Assim vivia esta mãezinha. Sua casa era em qualquer lugar que não tivesse incidência direta de chuva ou sol. Como qualquer fêmea abandonada e não castrada, um dia, chegou o cio e, com ele, alguns pretendentes a pai da próxima geração.
Os lobinhos vieram depois, mais precisamente, uns 60 dias depois. Nasceram onde foi possível e, por milagre, chegaram aos dois meses de vida. É que lobinhos livres, assim que começam a andar, acabam invariavelmente atropelados.
E este teria sido o destino de cada um deles, não tivessem sido abrigados. Ao ver seus filhos, já com dois meses de vida, serem recolhidos, a mãe, sem esboçar reação, assistiu a tudo, despediu-se dos filhos ao seu modo, partindo para um destino incerto.
Ela sabia que o abrigo que lhes estava sendo oferecido não era suficiente pra ela. Renunciou ao seu próprio salvamento para preservar a vida de seus filhos.
Os pequenos, ao verem sua mãe partindo, mostraram-se assustados e tristes. Pareciam entender que a família, naquele momento, tinha se perdido.
Eles choravam, pedindo a volta da mãe, mas ela mostrou-se irredutível. Explicou aos pequenos que eles teriam maiores chances de sobrevivência se fossem adotados.
Seguiu seu caminho, mas parando e olhando para trás a cada passo.
A despedida foi mais difícil pra ela que para os filhotes.
Ela ainda comparecia diariamente ao local, como visitante. Chegava, servia-se de comida e água, beijava os filhos e seguia seu caminho.
Os meninos, duas fêmeas e quatro machos, receberam os primeiros cuidados e foram disponibilizados para adoção. Foram vacinados e vermifugados, estavam com ótima saúde e prontos pra começar de novo.
A mãe já tinha vacinação e castração garantidas, mas por falta de espaço ou lugar que a pudesse hospedar, teve que aguardar a adoção na rua. Desejávamos que ela tivesse a sorte de encontrar alguém, antes que uma tragédia qualquer coloque fim à sua história.
Depois de percorrer feiras e sites de adoção, restaram três machinhos, que receberam os nomes de Huguinho, Zezinho e Luizinho.
A expectativa pra eles era boa e os adotantes não demoraram muito a chegar. Foram doados para famílias diferentes, seguindo, cada um, o seu caminho.
Semanas haviam se passado até que recebemos uma ligação do adotante do Zezinho, dizendo que queriam devolvê-lo. Isso até que pode acontecer, mas o que nos espantou foi o motivo: “_Meu irmão ganhou um filhotinho de raça e agora não queremos mais ele.”
Passada a raiva dos primeiros instantes, sentimos profundo pesar pelo filhotinho de raça que chegou por lá. Nós nos enganamos muito. Aquelas pessoas não se afeiçoam a animais e são capazes de descartar um amigo, sem remorso. É certo que este cãozinho de raça que por lá chegou terá o mesmo fim, quando roer alguma coisa, quando adoecer ou ficar velho.
E quando ele for jogado na rua, tomara que algum protetor o encontre e cuide dele. Estaremos aqui à disposição para anunciá-lo e ajudar a encontrar um dono a altura dele.
O Zezinho teve sorte, pois se livrou cedo de uma vida sem afeto, sem carinho. Foi novamente anunciado, com a torcida de que dessa vez fosse diferente.
Infelizmente, o tempo passou mais rápido que desejávamos e ele cresceu antes da adoção. Zezinho é um cãozinho feliz, mas parece não ter se esquecido da família que um dia lhe prometeu uma vida fora de um abrigo.
Nas feiras de adoção, tudo fica muito mais claro.
Mas, os malfeitos humanos não duram pra sempre e a vida se encarregou de preparar para o Zezinho algo especial. Demorou um pouco, mas a espera valeu cada minuto. Ele ganhou uma nova família. Tem mãe, pai e muitos irmãos.
Só nos resta agradecer a essa linda família, pela acolhida do Zezinho. Karla e seus filhos o aceitaram e o fato dele ser um vira-lata preto de pelo curto e quase adulto não fez qualquer diferença, ou melhor, até que fez, mas de uma forma diferente.
Zezinho não é mais o nome dele. Agora, nosso menino se chama Téo (Teodoro).
Seja feliz, amigo.
Não podemos esquecer da mãezinha. Ela também foi resgatada, recebeu o nome de Mimosa e teve tratamento vip. Foi castrada e recebeu todas as vacinas, até mesmo a vacina contra leishmaniose.
Ela continua para adoção. Informações no link abaixo.
Comentários / Mais informações sobre o anúncio devem ser obtidas com os anunciantes, no telefone ou e-mail indicados acima.