Desde que chegou à casa de d. Tereza, ele não parava de tremer. Passaram-se algumas semanas. Sua história era das mais tristes.
Um casal bateu na porta de d. Tereza, com este cãozinho nas mãos, dizendo que o haviam encontrado, querendo entrega-lo por lá.
Ela recusou-se a recebe-lo e explicou que ali ele não sobreviveria. Mostrou ao casal o cartaz que está fixado em sua porta.
Diante do cartaz, a mulher não segurou o choro, quando então o marido interveio e explicou que ela estava grávida e que os médicos a haviam proibido de “chegar perto de cachorro”.
A Sra. Tereza pediu licença, entrou na casa e nos telefonou explicando a situação. Disse que tudo indicava que o cachorro era daquele casal e que eles acabariam por abandoná-lo em sua porta, caso ela não o recebesse.
Quando retornou, ouviu o marido dizendo para a esposa que eles poderiam deixa-lo no mesmo lugar onde o acharam. Se esta era a verdade, ou se foi um truque para forçar d. Tereza a recebe-lo, não saberemos e, àquela altura, não importava mais.
Sem pensar duas vezes, d. Tereza o recebeu, mesmo sabendo que sua casa há muito não é mais um ambiente acolhedor para os animais.
Pra não ser morto pelos demais cães, o pequeno Yugui, nome que carinhosamente recebeu de d. Tereza, foi confinado em um banheiro escuro e frio.
Em nossa última visita, tivemos a felicidade de conhecê-lo, mas também de constatar o que já sabemos. Ele não vai sobreviveria ali.
Uma ferida profunda do lado esquerdo indicava que algo grave havia acontecido, mas nada que já não tivesse sido anunciado. Ele foi atacado e ferido por um dos cães maiores.
Infelizmente, seu inferno astral estava só começando. Havia uma castração agendada para o dia seguinte. A esperança era de que, castrado, ele pudesse ser finalmente adotado e saísse dali.
Mas ele não passou no exame clínico, sendo adiada a intervenção. Olhares mais cuidadosos sugeriram um possível problema cardíaco.
Foram feitos os exames e confirmada a suspeita. Ele é mesmo cardiopata. Foi medicado, mas precisaria fazer uso constante de medicamentos para o coração.
Ele tinha em torno de 4 anos, segundo estimativa do veterinário que o atendeu.
Como é um daqueles cãezinhos que só faltam falar, ele sabia o que lhe aconteceu e, possivelmente, morreria de tristeza, muito antes de seu já fraco coração decidir parar por si só.
O resgate finalmente aconteceu. A Mariana decidiu assumi-lo e dar a ele uma chance maior de vida. Infelizmente, os exames aprofundados mostraram que o problema cardíaco dele não era pequeno.
Mas ele seguiu, contando com os melhores médicos, os melhores remédios e os cuidados intensos de uma mãe pra lá de amorosa. Logo após o resgate, foi adotado pela Helenita, que o aceitou com problema cardíaco e tudo.
ATUALIZANDO: Oito meses foi o resto da vida do Yugui, que desde a adoção já estava sendo chamado de Peppy. Tudo foi feito. O Peppy teve os melhores médicos, os melhores recursos e, mais importante que tudo isso, o afeto verdadeiro de uma mãe.
Ele partiu hoje, dia 07 de outubro do mesmo ano em que foi resgatado, em consequência do problema cardíaco que tantos cuidados exigia. Para a Helenita, é certo que ficou um vazio sem igual, mas nós sabemos o que esses oito meses fizeram por ele.
Fica aqui registrada nossa admiração e gratidão à Helenita, por ter um dia se sensibilizado com o que teria sido apenas mais uma história triste. Temos absoluta convicção de que uma vida foi salva.
Não foram apenas oito meses. Ele viveu intensamente cada um desses 345.600 minutos que passou ao lado de quem mais amou. Fica a lembrança de sua última foto.
Um resgate de Mariana: kika_isthar@hotmail.com
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