Esta história teve por objetivo encontrar adotantes para uma mãe e 4 lobinhos peludinhos, bem pequeninos. Eles eram Billy, Suzi, Luck e Tininha. Dois meninos e duas meninas, que já poderiam ser entregues aos adotantes a partir do dia 28/10/2017.

Eles foram adotados, mas essa história tem ainda propósitos que vão muito além das adoções.

Precisamos contar a história deles e de como chegaram ao lugar onde esperaram por adoção.

Num tempo muito distante, em terras mais longe ainda, existiu certa matilha. Eram lobos quase selvagens, mas que conheciam as leis capazes de transformar corações humanos.

(Texto modificado. Original: Mayã, Oswaldo Montenegro)

Um dia, contamos uma história que, contra protestos de alguns, intitulamos de “O inferno dos Poodles”. A expressão era pesada demais, mas não encontrávamos melhor definição.

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Fomos pressionados a denunciar. A comoção era pelo apedrejamento em praça pública dos responsáveis por aquela tragédia.

Apesar da resistência dos envolvidos, os trabalhos prosseguiram como foi possível.

Um dia, uma morte prematura em um mutirão de castração nos impediu que continuássemos e, de lá pra cá, quatro longos anos se passaram.

Apesar disso, o saldo foi positivo, pois pelo menos 70 vidas puderam ser reconduzidas.

O tempo tem o poder de fechar feridas e, finalmente, as portas se abriram novamente e, dessa vez, nossos mentores se encarregaram de escolher as pessoas certas para atuarem ali.

Em quatro anos, alguns daqueles que lá deixamos, e outros que nem chegamos a conhecer, ficaram pelo caminho.

Mas havia tempo pra salvar outros 40, sendo a maioria de Pinschers bem pequeninos.

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Como da outra vez, muitos foram os apelos para que denunciássemos, apontássemos o endereço e “fizéssemos justiça”, como se tivéssemos essa capacidade de julgamento.

Entretanto, qualquer transformação que possamos desejar no mundo precisa passar pela transformação humana. Somos parte de um organismo único chamado humanidade. Ou crescemos todos ou não chegaremos a lugar nenhum.

Muito mais importante que castigar malfeitores, é convertê-los, verdadeiramente.

E foi aí que recebemos uma missão que não esperávamos: _Não só os cães precisam de ajuda. Não há outro caminho que não seja o do amor. Virá o dia em que todos os homens serão protetores de animais.

O restante dessa história será contada pela Belinha.

De alguns poucos dias pra cá, passei a ser chamada de Belinha. Eu sempre achei que tivesse donos, mas eles não sabiam. Às vezes me alimentavam, mas esqueciam quase todos os dias.

Mesmo assim, eu me virava como podia. Senti muita fome, dormia ao relento e coloquei no mundo muitos filhotes, que nunca chegaram à idade adulta.

Na rua, fui atropelada muitas vezes. Os anos me fizeram colecionadora de cicatrizes. E, como tudo é troca, pra compensar as cicatrizes que ganhei, perdi alguns dentes, nos mesmos acidentes.

A cada cio, uma ninhada fadada ao insucesso. Eu os despejava onde dava, tentava ser a mãe que eles mereciam, mas nunca tive saúde pra cuidar sequer de mim mesma. A fome era constante e eu nunca tinha leite suficiente pra manter vivos os meus filhos por muito tempo.

A última ninhada nasceu sobre um amontoado de ferro retorcido. Eram 5 filhotes, mas um escorregou pra debaixo de uma daquelas chapas e nunca mais foio visto. Ninguém notou meu desespero pra tentar resgatá-lo.

Um dia, alguém percebeu a precariedade da minha vida e decidiu intervir.

Não era o que eu merecia, e nem o que eu precisava. Mesmo assim, ganhei uma caminha, debaixo de um tanque de água, fechado com uma toalha fina.

O lugar sequer me protegia da chuva, mas as pessoas que estavam me ajudando não tinham recursos pra fazer mais.

Dos filhotes sobreviventes, os dois meninos eram Billy e Lucky. Billy era marronzinho e o Billy, bem pretinho.

As duas meninas eram Suzy e Tininha, duas pretinhas, todos muito peludinhos como eu.

Os filhtoes estavam bem, mas a chegada da estação chuvosa tornava urgente que uma mudança maior acontecesse em nossas vidas.

E como a vida sempre se encarrega de unir pontas soltas, nosso destino estava sendo também conduzido de outro plano.

Do outro lado da cidade, havia um tiozinho muito triste. Ele gostava muito de cachorro e já havia sido o pai de uma numerosa matilha. Mas ela não tinha mais condições de cuidar de tantos cachorros e acabou por permitir a partida de seus filhos.

Então, a varanda onde um dia se amontoaram mais de 50 cachorros, foi transformada em uma maternidade, para abrigar cadelinhas como eu.

E lá fomos nós, rumo a um novo abrigo, tentar escrever uma história diferente. Eu estava com muito medo e ameaçava morder a qualquer um que se aproximasse. Defenderia meus filhos, mesmo que pra isso precisasse sacrificar os poucos dentes que me restavam.

Assim que cheguei, ganhei uma casinha bem grande, sequinha e protegida da chuva e do sol.

Nosso padrinho, o tio Nilson, nos recebeu com o coração em festa. Percebi logo que eu e meus filhos estávamos ali com uma missão: de fechar uma profunda ferida e ajudar na recuperação de um bom homem.

Claro que nós também precisávamos mais que tudo daquela ajuda. A vida dos meus filhos dependia daquela acolhida. E isso só fazia daquele encontro algo ainda mais especial.

A caminha que ele nos preparou era a melhor que poderíamos ter. Era algo que nunca sonhei que tivesse um dia.

Os filhotes dormiam e mamavam. Com 30 dias de vida, eles já estavam espertinhos e saudáveis. Nunca um filho meu havia chegado tão longe.

O tio Nilson era muito dedicado e eu me afeiçoei muito a ele. Sempre que ele chegava pra nos ver, eu corria ao seu encontro, pulava e fazia festa, pedia colo e recebia carinho, como se fosse ele meu dono de uma vida inteira.

Eu sabia que um dia nos separaríamos, e ele também sabia. E claro que doeu. Mas, o combinado era que tínhamos dia certo pra sair daqui. O meu amigo precisaria esvaziar a maternidade para receber outras mãezinhas necessitadas, e assim poderia também se curar.

Ele precisa aprender que a missão dele no mundo é ser o caminho na condução das almas dos animais, e não o destino delas. Era preciso treinar o desapego. Era preciso aprender a não sofrer com a separação, e esperar pelos próximos que cruzassem seu caminho.

O tio Nilson não é mais acumulador. Ele agora é protetor de animais, mas pra isso dar certo, os combinados precisavam ser rígidos. Então, em 5 semanas eu e meus filhos teríamos que nos despedir do Tio Nilson, com ou sem adotantes.

Os meus filhotes eram os lobinhos mais lindos que já vi e queria muito que eles tivessem uma vida diferente da minha.

Eu também esperava ter uma vida diferente. Sou uma cadelinha de porte pequeno a médio, com alguns dentinhos a menos, focinho já branqueado pelo tempo.

Eu estava feliz. Precisava de novos donos e seria um grande presente pra mim, poder levar comigo um dos meus filhos. Esta ninhada será minha última chance de ter uma matilha, pois serei castrada assim que os pequenos desmamarem.

Meu sorriso era um pouco diferente, vazio do lado esquerdo, mas eu esperava que os donos que a vida me trouxesse não se importassem com isso.

Não vão ligar se já vivi muito, nem se eu tivesse alguma necessidade especial. Afinal, depois de tudo que vivi, talvez eu não tivesse mais uma saúde de ferro, nem viva mais por muitos anos.

Mas eu estava bem. Ganhei vacinas e vitaminas. Que a vida que me restar, seja suficiente pra apagar o passado. Quero ser cachorrinha de colo, como um dia talvez eu tenha sido.

ATUALIZANDO…

Com 45 dias e já desmamados, os filhotes estavam prontos pra começarem uma nova vida.

Mas, ao contrário do que geralmente ocorre, não foram eles os primeiros a serem adotados.

Assim que desmamaram, fomos buscar toda a família, cumprindo o combinado com o Tio Nilson. Precisávamos ser rígidos, pois não só os cães estavam ali pra serem ajudados.

E foi assim que eles partiram: A Belinha no porta malas, junto com uma de suas filhotinhas e os outros três lobinhos no colo. Eles deixaram a maternidade do Tio Nilson com destino a uma Clínica Veterinária, mas a Clínica era apenas uma parada.

O destino era outro…

Belinha, que agora se chama Framboesa, foi a primeira a ser adotada, junto com uma das meninas, que ganhou o nome de Jabuticaba.

Passaram pela Clínica, tomaram um bom banho, colheram sangue para exames e, já limpinhas e com lacinhos coloridos, foram conhecer sua nova casa.

Os três filhotes partiram juntos para o SPA Animal, onde também receberam os cuidados de que precisavam, até serem adotados alguns dias depois.

A Belinha, ou melhor, Framboesa, logo se interessou pelas surpresas que estavam à sua espera na nova casa.

Foi de lamber os beiços. Comeram até não aguentarem mais. Daquela ração elas ainda não tinham experimentado, mas adoraram, é claro.

A recepção não poderia ter sido melhor, com direito a promessas de amizade eterna e muito, mas muito chamego.

Eles ganharam uma mãe dedicada e um pai, que as escolheu por fotografias, e já as estimava antes mesmo de ser a elas apresentado.

Ele estava viajando, mas acompanhando pelas mensagens, a chegada de suas filhas.

O sorriso largo da Fram, mesmo faltando dentes de um lado, era o sinal claro de que havia aprovado a escolha.

A vida dela nos últimos tempos foi feita de grandes saltos, e cada um mais alto que o outro. A maternidade já havia sido um grande avanço, mas longe, muito longe do que elas têm agora.

Acomodou-se no chão, junto com a Elisa, e ali ficou aproveitando o que nunca teve.

Depois foi estimulada a conhecer um novo conceito de cama, macia e cheirosa.

Ela ficou desconfiada no início, mas na verdade estava receosa de fazer algo errado. Parecia querer agradar e não estava acreditando que aquela caminha fosse dela.

Com alguns minutos, um pouco de insistência e muito carinho, ela entendeu que uma grande mudança tinha acontecido.

E assim teve início uma nova história, que esperamos seja ainda atualizada.

A Framboesa passou por um dentista para a limpeza dos dentes. Na consulta, o médico disse não ter visto sinal de trauma. A falha dos dentes parece ser mesmo uma característica dela.

As informações que recebemos não estavam, necessariamente corretas. Mas as pessoas que as deram também pouco sabiam sobre ela, já que ninguém prestava atenção àquela vira-lata preta que vivia pelas ruas. Os atropelamentos aconteceram mesmo, mas felizmente não deixaram sequelas.

Os exames mostraram que ela estava bem, apesar de tudo. E um novo tempo começou pra elas. Parece até outra vida.

Virá o dia em que todos os homens serão protetores de animais

Depois desse, há de vir outro, em que nenhum protetor se julgue melhor ou mais importante que os outros.

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