Ele foi avistado na região do Bairro Mangabeiras, próximo à Praça do Papa. Estava vivendo em um canteiro central, correndo todos os riscos. Tomou chuva, sol, vento, sereno, e o resultado não poderia ser outro: pneumonia em estágio muito avançado.
Alguém teve uma ideia brilhante para ajuda-lo: amarrá-lo em uma árvore do canteiro, com um bilhete escrito em primeira pessoa. Tecnicamente, retirar um animal doente da rua não é adoção, é resgate.
Não vamos julgar as ações dos outros. Cada um faz o que pode, mas as pessoas precisam se conscientizar de que compaixão sem ação, pouco ajuda. Se o poder público não age, temos que assumir as responsabilidades que, no fundo, são de cada um de nós.
Até nome ele ganhou. Gambiarra até que combinava com seu estado e teria sido um nome bem original, se junto com o batismo, ele tivesse sido resgatado enquanto ainda estava forte e saudável.
O fato é que, quando encontrado, estava desnutrido, com uma tosse muito forte, já evoluída para pneumonia, muitos machucados e escoriações pelo corpo (provável atropelamento) e muito assustado. Não tinha mais forças pra se firmar de pé. Tremia muito, mas não sabemos se era de medo ou por causa da febre. A tristeza que o consumia era um indicativo de que cães também podem sofrer de depressão.
Foi socorrido e levado às pressas para uma clínica veterinária, onde recebeu todo o tratamento de que precisava. Ganhou uma caminha improvisada dentro de uma caixa de papelão. Era uma cama quentinha e seca.
O nome que lhe foi dado enquanto ainda vivia naquele canteiro foi esquecido. Afinal, ele não se reconhecia nele. Passou a ser chamado de Totó e, agora, com motivos pra reconhecer o próprio nome e atender a todos os chamados.
Foram meses de tratamento desde o resgate. Ele precisou de muitos remédios e de boa comida, mas o que fez mais diferença, foi o carinho e a certeza de estar sendo estimado.
Finalmente, estava o Totó pronto para adoção. Ele já era outro cãozinho. Estava vacinado, vermifugado, castrado e com exame negativo para leishmaniose.
Foi anunciado como um cãozinho alegre, muito bonzinho, que adorava brincar e era sociável com outros cães e crianças.
Totó era mesmo um cãozinho de colo, porte bem pequeno (Foz Paulistinha).
A adoção tinha que acontecer. O anúncio foi postado, levando a esperança daqueles que o resgataram.
Mas aí, algo surpreendente acontece. Alguém reconhece as fotos divulgadas. O Totó na verdade se chamava Frank. Ele pertencia a uma senhora que o estimava muito, e que veio a falecer.
Depois da partida da companheira de uma vida inteira, ele foi levado para a casa de uma das filhas dela, de onde acabou fugindo, certamente à procura de sua mãe humana.
Por longos três meses toda a família se mobilizou para procurá-lo. Nunca desistiram e, quando viram as fotos dele, souberam logo que era o Frank quem estava ali.
O reencontro aconteceu, ele reconheceu as filhas de sua antiga dona, fez muita festa com a Débora, com quem passará a morar de agora em diante. Hoje está feliz, de volta à sua família. Ele não encontrará mais sua mãezinha, mas terá das filhas e netas dela, o mesmo carinho que sempre teve.
Na foto abaixo, o Frank, já em casa.
Fica registrado a bela ação da Enedina, que salvou o Frank, dando a ele a chance de reencontrar sua família. Foi um triste capítulo em sua vida, mas que não precisa ser esquecido.
Ele voltará a ser chamado de Frank, mas não vai esquecer o nome Totó. Será sempre uma doce lembrança.
Um resgate de enedina.liliane@gmail.com
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