Gambás fazem parte da paisagem urbana e muitos são os encontros deles com cães e até com pessoas mal informadas, que colocam suas vidas em risco.

De vez em quando, um desses invasores de telhados e terreiros acabam sendo capturados e entregues às autoridades ambientais.

Foi o que aconteceu com este pequenino, que não era maior que um rato.

Ele ainda é filhote e, provavelmente, deixou há pouco o dorso de sua mãe. Gambás são marsupiais. Eles passam a primeira infância dentro da bolsa ventral e, quando ali não cabem mais, eles migram para as costas da mãe e ali ficam, até terem tamanho suficiente pra se virarem sozinhos.

E para aqueles nascidos em área urbana, esse é o período mais perigoso, já que, sozinhos e ainda sem a experiência de um animal adulto, acabam invadindo jardins e cruzando caminhos de cães, gatos e até de gente ruim.

Muitos dos gambazinhos nascidos em área urbana terminam a vida antes de completarem maioridade.

Por sorte, este pequenino foi resgatado sem ferimentos, o que lhe permitiu uma segunda chance em terras distantes.

O nome escolhido pra ele lembra um certo rabugento de uma animação antiga. E o vídeo de sua soltura é bem sugestivo. Mostra o momento em que foi libertado e a ingratidão com sua salvadora.

Ele não fala, mas dava pra ver em sua expressão os xingamentos.

Saiu andando de lado e contando o maior desaforo. Mutley ainda é filhote, bem pequenino.

O lugar escolhido para libertá-lo é uma mata distante de qualquer construção, longe de cães e gatos, perto de uma lagoa e com muitas frutas.

Insetos, que são a base de sua alimentação, são também abundantes ali.

E ele sabia pra onde deveria ir. Os instintos estão todos ali. Sabe como se esconder, como evitar predadores, como encontrar comida.

As chances dele serão grandes. Muitos foram os gambazinhos de orelha branca que soltamos em nossas terras. Como são animais de hábitos noturnos, depois da soltura eles raramente são vistos novamente.

Em um santuário, a presença humana precisa obedecer algumas regras, como evitar a noite e o crepúsculo, que são as horas de caça de alguns dos predadores maiores.

Mutley, o nosso gambazinho não muito camarada, seguiu rumo à escuridão da mata, se camuflando entre as folhas e as sombras.

Como a soltura ocorreu durante a manhã, seu primeiro destino será um buraco qualquer, que pode ser em um cupinzeiro, em um tronco velho ou qualquer lugar que lhe mantenha fora da visão de aves de rapina.

Nesta fase da vida, os gaviões são sua maior ameaça. Mutley seguiu seu caminho, agora distante das cidades. Voltou a ser “bichinho do mato”.

Não voltaremos a vê-lo e, se vermos algum da espécie, não saberemos reconhecer este ou aquele. Animais silvestres de uma mesma espécie são todos muito parecidos. Alguns marcas, cheiros, cores e tons são como impressões digitais, que permitem que eles se reconheçam.

Mas essa linguagem é exclusiva para eles próprios. Nós não temos a capacidade de entender.

Vá, amigo. Seja o que nasceu pra ser. Mantenha-se longe dos homens e evite as estradas e as casas. Crescei e multiplicai.

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