Atendendo a pedidos, finalmente a matéria sobre o Magela, mais um cãozinho cego que foi abandonado, ainda filhote.

Por que focar em animais velhos e deficientes, com tantos animais jovens e saudáveis, tão esquecidos quanto os primeiros?

As razões são simples. Nossos objetivos mais ousados (falamos em objetivos e não em sonhos) passam pelo esvaziamento dos abrigos e pelo recolhimento de TODOS os animais que ainda esperam o resgate pelas ruas.

Para isso, precisamos apenas despertar os protetores adormecidos.

Nosso lema: Há de vir o dia em que todos os humanos sobre a terra serão protetores de animais.

Quando nos perguntam se, em nosso lema, há lugar para pessoas como Dalva, Camila (a assassina do York) e tantas outras da mesma estirpe, afirmamos que esses estão de partida e não voltarão mais. O mundo está em transformação e a “Lei do Retorno” nunca foi tão eficiente quanto agora.

Se conseguirmos doar o Magela, o Dougue, a Francisca, a Sasha e mais alguns outros com poucas chances, teremos aí a prova de que estamos no caminho certo.

Quem diria, há alguns anos atrás, que seria possível doar três cães cegos em menos de 30 dias? Angel, Baltazar e Losk estão aí para nos mostrar onde podemos chegar, ou melhor, onde chegamos.

http://oloboalfa.com.br/goiaba-e-angel-juntos-pela-inclusao-social/

http://oloboalfa.com.br/baltazar-destino-ou-azar/

http://oloboalfa.com.br/losk/

O futuro é agora. Devemos abandonar o discurso de que “Não acredito mais em seres humanos”. Os homens são bons e são capazes de transformar o mundo. Os maus são exceções. Desses, não queremos nos ocupar.

Precisamos acreditar que tudo é possível, que podemos mudar o mundo, que, em breve, nenhum animal será abandonado ou sofrerá maus-tratos. Queremos nos orgulhar de sermos gente. Queremos sentir que somos tão especiais quanto a outra Camila (adotante de Goiaba e Angel), Marília (adotante do Baltazar) e Ana Paula (adotante do Losk).

Mas o assunto desta matéria chama-se MAGELA.

Além de cego, ele tinha outro preconceito a vencer. É um legítimo SRD de porte médio. Foi jogado fora pra morrer, porque era cego e não serviria pra nada.

Entretanto, ele seria, ou melhor, será um ótimo cão guia. Não guiará um humano com a mesma necessidade. Mas é certo que será capaz de conduzir qualquer um, mostrando que viver vale muito a pena.

Ele não pode ver um dia de sol, mas adora o sol da manhã. Ele não pode ver a beleza de um jardim, mas adora pisar na grama. Ele não pode ver o sorriso de quem o acaricia, mas reconhece o tom de voz e o cheiro de quem se aproxima. É muito carinhoso com quem conhece. Faz festa, bate as patas, é um cão muito querido e especial.

Tinha quase tudo pra ser um cãozinho feliz e equilibrado. Faltava-lhe apenas um dono. Se, em menos de 30 dias, foi possível mudar o destino de Angel, Baltazar e Losk, era certo que, em algum lugar, alguém muito especial esperava pelo Magela.

Embora abandonado ainda filhote, ele não era tão novinho. Mostra-se exigente, indicando que, em algum momento, teve a atenção e o carinho de alguém. Mesmo sendo um cão rústico, não dispensa um pano pra dormir, gosta muito de ração e de companhia humana.

Se assusta com facilidade mas, apesar disso, demonstra confiança nas pessoas. Gosta de brincar e até de ser escovado, necessitando apenas ouvir a voz de quem se aproxima. Não resiste a uma boa conversa. Qualquer um que tenha boa lábia, faz dele gato e sapato.

Também é sociável com outros cães, precisando apenas ser apresentado aos poucos.

Não serviria como cão de guarda, porque o Magela é um “boa-praça”, daqueles que não estranham ninguém. Precisava de um dono, mas não um dono qualquer. Precisava ser doado a pessoas que se comprometessem a proporcionar-lhe qualidade de vida. Precisa passear com frequência e de companhia humana. Se não fosse assim, melhor que ficasse onde estava. Afinal, ele vive na total escuridão e não seria justo mantê-lo confinado em um canil.

Quando conhece o local onde está, até arrisca umas corridinhas. Mostra-se muito inteligente e capaz de identificar os obstáculos em questão de horas.

Procuramos enaltecer as qualidades do Magela, com o evidente propósito de dar a ele melhores chances.

Precisávamos acreditar que era possível. Faríamos tudo, confiando que todo esforço valeria a pena, qualquer que fosse o resultado. Acreditamos que os animais também têm seus destinos, contra os quais nada podemos fazer. Mas, por falta de uma “bola de cristal”, deveriamos insistir um pouco mais.

Foi o que fizemos e o desfecho nos mostrou que estávamos certos. Bem distante do abrigo onde vivia o Magela, alguém especial ficou conhecendo sua história e decidir reescrevê-la. Nívea Barreto era o nome de sua salvadora. Escreveu-nos, manifestando o desejo de recebê-lo.

Restava agora encontrar uma forma de levá-lo até sua nova dona, que morava em São Paulo. Foi aí que recebemos uma ligação da Fernanda, protetora do Espaço dos Animais, que estava precisando levar para São Paulo a Dócil, uma mestiça de Pitt Bull, que havia também sido adotada por alguém especial.

Agora já eram dois lobos com destino a São Paulo. Na verdade, três. A Brisa, uma mestiça de Poodle com qualquer coisa espetada, também havia conseguido um adotante em São Paulo. Faltava apenas preparar tudo e seguir viagem. A Fernanda se dispôs a levá-los.

Eles partiram em uma manhã de sábado. A viagem foi longa e demorada, com muitas paradas. Lá em São Paulo, três famílias distintas esperavam a comitiva. Intencionávamos preparar uma bela matéria contando a aventura, chamando-a de “A GRANDE JORNADA”.

Mas não precisamos. Na verdade, a Fernanda fez isso por todos nós, preparando um vídeo mostrando a aventura, desde que deixaram Belo Horizonte, até o encontro com as novas famílias, em São Paulo.

http://www.youtube.com/watch?v=rNc-ngg9GbY

Todos chegaram muito bem. Tivemos notícias da completa adaptação da Brisa e da Dócil. Já o Magela, demorou uns dias, em um processo de socialização com sua nova companheira canina, uma Pastora Alemã muito dócil, chamada Nina.

Apesar deste desconforto inicial, recebemos uma mensagem da Nívea, contando que, com os humanos, a adaptação foi perfeita, que ele já conhece toda a casa e os novos donos, que interage muito bem, que é carinhoso e muito inteligente. Segundo as palavras da Nívea: “Não vou desistir. O Magela é meu cachorro agora.”

Ficamos na espera de uma foto em família, do Magela e da Nina, dividindo o mesmo ninho. Acreditávamos que, com um bom trabalho de socialização, tudo se ajustaria.

E naõ foi diferente. Em mais algumas semanas, graças à dedicação e cuidados da Nívea, tivemos a notícia da completa adaptação do Magela, oportunidade em que também recebemos as fotos abaixo.

As notícias são sempre as melhores: “O Magela está ótimo, dorme a noite toda enrolado no cobertor, acorda lá pelas 8:00 da manhã com  uma fome danada e adora a ração com aqueles sachês da Pedigree. Já está mais barrigudo. Sai  para caminhar e já dá, sozinho, suas voltas pela casa. Hoje colocou pra correr o entregador de gás com seu poderoso latido.”

Muito obrigado Nívea, por esta acolhida, em nome de toda a equipe da CÃO VIVER e do Projeto O LOBO ALFA. Que você e sua família sejam sempre abençoados e que colham tudo o que vêm plantando.

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