Esses animais não migram e não percorrem grandes distâncias. Seu território sempre foi o mesmo, mas foi invadido pelo crescimento das cidades.
De vez em quando, temos notícias de um animal silvestre encontrado em área urbana.
Quando não são mortos pela covardia e insanidade humana, são capturados por órgãos ambientais. Este foi o começo da história deste pequenino gambá de orelha branca. Foi capturado pela polícia florestal, depois de um chamado de algum morador assustado com aquele bicho inusitado em “seu” terreiro.
Chegou ao santuário pelas mãos de uma equipe do IBAMA.
A tentativa frustrada de tirá-lo da caixa indicava um possível ator, fingindo-se de morto.
Depois de muita insistência e algumas viradas na caixa, eis que surge uma cauda branca e pelada.
Ele recusou-se a sair com as próprias pernas, o que exigiu interferência humana.
Para nós que estamos acostumados com o resgate de cães e gatos, sempre adotando uma postura fraternal, com objetivo de proporcionar segurança e confiança ao animal, esta forma de abordagem nos pareceu um tanto rústica, mas precisamos lembrar que aquele gambazinho não hesitaria em usar os dentes, se fosse colocado no colo.
Das mãos do biólogo, direto para o tronco da árvore mais próxima. Aliás, nesse momento, ele ganhou também um nome, embora dele não precisasse. Será chamado de Moisés, o mesmo nome do último homem a tocar-lhe o pelo.
Pode não ter sido agradável este último contato, mas os anteriores também não foram e fica o consolo de saber que foi a última vez que ele sentiu o toque de mãos humanas, pelo menos é o que desejamos.
Sua escalada rumo ao topo foi lenta. Não havia ninguém em seu encaustro e ele não tinha mais pressa.
E o garoto só tinha uma direção. O focinho apontava para o alto e foi pra lá que ele partiu, sem escalas e sem olhar pra trás.
E quando finalmente chegou ao destino e sentiu-se em segurança, pôde descansar e olhar para baixo.
Ele ficou alguns minutos ali, nos olhando. Interpretar este olhar não é tarefa das mais difíceis.
Nossa necessidade de reconhecimento talvez enxergasse ali algo como um “_Adeus, amigos. Muito obrigado por tudo”.
Mas no fundo sabemos que a mensagem mais provável é “Até nunca mais”.
Nunca mais é tempo demais, mas agora você está vivendo em um território onde homens e animais vivem sempre em comunhão.
Aqui, ninguém vai te fazer mal. Vá em paz e cumpra o estágio evolutivo que te trouxe ao mundo.
O gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), também conhecido como timbu, é um marsupial comumente encontrado no Brasil inteiro. Vive em vários ecossistemas, como o cerrado, a caatinga, os banhados e o pantanal, habitando capoeiras, capões, matas e áreas de lavoura, além de se adaptar muito bem à zona urbana, onde encontra farta e variada alimentação em meio aos dejetos domésticos.
O nome gambá tem origem na língua tupi-guarani, na qual gã’bá ou guaambá significa “mama oca”, uma referência ao marsúpio, a bolsa ventral onde se encontram as mamas e onde os filhotes vivem durante parte de seu desenvolvimento.
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