receba com afeto todos aqueles que se dispuserem a te visitar.
_ Seja bonzinho. Mostre às pessoas o quão especial você é, o quanto você ama a vida e o amigo verdadeiro que você poderá ser.
_ Que pena que aqueles que tiveram você por perto não tenham enxergado! Mas a vida é assim. As oportunidades estão aí para todos, mas só alguns têm olhos de ver.
Depois dos primeiros exames, era preciso remover todo aquele pelo embolado e fétido. E, à medida que a lâmina passava, ia revelando o que você mais queria esconder.
Notamos quando você abaixou a cabeça, como se sentisse vergonha de seu estado.
_Não foi culpa sua, amigo. Seus ex-donos é que deveriam se envergonhar.
Sabemos que o pelo longo e dourado é a sua marca mais imponente. Sabemos também que você vai se sentir pelado, mas essa tosa era necessária, até mesmo para que você pudesse ser melhor examinado.
E não vou me esquecer, logo depois da tosa, quando chegamos pra te ver. _Que tragédia! – pensei eu – O cara é quase um Chow Chow e está agora parecendo o mais sem vergonha dos abandonados. Só havia cabeça, costela e canela.
A tosa revelou um cãozinho ainda mais doente do que a primeira examinada foi capaz de mostrar. A cauda arrancada já estava quase cicatrizada, mas os ossos todos à mostra indicavam fome, muita fome.
Poderia ser também resultado da Leishmaniose, mas isso o tempo vai dizer.
Notei também a sua resistência de vir ao meu encontro. Naquele dia, eu não tinha levado os petiscos. Seria a oportunidade perfeita pra testarmos se aquela amizade toda era verdadeira ou apenas interesse de lobo guloso.
E nada poderia ter me alegrado mais que saber que agora somos amigos. Aquela festa, aquele pedido de colo e o esfrega em minha barriga caíram como uma demonstração de que nossa amizade agora é pra sempre.
Na verdade, você queria me contar novidades, né amigo?
E você parecia dizer: _ Oi, amigo. Não estou mais sozinho. Tenho agora uma namorada. 🙂
E ele insistia. Só faltava me puxar pela camisa. _Vem conhecer a Lua.
_Cara. Você está lutando pela vida e ainda está pensando em namorada?
_Ela é linda. Você vai ver.
_Vem, Lua, conhecer meu amigo.
Lua é uma cadelinha bem velhinha, muito doente. Ela precisava ser operada às pressas, mas seus exames estavam tão ruins que os médicos adiaram ao máximo o procedimento, que seria de risco extremo.
Ela aceitou também ser minha amiga, mas não era de fazer festa. Saiu da casinha fazendo um grande esforço, pra vir ao nosso encontro.
Parecia se arrastar, e não era pouco caso. A menina estava mesmo muito debilitada. Viveu tempo demais pelas ruas, mais do que poderia suportar.
A cirurgia dela não poderia ser adiada por muito tempo e ocorreu poucos dias depois. Não sabíamos sequer se ela sobreviveria. Mas, ela sobreviveu, foi levada para um lar temporário e segue vivendo. Está bem e espera por adoção. É uma cadelinha que passa a maior parte do tempo deitada, descansando.
O Lobo se apegou a ela e sentiu muito assim que ela partiu.
Restará a todos nós rezar para que ela se recupere e volte para os braços de um rapaz romântico e cheio de amor pra dar. Hoje estão separados e talvez não voltem mais a se encontrar.
Lua estava tão apática e sem energia que parecia que ela nem sabia do namoro com o Lobo.
Seja como for, eles têm muito em comum. Ambos estão lutando pela vida e caberá a nós dar a eles motivos pra que lutem com bravura.
O Lobo já tinha padrinhos que pagariam todo o tratamento. Esperávamos que fosse entregue tratado, castrado, vacinado e pronto pra recomeçar.
Boa parte do tratamento já foi vencido, mas ainda restava etapas pela frente. Precisávamos muito acreditar que o tratamento seria um sucesso e que tudo daria certo.
Decidimos que, enquanto estivesse por aqui, você seria o mascote do Projeto O Lobo Alfa no Facebook. Suas fotos ficariam na capa de nossa página, não apenas pra fazer exposição da própria figura, mas pra ensinar às pessoas que Leishmaniose não é sentença de morte.
Queríamos que as pessoas soubessem que existe um cachorro chamado Lobo, muito, muito especial, e que esperava por um recomeço.
Capítulo II.
Trinta dias depois de iniciado o tratamento e você continuava internado, amigo. Não era pela necessidade de internação, mas porque não tínhamos pra onde levar você. Naquele tempo, já prometíamos a você que viveríamos muitas aventuras.
Estávamos felizes com os resultados. Esses 30 dias de internação, as vitaminas, o coquetel de remédios e um regime de engorda, transformaram aquele cachorro magrelo num lobinho parrudo, arteiro e brincalhão.
Descobrimos que você ainda era filhote. Que surpresa! É triste, amigo, saber que mesmo tão jovem você estava tão estragado. Ao mesmo tempo, nos alegramos por saber que você ainda terá muita vida pela frente e que poderá ainda aproveitar o restinho da infância.
Infelizmente, aquela caudectomia descartada no início teve que voltar à pauta. Embora já cicatrizada a ferida, você ficou com a pele muito fina na ponta da cauda e, como você é muito agitado e não para de abanar o rabinho, acaba batendo a pontinha e abrindo feridas.
Não podíamos deixar como estava, Lobo. Já pensou se cada vez que você ficasse feliz sua cauda começasse a sangrar? Aproveitamos a anestesia da castração para deixar o seu rabinho um pouco menor, mas com isso, acabamos de vez com esse probleminha.
E ficava me perguntando quando é que você cresceria. A cada visita, era recebido por um sujeito arteiro, bagunceiro, que não parava de pular e de fazer festa.
Tá certo que quando te visitava, estava preparado pra te dar a atenção que precisava. Mas eu não era o único a te dar trela. O pessoal aqui da clínica te deu uma boa assistência e você não tinha do que reclamar.
Mas estou preocupado com você amigo. Se não bastassem todos os problemas, teremos ainda que procurar um adotante com disposição e paciência para um filhotão bagunceiro e agitado?
Quem aguenta um lobo assim? Apartamento pra você nem em sonho, né?
Temos também que explicar aos seus futuros donos que, por um petisco, você faz qualquer coisa.
Como explicar que não conseguimos uma só foto sua deitado, relaxado, curtindo preguiça?
Se alguém quiser sua companhia para sentar na sala e assistir televisão, terá que esperar mais alguns anos, até você perder essa agitação de filhote.
E haja passeios pra gastar tanta energia! A Aline até que se esforçou pra te ensinar alguns truques.
Mas você não ajudava, velho!
Descobri também que você estava na idade de coçar os dentes e destruir chinelos. Até aí, tudo normal.
Mas como será quando contarmos que você destrói chinelos com os dedos dentro?
Nem tudo está pedido. Testamos também sua agressividade e descobrimos um lobinho que aceita dividir a comida e não fica chateado se alguém interfere na sua refeição.
Isso é muito bom pois te credencia a ser o melhor amigo, mesmo de crianças bem pequenas. Claro que a sua agitação é um perigo à parte, mas dela seus donos conseguirão cuidar.
Outras etapas do tratamento vieram, com altos e baixos, como é esperado em casos assim. Naquela ocasião, tudo era incerto, mas a vida nos presentearia com outros momentos pra contar, outras descobertas a fazer. Prometi que você seria feliz, amigo, e que viveríamos boas aventuras juntos.
Entretanto, tudo isso tinha um propósito. O tratamento para a Leishmaniose seria pesado. Os remédios certos eram importantes, mas sabíamos que era preciso mais. Você precisaria de motivos pra lutar.
Decidimos lhe dar esses motivos, trazendo-o para uma temporada em nossa casa. Aqui, você teria, finalmente, uma família e bons amigos.
Nada pode ser mais importante que esquecer o passado e se sentir estimado de verdade. Sabíamos que você precisava de uma família, de amigos verdadeiros, de se integrar em uma matilha feliz e equilibrada. E aqui, tínhamos tudo que você precisava.
Nossa primeira aventura foi inesquecível. Não achei que um dia veria você tão solto, tão feliz, tão equilibrado e tão disposto a viver.
Você teve ótimos mestres. A Pintada foi treinada pra ajudar lobos como você. Há 10 anos que ela exerce essa tarefa por aqui. Não tem mais a energia de antes, mas ainda sabe bem como receber um novo amigo.
Você não sabia, amigo, que sua estadia por aqui seria temporária. E nem precisava saber neste momento. Quando chegar a hora de você partir para sua nova casa, a saudade vai doer, como sempre.
Mas é assim que tem que ser. Depois de você, outros virão. E seus futuros donos conhecerão sua história e saberão o tamanho da responsabilidade que assumiram. Eles não estarão adotando um cachorro doente, abandonado e triste. Receberão um lobo de ouro, cheio de vida, e muito amado.
Que sejam capazes de entender que, ao receberem você, assumirão o compromisso de dar sequência ao que iniciamos, fazendo de você o lobo mais feliz do mundo, pelo resto da vida.
ATUALIZANDO: Carnaval 2018
Sabíamos que você era um meninão e muito sociável com fêmeas, mesmo as pequenas.
Na época de seu resgate, tínhamos aqui um rapazinho atrevido chamado Théo, de apenas 3 quilos. Temíamos que seu relacionamento com machos pudesse não ser exatamente o que gostaríamos e, como não tínhamos estrutura para separá-los, decidimos então mantê-lo mais tempo do que precisava internado. Infelizmente, amigo, não tínhamos escolha.
Por isso, retiramos você da Clínica somente depois que o Théo foi adotado.
Mas quis a vida que o pequeno neguinho fosse devolvido, e aí tivemos que contar com a sorte e com a sua índole.
E que tamanha alegria sentimos ao ver vocês dois se tornarem os melhores amigos de infância. Dividiam os brinquedos como irmãos que cresceram juntos, mesmo que apenas um de vocês tivesse crescido.
Claro que rusgas poderiam surgir. Desentendimentos entre crianças são sempre muito comuns, mas você, Lobo, sabia como ninguém lidar com os arroubos do Théo, sem nenhum sinal de agressividade e recuando quando necessário pra evitar o embate.
A balança também mostrou um cachorro saltando de 12 para quase 20 quilos. Claro que boa parte dessa engorda estava na capa de gordura que, àquela altura, já cobria suas costelas que antes estavam tão expostas.
Mas desconfiávamos também que você tinha crescido um pouquinho. A veterinária que te acompanhava também disse que você tinha sido castrado ainda filhote e que, por isso, ficaria com o pintinho miúdo pelo resto da vida.
Fazer o que? De qualquer forma, você não iria mesmo precisar mais dele. Chegou-se então à conclusão que, quando do resgate, você deveria estar com 5 ou no máximo 6 meses de vida, o que explicava a sua agitação e o fato de só fazer xixi abaixado, na terra.
As nossas aventuras naquele carnaval de 2018 foram ótimas e marcariam a despedida do Théo. Ele não tardou ser novamente adotado.
Já você amigo, ainda continuou um tempo por aqui. O tratamento prometia ir longe.
Mas a vida sempre encontra uma forma de compensar as coisas. Até lá, viveremos outras aventuras, faremos mais expedições, você terá a oportunidade de viver outras alegrias.
Seus futuros donos nem imaginam o que os espera. Receberão o cachorro mais feliz do mundo, mesmo com todo aquele começo de vida complicado.
E você fazia jus ao nome que recebeu naquele primeiro dia. Em ambiente natural, parece mesmo um lobo.
Seu caminhar não é exatamente a coisa mais elegante que já vimos em um Chow Chow. Parece haver alguma atrofia ou sequela nas pernas traseiras, mas nada que te impede de correr e pular. Só mesmo um olhar muito atento pra notar a diferença.
Vê-lo descobrindo o mundo e se integrando ao nosso território nos antecipava a satisfação do dever cumprido, mesmo antes de sabermos se venceríamos a guerra.
Encontrar água em ambiente tão hostil não é tarefa para amadores, e você mostrou que estava pronto para a vida. Aquela água de chuva acumulada num tronco oco não era o ideal, mas em uma aventura assim, vale tudo. Deus toma conta.
Poucas vezes vivemos por aqui aventuras tão intensas. Foram dias de correria, caminhadas e brincadeiras.
Nem tudo era agitação. Os momentos de descanso também eram necessários. Finalmente, consegui fazer fotos com você relaxado e quieto.
Vou colocar mais essa em nosso caderno de experiências. Quando outro lobo agitado chegar por aqui, saberei que o cansaço é o melhor remédio para obtermos as melhores fotos.
A sabedoria dos antigos ensina que nada melhor que um jardim da infância pra fazer uma criança dormir bem à noite.
E vocês dormiram como pedra. Nem acordaram curiosos com os barulhos da noite, de outros amigos de hábitos noturnos.
É isso, amigo. Suas últimas fotos mostram o quanto você já estava bem.
O tratamento terminou e os últimos exames vieram exatamente como desejávamos. Temos agora um lobo livre da doença, saudável e pronto para recomeçar.
A ADOÇÃO
Um dia, recebemos uma mensagem de alguém interessado em adotá-lo. Que alegria!
Claro que você precisava de adoção, amigo, mas não poderíamos omitir a verdade. Tive que contar para a sua futura família tudo que você apronta. Contei que você era bagunceiro, que era positivo para Leishmaniose, que necessitaria tomar remédio por toda a vida, que blá, blá, blá.
A intenção não era “queimar o seu filme”, mas ter a certeza de que você teria donos que te aceitariam, com todos os seus defeitos. Esse é o verdadeiro sentido da adoção.
E mesmo com todos os entraves, a Mary e Izabella se apaixonaram e decidiram que queriam você como filho. O que poderia ser melhor que isso?
Apesar de tudo isso, você chegou por lá desconfiado e fazendo pouco caso de tudo que a Mary e a Izabella te prometiam. Que coisa feia! Não era o que tínhamos combinado.
Velho! Ponha essa patinha na consciência, amigo. A Mary nos contou que tinha se emocionado com sua história e que queria muito transformar sua vida. Disse mais, que você faria parte da família, que seria recebido como filho, com direito até a dormir na cama. O que mais você quer?
Mas se você sabe fazer pouco caso, a Izabella também sabe fingir indiferença.
E elas tinham preparado um tanto de surpresas pra te receber. Petiscos, bifinhos, biscoitos e tudo que você adora.
Nós sabemos, Lobo, que pra você, esses primeiros momentos terão um sabor de abandono. Para um cão adulto, cada mudança de casa é um abandono. Sabemos que você vai sentir, e nós também. Já estávamos acostumados com suas artes por aqui.
Mas sabemos também que, com tanto empenho e afeto, você vai se sentir em casa novamente.
As fotos acima ajudarão suas novas mães a te conhecerem um pouco e saberem do que você é capaz. O fato é que você ainda é filhote, né? Esse comportamento logo vai se dissipar e você se tornará um bom e comportado companheiro para os filmes e novelas.
Você vai se apaixonar por suas novas mães, como um dia deve ter se apaixonado por aqueles que te abandonaram. Afinal, você veio ao mundo pra amar, né, amigo? E nada poderia ser melhor pra você que ser adotado por pessoas que entendem o verdadeiro propósito da vida de um cachorro.
Vocês estão aqui pra evoluir e se humanizar. E Deus não poderia ter nos dado missão mais nobre que conduzi-los nessa evolução.
Deixamos você naquele final de tarde, com a alma leve, na certeza de que tínhamos cumprido uma missão das mais especiais. Acho até que esse era o seu destino, amigo, desde o dia que você viu a luz pela primeira vez.
Vai entender o porque de tantos caminhos tortos.
Depois de alguns minutos, ainda desconfiado mas sentindo que tínhamos acertado na escolha, você veio a mim. Naquele momento, percebi que era uma despedida.
Claro que vou sentir saudade, amigo. Não vou esquecer nossas aventuras.
Mas a vida é assim. As despedidas talvez sejam os carmas dos protetores, mas você já não precisa mais de nós. Estava mesmo na hora de seguir seu destino.
O Caco, que você recebeu tão bem, precisa muito de nós. Toda nossa dedicação precisará se voltar pra ele. Queremos que ele sobreviva, e que encontre ao final uma família tão especial quanto a sua.
Seja feliz, amigo. E quando, daqui há uns 20 anos, chegar a sua hora de partir, que você leve a lembrança de uma vida feliz, de mães amorosas, e que esteja mais perto da “terra dos cachorros que falam”.
E se precisar voltar a este mundo, que volte confiante, com a certeza de que seus antepassados acertaram quando decidiram se aproximar dos homens.
Obrigado, Mary e Izabella. A adoção é uma linda ação, e é uma via de mão dupla. Sem medo de errar, afirmamos que vocês receberam alguém muito especial por aí, que veio ao mundo pra nos fazer melhores.
E que vocês sejam capazes de enxergar o Deus que habita este nosso menino, e que aproveitem cada minuto que a vida lhes der ao lado dele. Ele é mesmo muito especial.
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