A Priscila foi retirada de um acumulador. Estava triste, assustada e era muito carente.
Ela era uma cadelinha muito bonita e rapidamente foi adotada. Alguns meses se passaram e a adotante a devolveu, infestada de carrapatos, muito maltratada e destruída. Ela estava muito pior do que quando vivia com o acumulador.
Chegou muito assustada e tremia de medo por qualquer coisa. Havia sinais claros de negligência e maus-tratos.
Como a Priscila era uma jovem mocinha, esperávamos que ela esquecesse rápido essa tentativa mal sucedida de transformar a vida dela.
Fizemos o possível para recebê-la bem. Nós nos desculpamos com ela pela péssima escolha e prometemos tentar acertar da próxima vez. Ela não entendia nossas promessas e nem tínhamos a segurança de poder cumpri-la.
Ao final de um rápido tratamento, ela já estava saudável, castrada e vacinada e pronta pra uma nova tentativa.
Priscila, embora fosse de porte médio, era uma cadelinha pra viver dentro de casa, se possível, dividindo a cama com os donos.
Esse começo tumultuado tinha que ser esquecido, mas pra isso, precisávamos encontrar pra ela os donos certos, aqueles capazes de transformar verdadeiramente uma vida.
Precisaria de alguém disposto a recebê-la como filha, para fazer parte de uma família. A cota de sofrimento dela já havia se esgotado e ela merecia só alegria.
Precisou passar por uma tosa bem radical, até mesmo para o tratamento das feridas provocadas pelos carrapatos.
A vida tem seus métodos. A Priscila não merecia a vida que estava levando e, pra compensar tudo, ganhou uma nova família e, dessa vez, exatamente como ela merecia.
Daphne foi quem se ofereceu para ser o agente da transformação que buscávamos. Se o propósito era começar do zero, o nome Priscila também precisaria ficar no passado.
Nossa princesa agora se chama Nina.
Mais que dar a ela a mãe que ela merecia, chamou as filhas, Allegra e Chiara, e explicou para as crianças que elas ganhariam mais uma irmãzinha.
Nina estava ainda triste com tudo o que tinha sofrido, mas havia ali uma mocinha carente, necessitada de afeto e pronta para se transformar e amar incondicionalmente seus donos.
E quando uma lobinha carente encontra uma família disposta a transformar sua vida, o milagre acontece. O vínculo que se formou ali foi daqueles que costumam transcender à vida. E que assim seja.
Fica aqui nosso muito obrigado à Daphne pela acolhida de nossa anjinha. Quando ensinamos nossos filhos a amar e respeitar os animais, estamos promovendo uma transformação planetária.
A vida da Nina se transformou. Alegra e Chiara ganharam uma irmãzinha de pelos e a responsabilidade de transformarem o mundo.
A você, Nina, desejamos que viva muito, e que, quando chegar a hora de um novo começo, em outra vida, que você tenha aprendido tudo o que veio pra aprender, e que já esteja “quase falando”.
Essa é a verdadeira missão humana na Terra, assumida no dia em que nossos antepassados, ainda moradores de cavernas, jogaram os primeiros pedaços de carne aos lobos que circulavam as aldeias.
Que essa nova família que te recebeu com tanto carinho, seja aquela que, lá do céu, os anjos escolheram pra você.
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