Conheci a Pitucha no dia 18 de abril de 2013. Ela havia acabado de chegar à SMPA e estava no canil dos sarnentos.
Aquele olhar pedindo ajuda foi dos mais angustiantes que já vi. E tenho que confessar que não achei que ela tivesse salvação.
Seu estado geral era grave, muito grave. Seu corpo estava tomado de feridas, que teimavam em ocupar o lugar que devia ser de um pelo amarelo, macio e curto.
Naquela ocasião, tínhamos que focar nos números e retirar de lá aqueles que tivessem mais chances de adoção.
Assim foi feito e a Pitucha nunca era a “bola da vez”. Seu resgate foi adiado, ou porque ela não estava pronta para adoção, ou porque, dentre os mais necessitados, haviam sempre outros em piores condições.
Reencontramos a Pitucha em Janeiro de 2014. Estava melhor, mas ainda longe do que ela merecia.
Por fim, Janeiro de 2015. Já sob nova direção, muitas coisas haviam mudado, a começar pelos cães, que não eram mais os mesmos que ali ficaram, e que nunca vou conseguir esquecer.
A Pitucha dava sinais de melhora, mas ainda longe. Os quase dois anos no abrigo não fizeram muito por ela e estava claro que, fora dali, suas chances de cura seriam bem maiores.
Ela ainda tinha falhas no pelo, mas já abanava o rabinho e mostrava a quem tivesse olhos de ver que ela era uma cadelinha carinhosa e muito boazinha.
Suas qualidades não passaram desapercebidas. A SMPA vem passando por mudanças e as principais estão sendo operadas por voluntários, que chegam de todos os lados.
E uma dessas tantas voluntárias é a Raquel, cuja tarefa ali era ajudar no Canil nº 13, onde estava a Pitucha.
Ali ela conheceu a menina e começou a se encantar. Havia algo no ar, que a Pitucha já sabia, mas nós, humanos, às vezes, precisamos de um pouco mais de tempo pra entender.
E quando esse tempo não chega, a vida nos dá um tranco. Neste caso, a sacudida que faltava foi uma briga entre os cães, em que a Pitucha foi a vítima.
Foi o sinal que faltava para que a Raquel entendesse o recado.
As notícias da menina continuam chegando. E nós teremos grande prazer em atualizar este post. Se, diante de tantas mortes, a Pitucha sobreviveu, é porque a vida dela tem um propósito. Não sabemos qual é, mas a Raquel vai descobrir e nos contar.
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