Avistamos este lobinho, que caminhava atrás de uma cadela SRD de porte grande a médio, e que o rechaçava, ameaçando mordê-lo.
Paramos o carro e, antes que descêssemos, um portão de garagem se abriu e a cadela se apressou em entrar em casa.
Desci do carro e alertei ao “dono” que o pequenino havia ficado do lado de fora, acreditando que ele também morasse ali.
O rapaz então explicou que o cãozinho não era dele, e que havia sido deixado ali na manhã daquele mesmo dia. O local exato onde ele foi deixado era um depósito de entulho clandestino, nas margens da Via Expressa.
Ele trazia no pescoço uma coleira de plástico que, de tão apertava, havia lhe arrancado os pelos, deixando a pele vermelha. Mais alguns dias, abriria ferida.
O resgate não foi dos mais fáceis. Ele refugiou-se debaixo de um carro estacionado e ali ficou me olhando desconfiado. Sentei no asfalto e chamei por ele, que se aproximou cauteloso, com o rabinho entre as pernas.
Assim que minhas mãos o alcançaram, o peguei no susto, o que me custou alguns furos nos dedos. Naquele momento, sua vida mudou. Dei a ele o nome de Cisco, por razões óbvias.
Eu estava voltando de um passeio com nossa matilha e estava com 5 cães no carro. Terminei a viagem com o menino no meu colo e fui organizar o banho da turma. Onde se banham 5, banham-se 6.
A adaptação com a matilha não foi demorada. Ele se encantou por nossa esmirradinha Estopa.
Com a Hanna também fez amizade e logo já ensaiavam algumas brincadeiras, ainda desconfiadas.
Minha criatividade para escolher o nome não foi bem aceita por aqui. Ele acabou ganhando outro nome e agora se chama Fred.
Fredinho é um Pinscher de no máximo 3 quilos. Já fez todos os exames e está ótimo. Iniciou a vacinação, inclusive com a Leishtec.
Alguns pelinhos brancos no focinho indicam seus 4 ou 5 anos. É dócil e muito carente, embora precisará de tempo e paciência para se render aos afagos de seus futuros donos.
Com pouco tempo, ele já vinha para o colo com as próprias pernas e o rabinho posicionado entre elas. Mas não precisou de muito pra se render totalmente. Hoje já pula e pede colo. Quando no colo, já ensaia umas mordidinhas de brincadeira.
De tão animadinho e assanhado, tivemos que agilizar a castração do garoto. Até que na cirurgia correu tudo bem, mas depois, uma tragédia se abateu. Estava tudo programado. Ele saiu da clínica com uma roupinha cirúrgica, com a previsão de retirar os pontos em 10 dias.
Mas Fredinho não é um cachorro como os outros. No quarto dia ele fez xixi no pijama e assou a bundinha. Depois, arrancou os pontos, mobilizando a todos pra encontrar uma solução pra ele.
E a solução veio em forma de um colar elisabetano artesanal, feito de uma pasta plástica, colado com fitas e grampo de papel.
Ele vai sobreviver. Já iniciou a vacinação, inclusive com a Leishtec. A recuperação foi rápida.
Do colar ele passou para o pijama…
Do pijama, para a total liberdade.
Ele já estava bem, muito bem. Aprendeu a fazer o xixi no jardim, mas ainda não abdicou da coroa de macho alfa.
Um cachorrinho de colo perfeito. Só lhe faltava donos verdadeiramente especiais, que garantissem a ele a convivência estreita com a família, dentro de casa.
E foi o que ele ganhou. Uma família bem legal, Ronaldo, Vani e Simon esperavam há algum tempo por um amigo como o Fredinho. E como sempre acontece em casos assim, a vida se encarrega de organizar as coisas.
O Simon estava na escola, sem imaginar a surpresa que seus pais preparavam pra ele. Vani fez as vezes de anfitriã, dando as boas vindas ao nosso “carvãozinho”, apelido que ganhou aqui em nosso território.
Nos primeiros instantes, com a orelhinha baixa, talvez pressentindo uma separação iminente. Para um cão adulto, cada mudança de casa é um abandono. O Fred não estava em um abrigo e tínhamos a consciência de que ele poderia sentir. Aqui em nosso território, ele tinha a sua caminha dentro de casa.
Claro que a completa adaptação vai levar uns dias, mas não faltarão mãos e braços para consolá-lo.
Chegamos até a flagrar juras e promessas silenciosas, mas que o Fredinho entendeu imediatamente. Quando deixamos a casa da Vani, o menino já estava a vontade no colo.
E diante de tantas dúvidas sobre esse novo integrante da família, uma pergunta nos encheu de alegria, nos trazendo a certeza de que escolhemos pro Fred os donos que ele merecia: _Se ele quiser dormir na cama do Simon, pode deixar?
E o que responder? É tudo que o nosso menino merece. E é certo que o Simon terá o melhor amigo que a vida poderia ter levado a cruzar o caminho dele.
Lobos são criaturas especiais, que vieram ao mundo com o dom de nos fazer melhores. Não temos dúvidas de que as mudanças serão sentidas. Esperaremos as fotos prometidas do nosso carvãozinho com seu novo e melhor amigo de infância, Simon.
À nova família do Fred, Ronaldo, Vani e Simon, agradecemos a acolhida do nosso menino e desejamos que ele leve somente alegrias à vida de vocês.
Nos vídeos abaixo, Fredinho aprendendo a se divertir com Duda e Hanna, do Projeto O Lobo Alfa.
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