Elas são duas Shih-tzus, bem bonitinhas e pequeninas, mãe e filha.
Tudo indica que a mãe era usada como matriz, pra fornecer filhotes para alguns desses infernos que existem por aí.
Em algum momento, seus exploradores decidiram se livrar delas e optaram pela eutanásia. Contudo, a eutanásia teria que ser sem custo e, então, decidiram matá-las com pauladas. Segundo relatos, a arma usada foi o pé de uma cadeira quebrada.
Depois da agressão, foram jogadas na rua, pra acabarem de morrer. (Essa foi a história contada pelas pessoas que pediram socorro pra elas. Contudo, o veterinário que examinou disse que o trauma não é recente. Não sabemos, portanto, por quanto tempo elas viveram com os agressores).
Por sorte (ou azar), o socorro chegou primeiro. Elas estavam, emboladas, muito sujas, famintas e infestadas de carrapatos.
Como sequela da agressão, a filhotinha teve uma fratura grave na coluna e ficou paraplégica.
Exames e radiografias com os melhores especialistas mostraram que o dano é irreversível.
Foram resgatadas, mas o estrago já estava feito e hoje elas estão destruídas, consumidas pela tristeza e angústia. Talvez elas tenham consciência do que poderia ter sido, da vida que mereciam, e de uma felicidade que talvez nunca chegue.
A mãe não desgruda da filha e, embora esteja saudável e pronta para adoção, não podemos separá-las, pois a filha paraplégica sofreria muito.
Apesar das limitações, Docinho, a filhote, é bem independente. Consegue andar (se arrastar) pra todo lado, faz suas necessidades sozinha e brinca como uma filhotinha arteira.
Claro que precisa de alguns cuidados especiais. Ela precisa ficar dentro de casa, em piso liso, pra não se ferir.
A tosa precisa ser constante, pois ela se suja muito e precisa de um “meio banho” quase todos os dias.
Talvez um tosador experiente possa idealizar uma tosa personalizada só pra ela, mantendo tufos de pelo na parte das perninhas que se arrasta no chão, pra proteger melhor a pele.
Fora isso tudo, elas estão bem e saudáveis. São negativas para Leishmaniose e iniciaram a vacinação, coisa que elas nunca tiveram. A mãe já está castrada e a pequenina ainda passará pelo procedimento.
Docinho, a filhote, consegue se locomover muito bem. Embora arraste as perninhas, ela consegue manter a bundinha fora do chão, no alto.
Por isso ela consegue fazer suas necessidades sozinha e já flagramos também ela tentando correr pra brincar.
Ela é a coisa mais bonitinha do mundo e parece ser daqueles Shih-tzus bibelôs. É arteira, alegrinha, brincalhona e até um pouco bagunceira. Chinelos não podem dar bobeira perto dela.
Quando pega no colo, a mãe se agita pra reivindicar a sua porção de afeto.
Não é possível dar tratamento diferenciado, pois elas são uma só alma divididas em dois corpos.
A Docinho já aprendeu com a mãe que, pra ganhar carinho na barriga, tem que deitar e se virar. E apesar de toda a dificuldade, ela também consegue fazer isso.
Não existe coisinha mais oferecida. Ela mordisca os dedos que lhe coçam a barriga e faz festa pra tudo e pra todos.
O rabinho, infelizmente, não balança mais. Ela é curiosa e fica querendo acompanhar a mãe em tudo. Infelizmente, nem tudo ela pode. Passear na rua, na coleira, por exemplo, é coisa que ela não poderá fazer, a menos que ganhe uma cadeirinha de rodas.
Não sabemos se a falta de crescimento dela tem relação com o trauma. O fato é que ela não cresceu e é bem menor que a mãe.
Não fosse pelo “acidente”, talvez ela tivesse terminado seus dias em uma daquelas gaiolas do Mercado Central, o que seria um destino ainda mais triste.
Que essa tragédia tenha um propósito. Se elas conseguirem, juntas, uma mãe verdadeiramente responsável e comprometida com a evolução espiritual delas, tudo terá valido a pena, até mesmo o defeitinho.
E que fique claro que não serão separadas. Sabemos que, para a mãe, não faltarão pretendentes, mas preferimos nem mesmo receber propostas para separá-las.
Não é justo atrelar destinos tão diferentes, mas acreditamos que a evolução da Mel só será completa se ela puder conduzir a Docinho nessa jornada.
Elas são capazes de dividir tudo, inclusive o mesmo colo. Dormem uma sobre a outra, na mesma caminha, mesmo se houver outra cama vazia ao lado.
Fazem tudo juntas, na medida do possível. Como a Docinho consegue se locomover bem dentro de casa, ela não para um minuto e “anda” todo o tempo atrás da Mel.
Que venha então a adoção conjunta que elas tanto precisam. Temos a convicção de que uma adoção assim trará muita alegria aos futuros donos.
Assumir um compromisso assim é mais que compaixão, mas um grande salto rumo ao crescimento que tanto precisamos.
E a adoção chegou, depois de duas ou três tentativas frustradas. Idas e vindas a deixaram tristes, muito tristes.
Um dia, uma fada madrinha chamada Alessandra decidiu transformar a vida delas, com tudo que elas tinham direito. As primeiras fotos e vídeos mostram o quando elas estão felizes na nova casa.
Resgate de Vera Macedo: vlamacedo@hotmail.com
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