Quero começar esta segunda matéria com a história de um cãozinho chamado Bimbo.

Ele foi deixado amarrado no portão da casa de D. Tereza. Junto a ele, um bilhete: “Cuida bem dele. O nome dele é Bimbo. Mudamos para um apartamento que não aceita animais.”

Isso foi há seis meses. Nesse período, ele teve depressão e chegou a parar de andar. Parecia ter ficado paraplégico.

O tempo costuma curar algumas dores. Ele voltou a andar, mas nunca mais recuperou a alegria e a vontade de viver. Passa 24 horas por dia debaixo da cama de Dona Tereza, escondido do mundo.

Assim que fiz as primeiras fotos dele, ainda no colo, D. Tereza o colocou no chão da sala, de onde não tinha como correr para o quarto. Passados os primeiros instantes de pavor e medo por causa dos outros cães, ele seguiu para um canto e ficou ali, imóvel, me olhando assustado.

Tentei me aproximar e oferecer a ele algum afago, que ele aceitou, ou melhor, permitiu que eu fizesse, sem esboçar qualquer reação. Não abanou o rabinho, não buscou meus dedos. Não consegui definir se meus afagos estavam agradando ou incomodando.

Ele ainda está lá. Não temos como resgatar, de uma só vez, 150 animais.

Sinto muito amiguinho, mas você precisa aguentar firme. Temos esperança de que, com essa matéria, vamos encontrar alguém disposto a se unir a nós e nos ajudar retirando você de lá. Ele não está castrado e nem vacinado.

As vacinas já estão compradas, mas ele precisará de mais. Precisará de donos dispostos a levá-lo a um veterinário e iniciar a faxina que todo cãozinho resgatado precisa.

ATUALIZANDO: Bimbo adotado.

Cristal é uma lobinha peludinha. Parece uma mestiça de Poodle com Schnauzer, embora bem mais pesadinha. Quando a fotografamos pela primeira vez, nos pareceu em ótima forma.

Em nossa última visita, ela estava com uma ferida na orelha. Parecia em carne viva. É que em ambientes hostis, eles definham muito rápido.

Não sabemos quanto tempo ela ainda tem, se tem resistência para esperar mais ou se é uma candidata a não ser mais encontrada quanto voltarmos.

Outra mudança que notamos estava estampada e seus olhos. A língua para fora, no primeiro dia, parecia sorrir. Já agora, flagramos uma cadelinha triste e assustada. É possível que o ferimento seja de uma discussão qualquer entre eles.

Bárbara é uma mestiça de Pit, que estava sendo enforcada por um morador de rua conhecido como Black. Quando foi retirada das garras de seu agressor, já estava desmaiada e parecia morta.

Ela é jovem e deve ter no máximo um ano de vida. O fato ocorreu há apenas 6 meses, o que nos indica que ela era ainda filhote quando tudo aconteceu.

É muito dócil e sociável com pessoas, mas viveria melhor sem a companhia de outros cães.

ATUALIZANDO: Bárbara desistiu de esperar. Morreu sem se despedir de ninguém.

Manoelzinho e Miguelzinho são irmãos de ninhada. Foram encontrados amarrados às margens de uma rodovia. Alguém os viu nas margens da estrada quando estava em viagem. Pensou que morassem em alguma casa próxima.

Quando voltou, no dia seguinte, os viu no mesmo lugar. Desconfiou e resolveu investigar. Descobriu os dois amarrados em uma árvore.

Na época, eram ainda filhotes de 4 ou 5 meses. Já se passaram 3 anos e eles continuam à espera de um milagre.

Sianinha é um anjo de focinho preto. É ótima como companhia e, apesar da cara de poucos amigos, ela seria a mais fiel guardiã que alguém poderia encontrar. É o tipo de amiga que daria a vida pra defender os donos.

Dandara chegou ainda filhote ao abrigo. Estava com pouco mais de 6 meses. Ainda se mostra forte e dócil, apesar do olhar triste. Faz pouco tempo que chegou por lá. Ela tem pouco mais de um ano de vida.

Também chegou à casa de D. Tereza pelas mãos dos donos. Uma adolescente desequilibrada queria entregá-la a qualquer custo. Como D. Tereza se recusou a recebê-la, a menina a soltou na rua, com coleira e tudo. Ficou horas ali arrastando a guia, até ser pega por D. Tereza.

É uma cadela muito dócil e de porte grande. É ligeiramente vesga, mas não tem qualquer problema de visão. Ela é forte e parece estar em ótima forma física.

Aceita afagos com vontade. A expressão triste é apenas o reflexo do abandono e das péssimas condições do lugar onde vive.

ATUALIZANDO: Dandara não está mais aqui. A adoção não aconteceu e ela morreu de tristeza.

Lobão. Foi levado de algum lugar, de moto, para São José da Lapa e solto por lá. Uma amiga de D. Tereza viu, resgatou e o levou para ela “cuidar”. Tem um tanto de casos assim.

Ainda não consegui saber qual a diferença entre os amigos e os inimigos de D. Tereza. Talvez os amigos sejam os que mostram a cara e os inimigos deixam os animais lá, na surdina, amarrados ou arremessados portão adentro. Na prática, são todos iguais.

As pessoas precisam entender que deixar um cachorro ali não é resgate. Não é justo com o animal, e menos ainda com D. Tereza.

Lobão é um ótimo amigo. Ele está com uma pequena ferida na face, talvez fruto de alguma briga recente. Felizmente, ele ainda tem as orelhas.

Guará é um cão de pelo longo. Parece um Collie, de pelagem escura e tigrada. É um belo cachorro. Ele é dócil e excelente como companhia, tanto de pessoas quanto de outros cães. Tem o porte grande, é altivo e tem pose, embora o orgulho próprio já tenha sido quebrado.

Mel pertencia a um casal que parecia estimá-la. Um dia, tiveram uma briga e, pra se vingar da esposa, o marido pegou a Mel e a abandonou longe de casa.

Souberam depois que D. Tereza a tinha acolhido e decidiram buscá-la. Mas aí, D. Tereza achou que o melhor para a cadelinha seria não devolvê-la.

Vai saber onde ela estaria melhor!

Barretinho é outro sobrevivente. Foi amarrado no portão de D. Tereza, faminto e sedento. Quando D. Tereza chegou para recebê-lo, estava em choque, por causa dos latidos e rosnados dos que estavam do lado de dentro.

Naquela ocasião, era apenas um filhotinho. Ele cresceu e continua arredio e assustado. Isso nos dá sinais claros de que a vida dele foi sempre assim. Durante todo o tempo em que estivemos lá, ele não saía desse cantinho, ao lado do portão. Parece preferir manter-se o mais longe possível de outros cães, como se isso fosse possível ali.

É um cãozinho de porte pequeno a médio. Só precisa mesmo experimentar uma vida diferente. É certo que vai gostar e tem tudo pra ser o mais agradecido possível com quem lhe proporcionar isso.

Eros tem um ano e meio e chegou bem novinho por lá. Ele e seus irmãozinhos foram abandonados em uma avenida movimentada. Quando o resgate chegou, ele era o único que ainda estava vivo.

Pipoca parece ter algum parentesco distante com Basset. Apesar de peludinha, tem o centro de gravidade baixo. Tem as perninhas curtas e é bem parrudinha.

É douradinha, dócil e carinhosa, embora um pouco assustada, como todos ali.

Chilavert chegou filhote e está há mais de 10 anos no abrigo. Está entre os mais tristes ali.

Francisco parece mestiço de Pointer, apesar das orelhas quase levantadas. É muito dócil, jovem, forte e está em ótima forma. Ótimo como companhia para pessoas ou outros cães.

Bebel é mais uma lobinha triste que usava um colar. A castração foi recente, sinal de que ela chegou há pouco por lá. É boazinha como qualquer SRD de porte médio.

Borboleta é pouco sociável com outros cães e precisa ser filha única. Não dá pra imaginar como isso é possível, se ela vive em uma matilha com mais de 100 cães.

Mas precisamos respeitar as recomendações de D. Tereza, que certamente a conhece bem. Apesar desse histórico, é dócil e carinhosa com pessoas.

Kemilly é um anjo de candura. Uma das poucas de porte pequeno que ainda restam por lá. É triste e desconfiada. Até pra morder a ponta do biscoito, chega com cautela.

Sinais assim são muito característicos. Ele devia apanhar muito dos ex-donos. Aprendeu a temer mãos humanas.

Claro que isso pode mudar. Vai depender de como ela será tratada em sua futura casa, se algum dia ela tiver essa oportunidade.

ATUALIZANDO: Kêmily foi adotada.

Efigênia foi amarrada no portão de D. Tereza, já prenhe. Havia sinais evidentes de abandono e maus-tratos. O estresse de ter caído naquele território foi tamanho que ela parecia saber que seus filhos não teriam chances se nascessem ali.

Os segurou em seu ventre até que não tivessem mais vida. Um a um, eles foram despejados no chão frio, já sem vida.

É esse o tipo de história que estes cães trazem. Cada um deles tem a sua, mas a sociedade humana faz questão de não ver, de não saber, de ignorá-los. A tristeza e depressão estão estampadas nos olhos de cada um deles.

É por isso que muitos deles deixam a casa de D Tereza assustados e arredios. Apesar disso, conseguimos doar quase 40 cães e, aqueles adotantes que tiveram a paciência de esperar o tempo de adaptação, que se dispuseram a adotar para ajudar um cãozinho em situação de risco, já têm nos dado retorno, maravilhados com a transformação.

Todos eles, sem exceção, estão aptos para se transformarem, mas sozinhos, não conseguirão. Precisam de ajuda, de donos que saibam conduzir essa transformação. Alguns têm precisado de cuidados médicos, outros, apenas de afeto.

Negão parece um Cocker de orelhas mais curtas. O tamanho também não é igual, já que ele é porte médio, um pouco mais crescido que o original.

Duda tem três anos e vive há dois na casa de D. Tereza. É pequena e pesa entre 7 e 10 quilos.

Estava sendo espancada por um morador de rua, quando Dona Tereza resolveu interferir e a comprou por R$ 5,00. Claro que ela vale muito mais que isso. É uma cadelinha realmente dócil e carente. Ótima como companhia para crianças ou outros cães.

Um pouco de afeto e carinho serão capazes de transformá-la. Só precisa de uma chance.

Neguinho tinha donos quando nasceu. Os pais pertenciam a um casal que morava às margens de uma avenida movimentada.

Um dia, o dono enjoou dos cães e envenenou os pais do Neguinho, que àquela altura, já estava com seus 6 meses.

A esposa dele, desesperada tentando salvar os filhotes de serem envenenados, os levou até a casa de D. Tereza, pedindo que os recebesse, já que o marido estava determinado a matar todos.

Três filhotes foram salvos. O Neguinho cresceu e espera o milagre da adoção. Ele está no abrigo de D. Tereza há um ano.

Yoko é uma moça também carente e carinhosa. Não se impõe, como a maioria deles, mas adora receber afagos.

Tierre ainda não esqueceu o susto. Foi abandonado amarrado ao portão de D. Tereza. É ainda filhote e tem menos de um ano. Sua infância foi interrompida, já que filhotes ali não têm o direito de brincar, ou acabariam gravemente agredidos pelos cães maiores.

Mas pode voltar a brincar. Temos a certeza de que é o que vai acontecer assim que se acostumar na nova casa, se um dia a vida lhe der esse presente.

Chiquinha é uma cadelinha muito dócil e carente. Ela esteve conosco na primeira feira, no Bairro Belvedere.

Não foi adotada e acabou voltando para a casa de D. Tereza. Ela está ficando mais triste a cada dia.

Quando encontrada, estava sendo espancada por um morador de rua, na margem da Lagoa da Pampulha.

Mais uma que foi entregue à D. Tereza por um vizinho, que viu, interveio e a salvou de ser jogada ainda viva na Lagoa.

Na época, ela tinha apenas 6 meses de vida. Hoje, já está com dois anos e meio.

ATUALIZANDO: Chiquinha foi adotada.

Bidu chegou há 6 meses e deve ter uns 2 anos de vida. Pesa uns 8 quilos e parece ter algo de Basset, já que tem o centro de gravidade baixo (perninhas curtas).

Foi resgatado entre carros em uma movimentada avenida. Tem crises de tremedeira quando alguns cães começam a brigar e distribuir rosnados perto dele. Ele é o tipo do cãozinho que vive tremendo de medo 24 horas por dia.

Já deve ter apanhado um tanto nas brigas da matilha.

ATUALIZANDO: Bidu foi adotado.

Feira Brigada D Tereza 62

Paco é o retrato da desesperança. Chegou filhote ao abrigo, cheio de vida, de energia, de alegria.

Tudo isso foi rapidamente extirpado pela agressividade dos machos alfas. Ele aprendeu desde cedo que, pra viver, precisaria sufocar a infância e deixar pra vive-la quando a adoção chegasse.

A adoção nunca veio. Lá se vão dois anos desde a sua chegada.

ATUALIZANDO: Paco foi adotado.

Feira Brigada D Tereza 63

Ele tem dificuldade de nos encarar. Chega a baixar o olhar, como se temesse alguma represália. Infelizmente, alguns donos se julgam no direito de agredir e ferir, apenas pra demonstrar poder.

As frustrações que deveriam ser curadas num divã, ou no inferno, acabam sendo despejadas em criaturas inocentes.

Só esperamos, amigo, que todo esse sofrimento esteja no fim. Você estará na feira de adoções e, quem sabe, encontre por lá alguém que vá mudar sua história?

Feira Brigada D Tereza 64

Lázaro Ramos foi jogado pela grade, junto com um amiguinho, um cãozinho Pinscher. Na época ele era apenas um filhote e o Pinscher já era adulto.

O cãozinho de raça foi doado, mas o SRD pretinho de porte médio continuou por lá. Já se passaram 12 meses desde o incidente e ele parece ainda não ter se recuperado.

Ester chegou filhote, junto com outros 5 irmãozinhos. Foram encontrados dentro de uma Kombi velha. Todos foram doados. A Ester também chegou a ser adotada, mas cresceu demais e os donos decidiram devolvê-la.

Já se vai um ano e meio e nunca mais surgiram pretendentes pra ela.

Um dia as pessoas vão entender que, quando adotam um filhote e devolvem um adulto, estão condenando aquele cãozinho a passar o resto da vida em um abrigo.

Nem precisamos dizer que a filhotinha alegre e saltitante que deixou a casa de Dona Tereza no colo dos novos donos não existe mais. O que encontramos por lá é uma cadelinha ainda jovem, mas muito assustada, medrosa e triste, muito triste.

Também apostamos na transformação dela.

ATUALIZANDO: Ester foi adotada.

Tamar foi encontrada por D. Tereza, amarrada sem comida ou água, em um terreno baldio. Não bastou abandonar. A intenção devia ser matá-la lentamente.

Já fizemos muitas matérias assim em abrigos de animais, onde geralmente os animais são tristes. Mas nunca presenciamos tanta tristeza junta. Raramente encontramos um sorriso pra registrar. A energia daquele lugar é pesada, densa, sofrida.

Qualquer um que tenha um pouco mais de atenção, consegue sentir a dor e a angústia daqueles cães.

Alfredinho é mais uma história revoltante. Ele foi adotado em uma feira de adoções, por uma criança, junto com o pai. Tudo parecia bem.

Mas a mãe da criança não concordou com a decisão do marido e decidiu livrar-se do menino. Ela bateu na porta de D. Tereza, contando a história e pedindo que ela recebesse o cachorro.

Como D. Tereza recusou-se, explicando que tinha cães demais, ela partiu, mas soltou o cãozinho na avenida do bairro. Ele tentou correr atrás do carro, mas foi inútil.

Um amigo de D. Tereza assistiu toda a cena mas não conseguiu anotar a placa. Tentou pegar o cãozinho, mas ele estava muito assustado.

Alfredinho vagou por 2 dias pelas ruas do Bairro, até encontrar a irmã de D. Tereza. Aproximou-se e, sem nenhuma cerimônia, pulou no colo dela. Deve ter sentido o cheiro de outros cães e imaginado que ali havia alguém que pudesse ajudá-lo.

Claro que ele não imaginava onde iria cair. É outro que passa a maior parte do tempo sentado debaixo de um carrinho de mão enferrujado. Continua assustado e tremendo de medo das brigas, mordidas e rosnados que são distribuídos diariamente por lá.

Ele é pequeno e o medo é justificável. Geralmente, são os pequenos que morrem e, depois de nossa campanha, sobraram poucos pequenos por lá.

Samuka é um macho fortão. O focinho esbranquiçado revela sua idade, mas o aspecto de cão de guarda engana.

É que, na verdade, ele é um baixotinho com cabeça grande e jeitão de cachorro bravo. Apesar disso, é dócil e um bom companheiro.

Lindalva já foi mais feliz. Em nossa primeira visita, a flagramos brincando com a mangueira de água, correndo e brincando com suas duas filhotinhas, Bolinha e Pipoquinha, que nasceram lá.

Mas, há alguns dias, Bolinha e Pipoquinha, que precisavam de cuidados especiais, foram retiradas de lá e hoje esperam por adoção em um lar temporário.

Desde a partida das pequenas, Lindalva não é mais a mesma. Tem estado triste e desconfiada. Na verdade, não foi a partida dos filhotes. Se estava feliz, é porque a ficha não tinha caído ainda. Ali não é lugar de cachorro feliz. A alegria nunca dura muito.

ATUALIZANDO: Lindalva morreu de tristeza alguns anos mais tarde.

Não dá pra contar a história de Laura, sem contar a triste sina de sua mãe, Lua, que também vive no abrigo de D. Tereza.

Uma Kombi cheia de cães fez o tal “bota fora”, lá pelos lados de Santa Luzia, despejando por lá vários cães. Lua, uma filhotinha de 7 meses e já prenhe, estava entre eles. Foi resgatada e abrigada por D. Tereza.

Semanas mais tarde, vieram ao mundo alguns lobinhos, mas muito fraquinhos. Laura foi a única sobrevivente. Nunca foi adotada e está com um ano e meio de vida.

Branquinho é um dos irmãos da Lua que estavam no mesmo “bota fora” que aconteceu em Santa Luzia. Também chegou com 7 meses de vida no abrigo, há aproximadamente um ano e meio. Nenhum deles sorri.

Suzi também chegou ali há muito tempo. Ela era esperta, brincalhona, cheia de vida e muito bagunceira. Talvez por isso não tenha se adaptado em casa nenhuma.

O tempo passou e a cadelinha agitada e bagunceira se transformou. Não foi pra melhor.

Rainha merece o nome que lhe foi dado. Ela parece uma Collie, de pelo longo e macio. É muito dócil e comportada, ótima como companhia, inclusive de crianças pequenas.

Ela seria uma babá quase perfeita. Como a maioria deles, é carente e adora um carinho.

Kétura parece uma mestiça de Golden Retriever. Igualmente grande, forte, dócil e companheira.

Raika é uma lobinha fujona de porte médio. Cor chocolate, até nos olhos. É jovem ainda e muito dócil. Assustada como todos os outros, mas pronta pra se render aos novos donos.

Calanguinho é um cachorro de porte médio, preto com amarelo. É tão misturado que nem dá pra saber se tem as orelhas pendentes ou se ainda conserva as orelhas dos lobos.

Zezinho é outro caso especial. Ele já é velhinho e cego. Foi encontrado por D. Tereza no Bairro Dona Clara, com cirurgia de castração infeccionada e cheia de bichos.

Ele também passa o dia encolhido, dentro de um armário de alvenaria, na sala.

ATUALIZANDO: Zezinho foi adotado.

Radija foi castrada pelo CCZ e devolvida para as ruas, próximo ao Unifenas.

Foi atropelada e ficou por ali, sem socorro. Dona Tereza foi a única que se dispôs a ir lá para resgatá-la.

Nicolina também foi jogada dentro do quintal de D. Tereza, há aproximadamente 7 meses. Ela não mais jovem e deve ter uns 5 anos.

Nós a encontramos deitada em uma cadeira quebrada, na sala. Dali não saiu, mesmo diante de nossa movimentação. O máximo que fazia era levantar a cabeça pra nos olhar, talvez imaginando que daquele movimento todo pudesse sobrar algo pra ela.

Está claramente debilitada. Precisará de vitaminas, alimentação de qualidade e alguns cuidados médicos. Isso se aparecer alguém disposto a gastar com um cachorro qualquer. Se não aparecer, continuará por ali, até não ter mais o que fazer.

Joli é mais um cãozinho cego naquele território de lobos tristes. Ele também chegou ali pelas mãos de um “amigo”. Segundo informações de quem o resgatou, ele foi abandonado junto com outros cães, por sua ex-dona, uma médica, que possivelmente não tinha tempo para cuidar deles.

Crueldade e abandono são ações típicas de pessoas que ainda não evoluíram o bastante. Definitivamente, não é a classe social que define isso. Alguns dos animais especiais de D. Tereza (velhos, cegos, arredios ou doentes) estão sendo adotados por pessoas simples, mas com enorme disposição para ajudar.

O Joli passa boa parte do tempo ao lado de uma vasilha de comida, defendendo-a de inimigos imaginários. Às vezes, ele rosna mesmo que nenhum outro cachorro esteja ameaçando sua refeição.

Tentamos afagá-lo e ele se mostra muito assustado. Não é agressivo, mas aprendeu a se defender de tudo e de todos.

ATUALIZANDO: Joli foi adotado.

Lindinha tem seis anos de vida e está há quatro anos na casa de D. Tereza. É a única paraplégica que conseguiu sobreviver ali. Na verdade, ela não sobrevive, mas apenas se mantém viva, por mais um dia, apenas.

Foi atropelada e teve uma perna esmagada. O socorro que recebeu foi ser retirada do local e deixada em uma caixinha de papelão, aguardando “sabe lá o quê”.

Quando D. Tereza soube do caso, foi buscá-la e a levou a um veterinário, mas sua perna já estava necrosada e precisou ser amputada.

Há 4 anos ela vive exatamente como está mostrado nas fotos, se arrastando pelo chão da sala de D. Tereza, junto com mais um tanto de outros cães. Nem precisamos dizer que também é arredia. Tem todos os motivos do mundo pra ter pânico de gente.

Não conseguimos sequer traduzir seu olhar, uma mistura de medo, tristeza e desesperança.

ATUALIZANDO: Lindinha foi adotada.

Timburé tem 4 anos de vida e está há dois vivendo na casa de D. Tereza.

Foi também abandonado pelos donos, quando foi resgatado. O nome é referência a uma espécie de peixe, que fez parte da infância de D. Tereza. Segundo ela, ele se parece com o tal Timburé.

Pingo chegou bem filhotinho por lá. Lá se vão dois anos desde então, sem que ele fosse doado. Com dois anos vivendo ali, não conheceu outra vida. Como a maioria dos lobinhos dali, é assustado e triste. É pequeno e poderia viver muito bem em apartamento.

Juquinha foi arremessado de um carro em movimento, em plena Avenida Cristiano Machado.

A vontade do dono se concretizou: foi atropelado. Logo depois, foi resgatado e levado para a casa de D. Tereza, seguramente, por um de seus “amigos”.

Pituquinha. Foi jogada no terreiro de D. Tereza, durante a noite.

Desnecessário contar que, em casos assim, até que D. Tereza acorde (se é que dorme) e corra para acudi-la, ela já apanhou muito dos outros cães, que entram em frenesi para defender o território da nova “ameaça”.

Infelizmente, muitos desses cães jogados pelo portão não são socorridos a tempo e terminam mortos.

Lá se vão dois anos desde que ela chegou.

Jujubinha foi resgatado em uma casa abandonada, na marginal da BR262. O dono era um catador de lixo com problemas mentais.

É um SRD preto de porte médio. É o legítimo representante dos “lobos que ninguém quer”. Pra ele não há muita esperança de sair dali vivo. Se fossem capazes de pensar como nós, talvez ele esperasse pela morte, até com certa ansiedade.

Branquinha tem os olhos do medo. É uma cadelinha de porte pequeno a médio. Precisará de donos com paciência de aguardar o tempo de socialização. Pelo menos uma semana é o que estamos recomendando.

ATUALIZANDO: Branquinha foi adotada.

Pretinha também chegou lá nos braços da dona. Uma arquiteta chamada Ana Paula chegou com a Pretinha e mais um filhote, explicando que se mudou para um apartamento e que os vizinhos não a deixaram subir com os cães.

Pediu que D. Tereza a abrigasse por uns dias, até ela ajeitar as coisas, pois os levaria para um sítio em Sabará.

Os cães entristeceram e chegaram a adoecer. Dona Tereza tentou ligar várias vezes para a Senhora Ana Paula, mas esta nunca mais atendeu ao telefone. Já se passaram seis meses e nunca mais foi vista. A essa altura, não temos como saber se ela se chamava mesmo Ana Paula, e nem se era arquiteta.

Nosso desejo é que esta matéria chegue a todas estas pessoas que deixaram seus cães ali, para que compreendam o mal que lhes fizeram. Quem sabe alguns deles não resolvem buscá-los? Não temos dúvidas de que os cães reconheceriam esses donos e ainda os receberiam com abanos de rabo, mesmo que não merecessem.

A capacidade de perdoar e de esquecer é talvez a maior virtude dos lobos.

Por fim, pra não esquecer deles, os gatos continuam por lá, desbravando seu território.

Seguem vivendo 24 horas por dia confinados às prateleiras de dois armários. Não sei o que é cama ou caixa de areia. Não entendo nada de gatos, mas sei que são asseados. Aquilo é uma tortura permanente para cada um deles.

Da primeira vez que os fotografei, eles nos pareceram saudáveis. Dessa vez, alguns já mostram sinais da vida que levam.

ATUALIZANDO: Branquinha, a gatinha que vivia adoentada, teve um diagnóstico de um grave problema intestinal. Vaio a óbito, apesar do tratamento médico.

A campanha continua, e espero que esta matéria possa mostrar que falta muito e que a união e mobilização continuam sendo indispensáveis.

Sem adotantes, nada vai mudar. Notamos que não poderemos mais organizar feiras exclusivas, porque não temos onde colocar 20 animais de uma vez para que sejam preparados para as feiras.

Da casa de D. Tereza não é conveniente que saiam direto para as feiras. De lá, apesar de todo o empenho da anfitriã em cuidar deles e dar-lhes banho na véspera, eles continuam saindo sujos, malcheirosos e assustados.

Por isso, as feiras vão continuar, mas, infelizmente, com 5 ou 6 representantes da turma. Eles precisarão competir com cãezinhos alegres, saltitantes, com atributos e disposição para conquistar os candidatos à adoção.

Não será fácil para os nossos meninos, mas é o máximo que poderemos fazer por eles, a menos que encontremos lares temporários suficientes.

Ainda temos esperanças de que surjam pra alguns deles, adotantes que se disponham a retirá-los da casa de D. Tereza, dispostos a assumirem a responsabilidade pela faxina inicial.

E que venham os adotantes. Precisamos de mais uma centena deles.

Contatos para adoção de cães:

A DEFINIR.

Para doações em dinheiro, os valores poderão ser depositados diretamente em conta de D. Tereza, sem intermediários. Esta foi a forma mais segura e transparente que encontramos.

CAIXA ECONOMICA FEDERAL / AGÊNCIA – 1746 / CONTA POUPANÇA – 112087-6 / OPERAÇÃO 013

NOME FAVORECIDO: TEREZA CARLOS VIEIRA

Pra quem chegou agora e quer conhecer o início da história, eis o link:

Não era esse o combinado

Comentários / Mais informações sobre o anúncio devem ser obtidas com os anunciantes, no telefone ou e-mail indicados acima.