Foi exatamente assim que ele apareceu, como uma sombra surgindo da mata escura.
Havia sinais claros de que ele apanhava muito.
Sendo ele um gigante com peso entre 35 e 40 quilos, é certo que as surras não vinham de outros cães. Ele tinha força e tamanho pra se impor, mas demonstrava muito medo de pessoas.
É possível que ele tivesse tutores que o agrediam. Decidiu se desvencilhar desse relacionamento abusivo e fugiu pra uma mata fechada.
Seu tamanho não lhe permitia caçar, pois não tinha agilidade pra perseguir presas pequenas dentro da mata.
Também não tinha a agressividade necessária a um predador.
Depois de rodar muito e emagrecer um pouco, chegou às terras de um santuário, onde operários conduziam uma obra.
Com medo, se aproximou dos funcionários, que o receberam bem e dividiram com ele as marmitas daquele dia.
Fomos informados da presença de um cão de grande porte na sede da fazenda, o que infelizmente não é permitido, em razão das tantas vidas silvestres que ali são preservadas e reintroduzidas.
Os dias se passaram e o carinho dos funcionários transformaram aquele cão assustado no mais dócil e bonzinho cachorro que já se viu.
Quando lá estivemos para a vistoria da obra, conhecemos o menino, que àquela altura, já estava sendo chamado por seus novos amigos de Tigrão.
E ele é mesmo o típico gigante gentil. Sua socialização já foi testada com animais silvestres, com outros cães e até com galinhas. Ele é um perfeito protetor. É muito dócil e incapaz de qualquer sinal de agressividade, nem com pessoas e nem com outros animais.
Há aproximadamente 30 dias ele está vivendo nas terras do Santuário, tem comida farta todos os dias, água limpa, um cantinho pra dormir e muito espaço pra brincar.
Descobrimos que ele é um filhotão, arteiro e cheio de energia.
Estranhamente, nada tem de estabanado, o que o torna perfeito pra conviver com crianças pequenas.
Tem dormido dentro da casa, ainda em reformas, e passa o dia todo monitorando o trabalho dos novos amigos.
Nos dias em que estamos por lá, temos convidado-o a nos acompanhar nas andanças. E descobrimos o melhor companheiro de aventuras do mundo.
Adora correr e não tem obstáculos pra ele.
Também é atento e muito protetor. Fica todo o tempo atento aos sinais das matas, como se estivesse nos protegendo de possíveis ataques.
Em razão de seu porte, chegamos a pensar que ele fosse mestiço de Fila. Afinal, o corpo musculoso e forte se parece muito com a raça brasileira.
Entretanto, a docilidade é típica de um vira-lata, dos mais sem vergonhas.
E quando achávamos que já tínhamos fechado o diagnóstico de seu DNA, o Tigrão nos mostra que ele tem uma boa cota de Labrador.
Nada o deixa mais feliz do que brincar na água. Ele pula na lagoa todo o tempo, corre e pula de novo.
E assistindo toda aquela alegria, não tivemos como trazê-lo para Belo Horizonte para confiná-lo a um canil ou lar temporário.
Se isso ocorresse, morreria de tristeza. Nós o anunciamos para adoção, mas deixamos que aguardasse os novos tutores lá mesmo no santuário.
Sabíamos que ficar ali também não seria garantia de vida longa. Os perigos são muitos, além do risco dele deixar o local e se perder.
Vê-lo se aventurando pelas matas não é nada tranquilo, já que o encontro com uma cobra pode ser fatal pra ele.
Então, ele precisa de adotantes, mas é uma adoção muito, muito especial.
Tigrão vai precisar de uma lagoa na nova casa. Se não tiver lagoa, servirá um laguinho, uma fonte, piscina ou até mesmo uma bacia, desde que, em volta dela, tenha muito espaço pra ele correr e brincar.
Um companheiro canino também seria essencial. Ele é sociável demais pra viver sozinho. No santuário, ele está sozinho, mas tem se entendido muito bem com o cão de um dos trabalhadores, que costuma acompanhá-lo até o trabalho.
Ele até que pode ser um ótimo protetor para sua família, mas definitivamente não é um cão de guarda. Tigrão é um cachorro de companhia e precisa disso, mais até do que de ração.
É o melhor amigo que alguém poderia ter. É perfeito para sítio, desde que tenha companhia e possa viver livre, com espaço e tutores dispostos a brincar. Claro que o espaço precisa ser bem fechado, pra evitar fugas.
Tigrão está saudável e parece ser um filhotão. É gigante e ainda pode crescer um pouco mais.
Recebeu tratamento preventivo para evitar pulgas e carrapatos, o que aliás, ele não tinha quando chegou à fazenda.
Está pronto pra começar uma nova vida. Tigrão será um grande presente a quem o receber.
Reitera-se: Ele precisa de companhia e de muito espaço. Não pode ser adotado pra viver em áreas pequenas e confinado, pois adoeceria de tristeza.
Os dias se passaram e, por algumas semanas, ele viveu no santuário.
Tigrão tinha o espírito livre, muita energia e disposição para aproveitar a vida.
Suas aventuras na água eram um sinal de que aquela lagoa não era um território estranho pra ele.
Qualquer semelhança com um certo Totoli que frequentou essas terras não será mera coincidência, mas, desde então, o tempo passou e ele merecia mais que uma vida livre e curta.
O Santuário não pode oferecer a segurança que ele precisa.
Ser feliz é importante, mas no estágio em que ele está, longevidade também é. Vida curta foi em outros tempos.
Agora é tempo de amar, de estreitar laços e, talvez, criar outros que vão durar mais, quem sabe, além da vida.
Bidu é o amigo que ele fez no tempo em que viveu no santuário. O Bidu ficou na região, mas ele tem uma família que o estima. O Bidu continuará frequentando o santuário, pelo menos enquanto seu pai estiver trabalhando por ali.
A adoção para o Tigrão, finalmente, chegou. Entretanto, uma rápida passada por nossa casa era importante para alguns preparativos.
Conheceu Hanna e Estopa, foi bem recebido e logo já estava reconhecendo com elas o novo ambiente.
Vale até expedição, mas aqui, nada tão emocionante quanto aquelas do Santuário.
Clara e Shiva ainda estão em treinamento para serem as melhores anfitriãs de todos os tempos. Shiva só precisa relembrar o que sempre foi, mas a Clara exigirá persistência.
Não foi a mais calorosa das recepções, mas o futuro promete. O porte do Tigrão deve ter assustado as meninas.
Apesar da ansiedade, Clara se mostrou receptiva aos comandos e será obediente o bastante pra receber os futuros hóspedes.
Hanna e Estopa saberão ensiná-las a arte de fazer amigos.
O destino do Tigrão precisava ser especial e, pra isso, algumas escalas eram necessárias.
Do nosso território, ele passou uma semana na casa de seus novos pais, Antônio e Letícia. Ali ele ficará alguns dias, pra estreitar os vínculos de amizade com sua nova família, e depois seguirá para sua casa nova, um sítio bem grande, todo fechado, com direito a espaço, um amigo Labrador como ele e uma lagoa cheia de patos.
Foi recebido com carinho por Antônio e Pipa.
Depois foi a vez do Ravi chegar com cara de sono, querendo saber o que estava acontecendo. _Quem é esse cara?
Ravi é um Beagle velhinho e bem rechonchudo.
A interação com os irmãos foi perfeita.
O carinho do Antônio também foi muito bem aceito. Sua irmã Pipa, entretanto, reivindicou a cota de afagos que sempre foi dela.
Ali terá colo e atenção para todos. E não faltou esforço pra estreitar os laços. Um petisco é sempre uma boa ideia, mas aquele palitinho ali não fez muito sucesso.
_Aí, Velho. Eu gosto de churrasco. Você pode fazer melhor, né?
_Aqui é legal, mas quero saber onde é o sítio que me prometeram. Tô aqui, pronto pra conhecer.
O Tigrão ficou à vontade com sua nova família desde os primeiros instantes. Quis brincar, chamando o Ravi com abanos de cauda e muita festa.
Essa disposição toda foi diante do irmãozinho Ravi. Talvez o Ravi lembrasse um certo Bidu, que ele deixou pra trás.
O maninho é um Beagle, mas não é um cãozinho jovem. Ele tem a carinha branca pela idade. Não terá toda essa disposição, mas aceitou o desafio.
Ainda assim, lá estava o Tigrão todo animado pra brincar. Não vai rolar, né, amigo!
Aguenta um pouco que logo você terá o espaço que precisa. Você ficará por alguns dias na casa da família em Belo Horizonte, que também será sua casa, apenas pra se adaptar à nova família.
No fim de semana, você fica conhecendo o sítio.
E logo no primeiro encontro, já rolou um clima com a Pipa. Ela já é castrada e você será em breve. Então, lobinhos não vão nascer desse encontro, mas mesmo assim, será uma bela amizade.
Ficaremos à espera das atualizações e das fotos do garoto no novo território, um sítio todo fechado, com pelo menos um hectare de área, com direito à companhia de um Labrador como ele, algumas galinhas, alguns patos e uma lagoa pra se divertir.
Terá também companhia humana em tempo integral, com direito a idas e vindas para a cidade, para as faxinas e cuidados de rotina.
Por hora, um recadinho dele pra uns amigos que ficaram bem tristes com sua partida:
_ Aos amigos, Valdir, Baiano e Rodrigo. Obrigado, amigos, por terem cuidado de mim. Eu estou bem aqui. Serei feliz e bem cuidado. Até qualquer dia. 🙂
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