Ao todo, estima-se que tenham passado por este inferno, algumas centenas de cães, todos vítimas da insanidade humana.
Sua carrasca também era vítima, de crimes, da violência doméstica, da submissão, do abandono, da pobreza de espírito, mais tarde, da insanidade e da indiferença e, no final, de um triste fim em uma cama fria de hospital.
Quando os trabalhos iniciaram, eram 60 cães, controlados por uma senhora doente e sem a mínima estrutura, e com graves transtornos de acumulação, antissocial e doente.
Castração e ração eram o mais urgente, mas os cães não tinham tempo e muitos morreram pelo caminho.
Cada morte, por mais traumática que fosse, era um resgate. Afinal, eles tinham que deixar aquele lugar, vivos ou mortos.
Se não podiam sair dali nos braços de protetores encarnados, que saíssem nos braços de anjos que os conduziriam em outro plano.
E assim, muitos deles se libertaram.
As histórias tinham como cenário a fome, tristeza, medo, brigas, doenças, muitas e muitas mortes, que caiam na banalidade.
O ambiente era o mais insalubre possível, para os animais e para sua tutora.
Nem os ratos conseguiam sobreviver ali. Os cães morriam aos montes, e nem sequer recebiam um funeral digno. Apodreciam no terreiro, onde caíam, o que aumentava o mau cheiro e precariedade do local.
Até debaixo da cama humana foi encontrado animal morto, em decomposição.
As cenas são impactantes, mas necessárias, pois para alguns deles o sofrimento ainda não terminou.
Os animais amontoavam-se, pois em numerosa matilha eles se sentiam um pouco mais seguros.
Não aceitavam contato humano e fugiam a qualquer tentativa de aproximação. Avançavam em qualquer coisa que pudessem mastigar. A fome podia ser vista no ar.
Eles eram o que havia sobrado de uma antiga criação de Fox Paulistinhas.
O trabalho dos ativistas foi intenso e hoje algumas dezenas de cães já estão seguros e felizes, com suas novas famílias.
Infelizmente, pelo menos uma dúzia ou um pouco mais ainda espera por essa oportunidade.
Quatro deles, Phill, Katie, Liz e Amora, estão, neste momento, passando por uma intensa ressocialização, aos cuidados de uma ativista, que decidiu leva-los para casa e lá cuidar deles como se fossem seus filhos.
Eles já foram castrados e vacinados, estão saudáveis e à espera de uma oportunidade de sepultarem de vez o passado.
São animais de matilha e gostam muito da companhia de seus semelhantes. Mais que gostar, eles se sentem mais seguros entre os seus. Por isso, o desejável é que sejam adotados em duplas, ou mesmo por alguém que já tenha pelo menos mais um cãozinho.
Phill é um tricolor piratinha. É o único machinho da turma. Algumas discretas e isoladas manchinhas em caramelo lhe dão o título de tricolor.
Ele continua assustado e arredio com estranhos, mas já se rendeu aos carinhos de sua cuidadora.
Petiscos e afagos são as principais armas hoje usadas contra os traumas do passado.
Phill já aceita com alegria até mesmo os acessórios, usados para deixá-los mais bonitinhos nas fotos.
E vale usar e abusar dos petiscos. Afinal, pra lobinhos que nunca tiveram nada, alguns agrados fazem parte da descontaminação.
Aos poucos, estão aprendendo sobre afeto, carinho, colo, segurança, alegria e também sobre novos sabores.
Ele ainda é arredio com pessoas estranhas e, por isso, acreditamos que ele precisa de adotantes tão especiais quanto ele.
Procuramos alguém que entenda o que ele passou e se disponha a dar sequência ao trabalho de ressocialização já iniciado.
E nem precisamos enaltecer o tamanho da recompensa que será conquistar o afeto dele.
Katie, Liz e Amora são as três meninas, igualmente lindas e apaixonantes.
Katie é a criança mais peludinha, e também a mais sociável. Pode mesmo se dizer que ela está mais à frente dos irmãos, no quesito socialização.
Tem as bochechas amarelas, e pelos brancos que insistem em invadir as áreas pigmentadas.
Aliás, nenhum deles é filhote. A infância se foi longe, perdida no emaranhado de dores e angústias. Nunca aprenderam a brincar.
Katie é muito boazinha e chega a se aninhar no colo de sua salvadora.
Ainda não confia muito em estranhos, mas a semente foi plantada. Estranhos, em breve, serão pra ela portos seguros. É uma questão de tempo, de paciência e, sobretudo, de muito afeto.
Alguns brinquedos já lhes foram oferecidos, mas eles não os reconhecem. Não têm nenhuma lembrança da infância.
Katie é também a mais fotogênica. O bonezinho de tubarão ajudou, mas não foi essencial. Ela é linda de qualquer jeito.
E parece até saber fazer poses para as fotos. Tem estilo e está até recuperando a vitalidade, perdida em um passado muito triste.
É preciso lembrar também que eles precisam de lares seguros, à prova de fugas. Os Paulistinhas são cães naturalmente ágeis e podem saltar janelas com muita facilidade.
Katie é uma cachorrinha triste, mas ainda pode aprender a brincar. Só precisa ser estimulada.
A Liz é a mascarada, com manchinhas simétricas cobrindo os dois olhos.
Ainda tem medo de se aproximar de pessoas estranhas, mas aos poucos vem se rendendo aos afetos e cuidados.
A infância se foi há tanto tempo que não acreditamos que ela volte a brincar. A luta pela sobrevivência foi constante desde o nascimento, de forma que nenhum deles teve a oportunidade de viver a infância.
Também está muito claro que nunca conheceu o afeto de pais humanos. Quando ela nasceu, o inferno já estava instalado no território.
Essa é a única explicação para comportamento tão arredio.
Eles não são agressivos, mas são muito medrosos e vai levar algum tempo, talvez muito tempo, pra se renderem à vida de um lobinho verdadeiramente estimado.
Por isso, eles precisam despertar a compaixão e empatia. E sim, vale serem adotados por caridade e compaixão. São estes os sentimentos que levarão os futuros donos a sentirem a vontade de transformar a vida de pelo menos um deles.
Por fim, Amora é a mais exótica dos 4 lobinhos, com uma manchinha única na face.
Amora aparenta ser mais alegrinha, mas não se arrisca a brincar. Também já viveu muito, trazendo alguns sinais do passado difícil.
Hoje ela tem o pelo brilhante e saudável. É uma cadelinha sociável com outros cães e carente de afeto e chamegos.
Os petiscos fazem sucesso por aqui. Eles têm experimentado e gostado bastante.
Daqueles que sobreviveram aos horrores da guerra, estes são os quatro que esperam ansiosos pela adoção.
Fisicamente, eles já estão prontos. Emocionalmente, ainda não, mas a adoção será o remédio final que lhes falta.
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