Esta é a Pretinha. A história é repetitiva, mas vamos tentar contar assim mesmo.

Foi adotada, talvez até comprada já que ela é Pinscher legítima, no primeiro semestre do ano de 2012. (A data é calculada porque ela tem idade aproximada de 7 meses e foi resgatada em Dezembro).

Mas aí, o tempo passou, passou e chegaram as férias de Dezembro e a Pretinha continuava viva. Tem gente que acha que cachorro devia viver só algumas semanas.

Pretinha Irineu 2

Fim de ano é tempo de festa, de férias, de viagens. Não dá pra ficar gastando tempo com cachorro. E agora? O que fazer com ela nas férias das crianças? Não dá pra levar na mala, não dá pra colocar em hotelzinho porque é muito caro. Com o preço do hotelzinho, dá pra fazer a festa em cerveja. Também não se deve incomodar vizinhos.

Pra quem já pegou o “fio da meada”, é isso mesmo: Mais um abandono de férias. A Pretinha foi deixada em uma estrada rural, lá pros lados de Itatiaiuçu. Por 15 dias ela vagou pelas casas da região, percorrendo as estradas lameadas, fazendo amizade aqui e ali, comendo sei lá o que. Desconfiamos que ela tenha sobrevivido comendo capim e talvez algumas frutas.

Alguém viu e passou a alimentá-la. Chegou mesmo a adotá-la. Era uma das casas que ficam ali mesmo onde ela havia sido deixada.

Ela era ainda filhote e tinha idade aproximada de 7 meses. E o que se pode esperar de uma cadelinha pequena aos 7 meses? Cio, é claro.

Como o local era todo aberto e a família não teria meios de providenciar a castração, trouxemos a criança pra Belo Horizonte e a hospedamos, até que o cio passasse e ela pudesse ser castrada.

Ela é uma cadelinha de raça pura e precisará de cuidados especiais. Por isso, a família que a salvou decidiu que seria melhor pra ela encontrar novos donos, nos autorizando a doá-la, após os procedimentos necessários.

Por aqui, ela encontrou amigas pequenas como ela, médias e grandes. Se deu muito bem em nossa matilha.

Aprendeu a cavar, cheirar, perseguir rastros, correr e se sujar.

Aprendeu que crianças e lobinhos como ela nasceram pra serem amigos para sempre, e não só até as férias.

Descobriu que, em uma matilha equilibrada, ela pode até se achar a fêmea alfa, que ninguém vai repreendê-la por isso.

Nas fotos abaixo, Pretinha e Mariana, que também estava hospedada em nossa casa, à espera de alguém especial.

As duas tornaram-se melhores amigas de infância. Brincavam, corriam e rolavam o dia inteiro.

Ela recebeu vacinas, vermífugo, algumas vitaminas e foi também castrada. Nos primeiros dias, ela se mostrava um pouco arredia. Acreditamos que não recebia muita atenção dos donos. Talvez apanhasse, já que se aproximava com o rabinho entre as pernas. Tinha medo de gente.

Mas depois de um tempo experimentando uma vida de lobo, a história mudou. Ela já se mostrava confiante, até demais. Não tinha cerimônia e adorava um colo. Mostrava-se muito sociável e adorava companhia de outros cães, sempre disposta a brincadeiras.

Estva acostumada a andar de carro e começava a experimentar as delícias de um passeio na coleira. Ela é uma lobinha muito especial e merecia encontrar donos tão especiais quanto ela.

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Foi uma alegria grande receber esta mocinha em nosso território. Ela viveu por aqui quase dois meses. Neste período, se integrou à nossa matilha e nos conquistou, é claro. Esperávamos uma despedida triste, como geralmente são todas as despedidas. Mas, triste ou não, Pretinha precisava seguir seu destino, para que outros lobinhos pudessem ser salvos.

Em um território distante, uma lobinha solitária chamada Nina reivindicava de seus donos uma amiguinha de pelo. Não lhe faltava nada, mas mesmo assim ela pedia mais. Conhecíamos a família e sabíamos que seriam os donos ideais para a Pretinha. Além da Nina, duas outras filhotinhas, Clara e Valentina, esperavam por ela.

A Pretinha chegou na casa de Beto e Graziele em uma manhã de quarta-feira, feriado de carnaval, sendo recepcionada, ainda no Jardim, pela Nina, que se mostrava feliz e curiosa com a novidade.

Pretinha adotada 1

Passados os primeiros instantes, era preciso mostrar para a novata que ali já existia uma fêmea alfa. E Nina sabe bem como fazer isso. Afinal, amigas, amigas. Liderança de matilha à parte.

A Pretinha havia acabado de deixar uma grande matilha pra lá de equilibrada. Ela não estava nem aí pra essa coisa de liderança. Não queria saber de disputa, desde que não lhe faltasse colo.

Então, registramos algumas cenas que mostraram que naquela casa havia mais colo do que cachorro. A Pretinha havia chegado no lugar onde deveria ter nascido. Clara e Valentina estavam felizes com a chegada da nova lobinha. Graziele e Beto também a receberam como uma nova filha.

Depois de relaxar no colo da Graziele, como poucas vezes a vimos relaxada, era hora de conhecer melhor o novo território. E ninguém melhor pra acompanhá-la do que a Nina. Foi até a sala e cheirou cada canto, acompanhada de perto pela Nina, como se dissesse: __Esse território é meu. Não o marque. Só eu posso fazer xixi nesses tapetes.

Nina e Pretinha já eram, em questão de minutos, melhores amigas de infância. Na verdade, a infância delas estava mesmo começando. Nina também é bem jovem e ainda apresenta comportamento de filhote.

Depois de conhecer a casa, era hora de percorrer o território. Nina sempre à frente, fazendo pose de quem domina a área e sabe indicar onde estão os cheiros mais interessantes.

A Pretinha estava feliz. Mais que isso, estava tranquila. Parecia querer nos mostrar que ficaria bem. Nem mesmo na hora da despedida ela demonstrou insegurança. Poucas vezes presenciamos uma adaptação tão rápida.

Ela não foi apenas adotada. Pretinha ganhou uma família que fará tudo por ela. Na despedida, a pequena Pinscher nem fez menção de me seguir. Preferiu ficar perto da Clara e da Valentina, suas novas irmãzinhas humanas.

Estas duas meninas são especiais. Fazem parte de uma geração que veio ao mundo pra fazer tudo diferente, pra transformar o Planeta. E mesmo tão novinhas, já começaram a operar mudanças. Elas transformaram a vida da Pretinha. O nome da lobinha talvez venha a ser trocado, mas isso não importa. Ela entenderá muito mais o tom da voz que as sílabas pronunciadas.

Seja feliz pequenina. Foi um presente ter recebido você em nossa casa, mesmo que por pouco tempo. Foi um privilégio tê-la resgatado e uma alegria ainda maior tê-la entregado a uma família como a que você tem agora.

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