O objetivo será sempre o despertar e sensibilizar. E a proteção animal vem para aproximá-los de nós, criar a empatia e estimular a compaixão por todos os animais.
Antes, porém, de apresentar os protegidos em foco, um pouco de cultura não faz mal.
Seus antepassados eram do tamanho de um cachorro pequeno e habitavam as florestas. Tinham dedos e uma alimentação bem mais variada. Com a transformação de florestas em campos, teve início a construção natural dos atuais cavalos. Seus dentes foram modificados para se adequarem à nova alimentação e um dedo único evoluiu até os atuais cascos, mais adaptado a pisos mais duros e rústicos.
No início, a relação com os humanos era de predador e presa. Os cavalos eram caçados como qualquer outro animal, para servir de alimento aos nossos ancestrais.
Com o tempo veio o processo de domesticação. No caso dos cavalos, talvez seja mais apropriado dizer que foram amansados e não domesticados. A domesticação leva à ideia de amizade, proximidade e humanização, o que está longe, muito longe da relação que temos com os cavalos.
Foram amansados, como as cabras, mas eram animais de produção. A força, a agilidade e a velocidade, entretanto, tornaram o cavalo uma peça principal no transporte, tanto de pessoas quanto de carga.
E essa utilidade fez deles o maior de todos os escravos humanos.
O Equus ferus evoluiu para o Equus caballus. Hoje, acredita-se que cavalos selvagens não existam mais. Mesmo aqueles que vivem livres e isolados em alguns lugares remotos, ainda são submetidos a algum tipo de manejo.
Cavalos selvagens sempre estiveram no imaginário humano. Por muito tempo, eles colonizaram os confins da Terra. Habitaram áreas geladas, florestas, savanas, grandes pastagens.
Alguns viraram mitos.
Outros se tornaram lendas.
Mas, a maior e mais profunda de todas as transformações, veio debaixo de chicotes, cordas e ferros.
Instrumentos de tortura foram desenvolvidos, como chicotes, freios, cachimbos, ferraduras, esporas e muitos outros.
A maldade humana mostrou não ter limites, e nem razão.
E, moldados pela insanidade humana, chegamos aos cavalos modernos.
E o Fred é um legítimo representante de seu tempo, um animal destruído, ferido, machucado, negligenciado, maltratado, triste, que não teve vida. Foi escravo desde o dia em que viu a luz pela primeira vez.
Passou mais de 20 anos atrelado aos ferros, muitas vezes dormindo preso à carroça, pra facilitar a vida de seu algoz, já bêbado e sem forças pra dar a ele uma noite de descanso entre uma jornada e outra.
Ele não tem as orelhas. Uma delas foi arrancada na base, provavelmente pela força dos cachimbos (Instrumento em forma de torniquete que é usado para apertar e provocar dor, a fim de fazer o animal frear – leia-se travar – em grandes ladeiras). E talvez após a amputação, o instrumento tenha sido levado para a orelha que restou, mas que também não durou muito.
Se ele tivesse nascido sem as orelhas, teria sido melhor. O Fred já tem mais de 20 anos e tudo indica que todo esse tempo ele não conheceu nada diferente de dor e tortura.
Suas articulações dos pés, logo acima dos cascos, contam hoje com uma proteção, que tem o objetivo de firmá-los, para que ele sinta menos dor nos tendões, já rompidos pelo excesso de força que precisou despejar neles.
Os cascos, que em seus antepassados evoluíram para que pudessem galopar por terrenos mais rústicos, não foram capazes de suportar as pedras fincadas de nossas ruas.
É possível ver as lascas e o pisar torto, provocados pelo desgaste acentuado causado pela lima do asfalto quente.
As costelas aparentes e um fundo em sua testa são o claro sinal de fome e inanição. Seus dentes e seu aparelho digestivo não evoluíram pra que ele comesse as sobras de sacolão que os carroceiros usam para mantê-los vivos.
Sim. Eles não são alimentados, mas apenas mantidos vivos.
Hoje ele espera por adoção, mas é preciso explicar que ele precisa de compaixão. Não se trata de um cavalo de graça.
É preciso que o adotante seja capaz de entender a história e a importância de dar a ele um resto de vida com o mínimo de dignidade, longe de tudo que lembre os instrumentos de tortura que o machucaram durante uma vida inteira.
E não basta boa vontade. É preciso estrutura e condições de manter um animal desse porte, com tudo que ele precisa, de espaço a manejo adequado.
Fred e mais outros tantos que sofreram uma vida inteira nas garras de carroceiros covardes esperam por adoção, em baias pequenas.
Foi o que deu pra conseguir pra eles. Queremos muito encontrar parceiros dispostos a ajudar nessa difícil tarefa de transformar a vida deles.
O Fred é o mais debilitado desse grupo, mas é também o mais humilde. E que fique claro que essa humildade toda não significa docilidade. Ele aprendeu, da pior maneira possível, a aceitar o manejo, pois resistir era sinal de mais dor ainda.
É por isso que muitos deles, quando são levados a santuários e locais de descanso, longe das selas e dos outros instrumento de tortura, tornam-se arredios, por vezes até hostis.
Serafim também foi resgatado em condições de abandono.
Também está magro e triste, mas nada que um bom pasto e uma temporada de desintoxicação não resolvam pra ele.
Também traz nos cascos as mascas das pedras fincadas e, no peito, o excesso de couro indica que os músculos de outrora foram consumidos pela fome.
Ele é um cavalinho triste, bem triste.
Algodão é albino e, por isso, precisa de cuidados especiais. Ele precisa de espaço com pasto, mas também com árvores e áreas sombreadas.
É grande, forte e, no caso dele, o tempo não fez tantos estragos. Não é jovem, mas ainda tem muita vida pela frente.
A pequena baia garante a ele a sombra tão necessária, mas não o conforto térmico.
Procura ficar todo o tempo com a cabeça pra fora, como se buscasse um ar mais puro, embora ali não tenha sequer o cheiro de mato que eles tanto apreciam.
Os olhos não brilham como deveriam.
Claro que também traz as marcas da fome e de um longo período de dieta inadequada.
Ele precisa muito de uma vida mais livre, longe da cidade. Precisa de pasto verde, de boas sombras e água fresca.
Claro que precisa também de um tratador atento, que saiba identificar os sinais sutis de sua vida frágil. Algodão tem muito tempo ainda de vida, e queremos que ele retome o caminho evolutivo que foi interrompido no dia que foi atrelado pela primeira vez a uma carroça.
Hermitage também traz os sinais da fome, com as costelas à mostra.
Nos cascos, os mesmos desgastes e lascas causadas pelas pedras fincadas das ruas.
Ele também não é muito velho e tudo indica que seu mal é apenas o coxo fraco. Tão logo ganhe um pasto e um pouco de liberdade, terá de volta a vida que lhe foi roubada.
Não sabemos se um dia eles se sentirão livres a ponto de galoparem pelo pasto, mas a vida selvagem já se foi longe. Não precisam voltar a um passado tão remoto, mas uma vida sem escravidão já será tudo de bom pra eles.
O olhar triste e sem brilho é uma marca de todos eles.
Ele é um cavalo castanho, ainda jovem, com aproximadamente 12 anos.
Tem energia e disposição. É certo que anseia pela liberdade. E é o que procuramos pra ele.
Ele também vive em uma baia pequena, esperando por uma liberdade que ainda não chegou.
Mazaropi é um burrinho banco, também destruído pelo tempo de maus-tratos e serviços forçados.
Também é velhinho, embora menos machucado que o Fred.
A cabeça baixa indica que está sempre à espera do estalar dos chicotes. Seu couro traz as marcas dos muitos estalados ouvidos nos 15 ou 16 anos de vida.
Apesar de tudo, ele parece bem. Ainda tem disposição pra viver e pode ser feliz um dia. Só precisa de alguém disposto a dar a ele a tão merecida aposentadoria.
Todos eles passaram por exames e estão bem de saúde. Já podem seguir um novo caminho e queremos pra eles uma nova etapa de vida.
Cada um deles veio ao mundo com um propósito, e não foi pra “servir ao homem”. Em cada um habita um espírito forte, indomável, com habilidades e experiências a serem vividas.
E que as adoções venham para recoloca-los no caminho evolutivo que foi um dia interrompido.
Por fim, Soberano é o mais forte e também o mais belo. Também se submeteu aos chicotes, mas ainda tem força e disposição pra resistir.
Ele é um lindo cavalo, grande, forte, de pelagem castanha e a face branca. Também sentiu muita fome, também comeu o que não lhe bastava e, como todos os outros, ainda precisa se fortalecer.
Apesar disso, ele é o único dos seis que ainda pode galopar, se tiver espaço e liberdade.
Todos eles estão com exames em dia e castrados. Precisam de adotantes, mas queremos pessoas que entendam o tamanho da responsabilidade que assumirão e que consigam perceber o que estamos tentando fazer por esses animais.
Como humanos não trazem estrela na testa, pedimos, encarecidamente, que aqueles que quiserem um cavalinho pra pequenos trabalhos, ou para montaria de crianças pequenas, por favor, não nos procurem.
Não é isso o que eles merecem e nem o que desejamos pra eles. Queremos que eles se esqueçam de todas as atrocidades que viveram. E nunca esquecerão se tiverem freios e selas amarradas em seu corpo.
E os adotantes precisam entender isso. Queremos pessoas dispostas a pensar nos animais, e não apenas nos seus caprichos.
Soberano é grande e forte. Está magro, mas nada que um bom pasto não resolva. Ele deve ter por volta de 10 anos e pode viver até os 30, se bem cuidado.
Mas isso não significa que ainda possa ser usado em qualquer tipo de trabalho. Não é o que queremos pra eles. Não se resgata um cavalo para ser usado em pequenos trabalhos.
O propósito de um resgate é conduzir o animal por um caminho evolutivo livre das dores, do sofrimento e da escravidão.
Todos eles esperam por adoção. São todos machos, estão com a saúde em dia e castrados. São dóceis, embora essa docilidade não faça diferença, pois desejamos que eles se sintam à vontade para se tornarem arredios.
ATUALIZANDO: Todos foram adotados. Mas como as atrocidades não cessam, outros chegaram e estão para adoção.
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