Virá o dia em que todos os humanos sobre a terra serão protetores de animais. Pra chegarmos a isso, só existe um caminho: despertar e sensibilizar.
A grande mudança acontece quando o sofrimento de um animal não passa despercebido. O adotante de hoje é o protetor de amanhã, e foi assim com a Juliana Mainart, que um dia foi despertada para a causa e decidiu dar uma nova vida ao Luppy.
E foi quando passeava com o Luppy, que ela avistou o Tobias, um filhote com apenas 40 dias de vida, dando seus últimos suspiros.
Um filhote de 40 dias acabou de conhecer o mundo. Se não estiver doente ou desnutrido, teria que estar brincando e correndo. Não há espaço para traumas nessa idade.
Mas esta não era a realidade. Ele estava encolhido em um canto, sem reação, tremendo de medo e ameaçando morder quem se atrevesse a lhe estender as mãos.
Ele tinha bichos de pé até na barriguinha e suas juntas estavam inchadas, feridas e cheias de calos.
Ele não tinha mais forças, nem mesmo pra chorar. Naquelas condições, ele não sobreviveria nem mesmo um dia nas ruas, o que nos levava à conclusão de que ele foi abandonado horas antes de ser encontrado.
Quis a vida que ele vingasse, talvez porque tivesse pra ele uma missão especial.
Na verdade, ele tem várias. Todos os cães têm várias missões quando nascem. A primeira e mais importante nós já sabemos: foi iniciar a Juliana na proteção.
Outras serão cumpridas ao longo de sua vida, e dependerá da nossa capacidade de perceber o quanto temos a ganhar se ele for salvo, se um dia tiver um dono que o estime, se tiver uma caminha quente e seca, ração de boa qualidade e cuidados médicos, para nunca mais adoecer.
No lar temporário onde passou a viver, o pequeno Tobias aprendeu de tudo um pouco, mas o principal, foi que ele nasceu pra amar e ser amado. Por muitos dias, ainda sentia medo de pessoas estranhas, um comportamento incompatível com sua idade.
O mais triste é que ele não foi apenas negligenciado. Ele foi torturado, agredido, humilhado. Sofreu o suficiente pra desistir de ser feliz. Aceitava afagos, mas ainda tenso e com medo.
Mas tudo estava pra mudar em mais alguns dias.
Estava para adoção e seria entregue um filhote arteiro e feliz, mas que fosse para alguém eu assumisse o compromisso de mantê-lo assim pelos próximos 18 a 20 anos.
Aqui começa um novo capítulo de uma mesma história. Em uma comunidade carente bem longe dali, outro filhote parecido com o Tobias, porém um pouco mais velho, também dava seus últimos suspiros.
Tony era o nome dele, um cãozinho que tinha sido esmagado em um grave atropelamento. Foi resgatado e levado a um hospital veterinário, onde recebeu a melhor assistência que poderia. Foi operado e teve os ossos recompostos.
Foram semanas de intenso tratamento, tudo muito sofrido e doído pra ele. Felizmente, suas pernas foram preservadas, mas ficaram sequelas.
Do hospital, ele foi transferido para o mesmo lar temporário onde estava o Tobias.
No início, Tony foi deixado com outros cães bem mais dispostos a brincadeiras. Eram adultos saudáveis e cheios de energia, o que não foi para o Tony a melhor companhia. Os outros corriam, pulavam e brincavam, algumas vezes de forma estabanada.
O Tony até que tentava entrar na brincadeira, mas sempre se machucava e acabava buscando refúgio em um canto, onde ficava quietinho, observando a brincadeira que não era pra ele.
E assim ele passou os primeiros dias, assistindo as brincadeiras, talvez imaginando que gostaria de poder também brincar.
Lobos não são preconceituosos. Entre os seus, o Tobias jamais seria rejeitado. As limitações eram dele mesmo, que não se sentia merecedor de poder correr e brincar como os outros.
Não demorou muito para que outras amizades fossem tentadas. E nessa busca, Tony e Tobias acabaram se encontrando.
No lar temporário eles tornaram-se melhores amigos. Na verdade, ambos haviam passado por intenso sofrimento e parecia que se entendiam. Um sentia a dor do outro. Eles se apoiavam e até arriscavam algumas brincadeiras.
Foi tentada a adoção conjunta, mas não deu. Eles precisavam encontrar seus destinos, mesmo que fossem caminhos opostos. Estiveram juntos em várias feiras de adoção, mas ninguém se dispunha a olhar para os dois maltrapilhos.
Quis a vida que, um dia, algo especial lhes acontecesse. Mais uma feira de adoções, mais uma tentativa para Tobias e Tony.
Johny e Lucimar foram os primeiros a aparecer. Eles já haviam visto a história do Tobias e ali chegaram com objetivo certo: _Viemos buscar o Tobias. Queremos que ele faça parte de nossa família.
Assim que o pequenino cheio de marcas profundas na pele foi retirado do canil, pouca gente percebeu os olhos daquele que ficou.
Mas sua tristeza tinha também hora de terminar. Logo após a partida do Tobias, Pedro e Ana, como se atendessem a um chamado, chegaram pra transformar a vida do Tony.
E as primeiras fotos já chegaram. Eles estão felizes, separados, mas felizes.
E que assim passem o resto de suas vidas.
Registra-se aqui nosso muito obrigado às duas famílias que proporcionaram este duplo final feliz.
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