Era uma vez um Yorkinho de apenas 6 quilos que, por algum motivo ainda desconhecido, caiu nas ruas, onde passou a viver mendigando restos.
Viveu alguns dias em situação de abandono, tempo suficiente apenas pra deixá-lo muito assustado e com medo de tudo e de todos.
Por sorte, não houve tempo suficiente para que surgissem os estragos que o abandono costuma provocar.
Mesmo assim, ele estava muito sujo, com pelo começando a embolar e muitos carrapichos, que já lhe fincavam a pele e provocavam dor.
O resgate aconteceu com a ajuda de um pouco de comida e uma postura corporal amigável.
Ele se aproximou, cheirou a ração, agradeceu e, com um pouco de temor, esticou o focinho pra cheirar as mãos que lhe pediam amizade.
Com um carinho no queixo e nas orelhas, ele se rendeu e veio procurando se acomodar no colo.
Ele tinha fome, mas a carência de afeto era muito maior. Usava uma coleira de couro, um pouco grossa pra ele.
Não tinha identificação e seus donos, embora procurados com cartazes na região, não foram encontrados.
Demos ao garoto o nome de Bruninho, que aliás lhe caiu muito bem. Ele é mesmo muito carente e pede colo em tempo integral.
E pra manter o colo, permitiu a remoção dos carrapichos sem nenhuma resistência. Alguns estavam tão colados à pele que lhe fincavam o corpo.
Ele nem sequer conseguia encontrar uma posição confortável pra deitar, de tantos espinhos pelo corpo.
Foi uma tarde inteira de massagens, carinho, tesouras e muitos puxões, que serviram pra livrá-lo, pelo menos um pouco, dos espinhos. Era domingo e não seria possível proporcionar a ele a tosa que tanto precisava.
Bruninho se mostrou bem sociável, perfeito para companhia. É certo que já teve donos. Talvez tenha apenas saído pra dar umas voltinhas e não conseguiu voltar.
Entretanto, infelizmente, ninguém procurou por ele Talvez morasse longe do local onde foi encontrado, ou talvez tenha sido abandonado. Não queríamos pensar nessa hipótese, mas ela é real.
No dia seguinte, o levamos a um Pet Shop para uma faxina.
E que menino bonitinho ele era! Os exames mostraram que ele estava bem, o que autorizou a imediata castração.
Chegou por aqui já castrado, mas livre daquele medo que o consumia no tempo em que esteve nas ruas.
Participava da algazarra dos lobos em nossa varanda, mas apesar do interesse em tudo que se passava na rua, continuava preferindo o colo.
De vez em quando, me olhava como se quisesse dizer algo. Bruninho é um cãozinho muito evoluído e precisará seguir um caminho que garanta a ele cumprir essa etapa e chegar ao final dela pronto para conhecer o que chamamos de “elo perdido”.
O colo continua sendo seu lugar preferido, e será assim pra sempre. Não o flagramos ainda brincando com outros cães, mas ele não tem qualquer sinal de agressividade com seus irmãozinhos.
Pelo contrário, gosta da companhia deles. Apenas não brinca, ainda.
Descobrimos que ele é um cãozinho bem jovem e é certo que o tempo devolverá a ele a infância que deve ter ficado em algum lugar do passado.
A interação com a nossa turminha foi ótima. Ele realmente é sociável demais e precisa de companhia.
Depois da castração, ele iniciará a vacinação, inclusive com a Leishtec. Está saudável, livre de pulgas e carrapatos, já tosado e no ponto pra dormir na cama com os donos.
Bruno é um Yorkshire e parece ser de raça pura. Tem o pelo macio como algodão.
É pequeno e pesa entre 5 e 6 quilos. Ainda não ouvimos um único latido, o que o credencia pra viver em apartamento.
Embora ainda jovem, não tem a agitação de filhote, não estraga nada e comporta-se muito bem.
Ele é carente, muito carente, sinal claro de que não teve, na infância, a quantidade de colo recomendada para lobinho neste estágio de evolução.
Bruninho veio ao mundo pra dividir o ninho e o coxo com os donos. Não pode viver em terreiros ou áreas externas.
Precisava agora de uma família, que o recebesse como filho.
A adoção chegou em uma manhã de sábado, poucos dias depois do resgate. Bruninho foi escolhido para a deliciosa tarefa de proporcionar a um garoto que acabara de completar 10 anos, o privilégio de crescer com um lobo.
Mas não apenas o Nícolas aguardava ansioso pelo irmão caçula. Giovana e Fernanda também quiseram participar daquela recepção, o que nos mostrou que o Bruno encontrou mais um amigo de infância. Ele agora tem uma família.
A adaptação foi instantânea. Isso porque nosso menino chegou fazendo festa, interagindo e pedindo carinho. Não pode haver cachorro mais dócil que ele.
Do colo, ele me olhou como se dissesse: _Pode ir. Aqui é o meu lugar. Valeu!
Este post será atualizado, até que o Nícolas esteja grande, forte e com barba na cara. Que o exemplo dado por esta família ajude a despertar e sensibilizar mais pessoas. Que mais lobos como o Bruno tenham oportunidades assim.
Agradecemos aos amigos, Elizeu, Fernanda, Giovana e Nícolas, pela acolhida. Que este garoto encha a casa de vocês de alegria, e que cumpra a tarefa que eles, os lobos, vieram pra cumprir: nos tornar melhores.
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