Chocolate é o protagonista de mais uma daquelas histórias, que nos causam revolta e indignação.
O pedido de socorro dava notícias de um cachorro com uma grande ferida repleta de larvas, que andava cambaleante pelas ruas um determinado bairro.
O andar cambaleante era reflexo da dor, pois a miíase havia se espalhado e já provocara um grande estrago. Ele estava, literalmente, apodrecendo vivo.
O socorro inicial foi dado, incentivado pela promessa de um lar temporário. Este lar temporário inicial pouco ajudou, mas foi ali que a verdadeira história dele pôde ser conhecida.
Seu nome verdadeiro era mesmo Chocolate e ele vivia juntamente com vários outros cães, na casa de alguém que se mudou e despejou os cachorros na rua. Cada um se virou como pôde, alguns morreram, outros sumiram, outros decidiram sozinhos buscar um novo destino.
O Chocolate ficou por ali mais tempo do que seus vizinhos estavam dispostos a tolerar e o resultado dessa convivência forçada foi um golpe (paulada) na cabeça, que lhe abriu uma fenda.
Sem tratamento, a ferida infeccionou e, em alguns dias, já estava repleta de larvas. Pelo estado avançado do ferimento, foi possível saber que o sofrimento dele vinha de muitos e muitos dias.
Seu olhar no momento do resgate refletia tristeza e gratidão. A dor era intensa, mas nem por um minuto ele tentou se desvencilhar ou dificultar o resgate. Pelo contrário, sabia que estava sendo ajudado.
Durante os procedimentos médicos, ele urrava de dor, mas não fez sequer menção de usar os dentes, o que seria compreensível se assim tivesse feito.
Chocolate se mostrou o mais humilde e agradecido cãozinho de todos os tempos. Aceitou o manejo, com todas as dores e incômodos que ele lhe impunha.
Ficou um bom tempo internado até receber alta médica e a autorização para que continuasse o tratamento em casa.
Os médicos que o atenderam estimaram sua idade em 8 anos. Ele fez exames de saúde e estava em condições de ser recuperado, apesar de tudo.
Os poucos e danificados dentes mostravam que, se ele tiver mesmo apenas 8 anos, esses anos não foram bem vividos.
Depois de uma maratona de procedimentos, chegou o Chocolate em um lar temporário, onde ficaria por alguns dias, até o fechamento definitivo da ferida.
Neste período, ele passou por outros exames, recebeu cuidados especiais, alimentação de qualidade, vacinas e tudo o que precisava para se transformar num cãozinho cheio de atrativos.
O caminho seria longo mas parecia promissor.
Quando chegou, estava muito triste, quieto demais. Olhava as pessoas como se tentasse entender o que se passava. Eram tantos procedimentos que ele parecia esperar a qualquer momento pela injeção que lhe fizesse dormir para sempre.
Só havia uma forma de tirá-lo daquela passividade e conformismo. Remédios eram importantes, curativos também, mas nada teria mais força na transformação de um cachorro do que afeto.
E foi o que ele recebeu, todos os dias, de hora em hora.
O astral começou a mudar e ele, finalmente, pôde revelar sua verdadeira identidade.
O lobinho assustado e triste começou a se transformar. Ainda estava ferido, ainda sentia dores e não esqueceu as agressões e nem o abandono daqueles que um dia lhe prometeram afeto e proteção.
Mas com poucos dias no novo lar temporário já podíamos afirmar que Chocolate era um cãozinho muito dócil e tranquilo.
Esperávamos que, quando a ferida se fechasse totalmente e as dores fossem definitivamente arrancadas, talvez ele se tornasse também um cãozinho brincalhão.
Claro que, com 8 anos de vida, seria esperar demais dele. Ser dócil e um bom companheiro sem muita energia já seria um currículo e tanto pra quem esteve bem perto de se despedir da vida.
Mas Chocolate parecia ser um pouco mais que isso. Ele tem alguma coisa de anjo, daqueles que vieram ao mundo com uma missão e não encontraram o solo fértil de que precisavam.
O tempo e os tratamentos vindouros tornarão essa história mais clara.
Ele ainda precisará de alguns cuidados, mas não chegará a ser uma adoção especial. Em breve estará pronto pra começar uma nova história, ou pra terminar a sua de uma forma mais digna. Quem sabe até um final feliz espera por ele?
Talvez, em algum momento da vida, não muito distante, ele precisará de uma alimentação mais macia, talvez de acompanhamento médico mais frequente, talvez venha a precisar de alguns remédios.
Mas nada disso será empecilho pra ele encontrar a paz.
Além da ferida, os exames mostraram que ele estava muito anêmico, sucumbindo a uma doença chamada Babesiose, também conhecida como “Tristeza canina”. Estava aí a explicação de seu estado de espírito.
Ele recebeu o melhor tratamento, com uma alimentação natural preparada para “levantar defunto”, dentre outros cuidados. Assim que a ferida se fechou e ele pôde retirar o curativo, tudo começou a mudar.
Uma semana depois, o tratamento da Babesiose também começava a surtir efeito e aí, a transformação que esperávamos, finalmente aconteceu.
Chocolate já é velhinho. Não é um cachorro que vai fazer correrias pela casa, não vai destruir sapatos, rasgar cortinas e nada do tipo. Ele é calmo, muito tranquilo, daqueles que passarão o dia deitado ao lado dos donos.
É indicado como companhia para crianças pequenas ou mesmo para idosos.
Seu final feliz agora está próximo. Podemos afirmar que ele venceu. Só falta mesmo ser adotado por alguém que o mereça.
Abaixo estão as últimas fotos do Chocolate. Ele parece mesmo outro cachorro.
E o final feliz chegou, exatamente como um dia sonhamos ser possível. Vá ser feliz, amigo. Vá cumprir a etapa evolutiva para a qual vieste ao mundo.
E que, no final, bem no final, você já esteja “quase falando”. A família que os anjos escolheram pra te receber sabe bem o significado disso.
Abaixo um pequeno vídeo da rotina do Chocolate com a nova irmãzinha.
Atualizando: 08/05/2017.
UMA INICIATIVA ESPECIAL
Vejam, amigos. A história do Chocolate está sendo contada de uma forma criativa e muito especial.
A iniciativa é do Alysson Estevam, professor de artes do Colégio Santo Agostinho de Contagem. Os cartazes foram preparados a partir da história real e espalhados pelo Colégio.
E vale aqui um registro. Pra quem não sabe, o Plataforma Terráqueos é uma das mais importantes ferramentas já criadas dentro de uma escola brasileira, voltadas para a educação humanitária.
É consenso geral que a educação humanitária é a principal e mais importante ferramenta para a transformação desse Planeta. E alguns educadores já sabem que não há solo mais fértil pra se semear o bem do que o coração de crianças e jovens em formação.
Essa moda precisa se espalhar e atingir outras escolas no País e no mundo.
Vale conhecer o trabalho dos amigos do Colégio Santo Agostinho:
https://www.facebook.com/plataformaterraqueos
http://www.plataformaterraqueos.org.br/
Muito obrigado ao Colégio Santo Agostinho, aos Professores Alyssom e Aleluia e a todos os integrantes do Plataforma Terráqueos.
O Chocolate e todos os que se envolveram no resgate dele agradecem.
Número do anúncio: fev17-0015-mgC
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