A Inclusão Social é um tema pulsante. Nunca se falou tanto a respeito. Nunca se reivindicaram tantos direitos.
Pena que tão nobre propósito não se estenda a TODOS.
Algumas vidas estão, de fato, esquecidas.
Começaremos esta matéria contando a história do Nino. Ele foi encontrado em uma rua, se arrastando, com muita febre, uma grave fratura no quadril e uma bala de chumbinho alojada perto da vértebra lombar.
Não foi um acidente. Alguém tentou matá-lo.
Foi socorrido e levado às pressas a uma Clínica Veterinária. A gravidade do caso foi logo diagnosticada, sendo recomendado procedimento cirúrgico de emergência, com colocação de placas e pinos no quadril.
Depois do pós-operatório, começou a fisioterapia, mas o caso era tão grave que ele não poderia mais andar, isso se não existissem protetores de animais e se os recursos da medicina veterinária não estivessem tão adiantados.
Apesar de tudo, o pequeno Nino recebeu o que de melhor lhe poderia ser dado, tanto em matéria de recursos médicos, quanto de dedicação e cuidados.
O melhor de tudo foi que ele não foi apenas resgatado por uma protetora que depois o disponibilizaria para adoção. Essa já seria uma sorte grande, mas ele teve um pouco mais.
Foi adotado no momento de seu resgate por quem o encontrou. Todo protetor sabe que um cão resgatado jamais esquece quem o salvou.
Podem se passar meses, ou até anos, mas eles sempre se lembrarão das mãos que os acolheram.
Mas, para um cão, quando tem a oportunidade de viver nos mesmos braços que os tiraram das ruas, é o maior dos presentes.
E foi assim com o Nino. A adoção, ou melhor, o “encontro” aconteceu no momento de seu resgate. As pessoas que o encontraram sabiam o tesouro que tinham achado. Reconheceram-no de imediato.
Se foi amor à primeira vista, ou mais um reencontro, não importa. O Nino, contra todos os prognósticos, teve a melhor segunda chance que poderia.
Hoje, ele tem uma vida normal, como se nada o limitasse. É um cãozinho feliz e equilibrado. Corre, brinca, passeia muito pelas ruas da cidade, além de sempre fazer novas amizades.
Nem mesmo as rodinhas o limitam. No máximo, alteram um pouco o centro de gravidade, aumentando as chances de capotamento nas curvas. Mas ele é um motorista cuidadoso. Aprendeu rápido a dominar este aparato tão estranho para um lobo.
Contada a história de nosso protagonista, devemos focar no objetivo maior desta matéria.
Infelizmente, o Nino é uma exceção. Poucos como ele recebem a dádiva de uma segunda chance. O abandono, muitas vezes, deixa marcas e sequelas, nem sempre toleradas pelas pessoas que desejam um animalzinho de estimação “perfeito”.
Nos abrigos, muitas destas vidas estão esquecidas. Buscamos conhecer de perto esta realidade e mostrar alguns casos. Nós nos deparamos com animais idosos, mutilados, marcados pela violência.
Na ala dos idosos, encontramos animais que foram descartados, porque não serviam mais.
Lá conhecemos o Falcão, um poodle preto, já velhinho e com catarata nos dois olhos. Enxerga pouco e mostra-se muito carente. Adora carinho, embora demonstre que já se desacostumou deles.
O Baltazar é um cãozinho peludinho. Embora já velhinho e esquecido há tempo, ainda tem disposição para brincadeiras. Como regra, todos os animais de abrigos são muito carentes.
De enfezado, só tem a cara. Na verdade, ele é muito dócil, carinhoso e nos recebeu com lambidas e cheirinhos.
Já a Lana, velhinha e também com catarata em um dos olhos, é uma Pinscher que se mostra triste, como se já tivesse perdido as esperanças de dias melhores.
O Afonso é um cão sem raça que foi descartado, quando não serviu mais. Mostra-se arredio, embora muito dócil e carente.
O mais triste desta ala é que todos já tiveram uma família. Afinal, nas ruas não teriam durado tanto. Se viveram muito, foi porque foram amparados e protegidos por algum tempo.
Pra estes, as boas lembranças são apenas vultos em um passado distante.
Mas nem só os idosos são esquecidos e rejeitados. Encontramos também animais mutilados.
O Adanis é um cãozinho jovem, muito esperto e brincalhão, mesmo tendo apenas três pernas. Perdeu uma patinha após um grave atropelamento.
Apesar disso, tem ótima mobilidade. Pula e pede carinho o tempo todo.
Mas, pra ele, felizmente, a segunda chance veio. Uma campanha anterior permitiu que o pequeno Adanis ganhasse, com louvor, uma segunda chance.
Foi adotado por uma família que já tinha outros cães e que se sensibilizou com sua história, decidindo dar a ele a vida que merecia.
Só mesmo pessoas especiais pra receberem um animal especial.
Também conhecemos o Magela, um cão esperto e carinhoso.
Está no abrigo há vários anos e ninguém o quer. Ele é completamente cego.
Mas sente a nossa presença quando nos aproximamos do canil e se aproxima, como se pedisse atenção.
Ele tinha tudo pra ser um cão guia. Claro que não poderia conduzir um humano com a mesma deficiência. Mas seria, pra qualquer um, um guia de vida, capaz de ensinar que a vida vale a pena, quaisquer que sejam as pequenas pedras do caminho.
O Magela está prestes a ganhar uma companheira, também cega como ele.
A Pantera foi abandonada prenhe. Seria apenas mais um caso corriqueiro, não fosse ela cega.
Não havia recursos físicos que lhe permitissem encontrar um local “seguro” pra parir seus filhos. Nasceram na rua mesmo, onde deu.
Desnorteada, começou a carregá-los sem nem mesmo saber pra onde e acabou colocando-os no meio da pista. Foi o lugar mais quentinho que ela encontrou. Uma tragédia anunciada.
Dos 11 filhotes que nasceram, apenas 6 puderam ser salvos. Estão amparados e em breve serão disponibilizados para adoção.
Já a Pantera, após a adoção dos pequenos, será examinada por um oftalmologista, castrada e disponibilizada também para adoção.
Na ONG, ela terá como “Cão Guia”, o Magela, o ceguinho que continua esperando pelo milagre da adoção. Em um canil pequeno, ele não terá muito onde guiá-la. Mas quem sabe a história dos dois não encontra uma família especial que os receba? É o que esperamos com esta matéria.
Todos estes animais acima (Falcão, Baltazar, Lana, Afonso, Magela, e Pantera) estão disponíveis para adoção na Feira Permanente de Adoções da Cão Viver. Rua 1º de maio, nº 165, bairro Braúnas, Contagem. Fone: (31) 3397.8560.
E, pra fechar, uma história triste, mas que ao mesmo tempo nos enche de esperanças. O mundo está mesmo mudando e essa mudança está começando pelas crianças.
Há alguns dias, uma menina chamada Joice, de 14 anos, enviou uma mensagem a uma ONG, pedindo ajuda para uma cadelinha de um vizinho que havia sido atropelada há uma semana e ainda estava por lá, agonizando.
Segundo a menina, os donos não fizeram nada, alegando não terem condições financeiras. A cadelinha não conseguia andar e ficava se arrastando pelo chão, se ferindo mais a cada dia.
O pedido de socorro chegou a uma protetora que morava próximo ao local indicado. Ela foi socorrida e levada a uma clínica veterinária.
Estava de fato sem poder andar e com muitas feridas na barriga, de tanto se arrastar no asfalto quente. Ela foi deixada na rua mesmo, porque seus donos não apenas não podiam custear as despesas, como também não a queriam mais.
Ela recebeu, por coincidência, o mesmo nome de nosso protagonista. Nina não poderia ter sido mais apropriado.
Infelizmente, a coincidência não seria apenas no nome. As sequelas foram grandes. Ela havia fraturado a coluna e também passaria a depender de uma cadeira de rodas, assim como o Nino.
Assim como o Nino, ela também demonstra muita vontade de viver. Também poderá levar uma vida normal.
Sua protetora está fazendo o melhor, mas com recursos limitados ainda não pôde comprar a cadeira de rodas, nem iniciar a fisioterapia.
Ainda precisa de ajuda pra custear o tratamento e adquirir o tão necessário carrinho ortopédico.
A quem puder e quiser ajudar, pode fazer contato direto com a protetora responsável. A Shirley foi quem a resgatou e que a tem sob proteção.
Shirley de Souza Penido [ypenido@ig.com.br]
Esta matéria foi elaborada com o objetivo de dar a estes animais especiais uma segunda chance. Não podemos nos conformar e aceitar um destino que não foi escrito.
Se puderam ser salvos, se foram resgatados e se estão vivos, foi para que tivessem uma segunda chance. Terminar a vida em um abrigo não é uma segunda chance que esperavam seus protetores do outro plano.
Esta matéria foi publicada em Agosto de 2011. Lamentamos que não tenha sido tão eficiente quando desejávamos.
Falcão, Lana e Pantera desistiram de esperar e morreram. Terão sua segunda chance em outra vida. Devemos desculpas a eles, em nome de toda a nossa espécie, por tê-los tratado tão mal. Continuaremos tentando sensibilizar as pessoas e contando histórias de lobos.
Esperamos sensibilizar as pessoas, para que, quando voltarem, encontrem por aqui um mundo mais acolhedor.
Afonso consinua na ONG, à espera de uma adoção que nunca chega.
Baltazar foi adotado e ganhou uma segunda chance. Também Adanis e Magela encontraram seus anjos.
A Nina segue seu tratamento. Continua paraplégica, mas pode contar com os cuidados de sua protetora, que nunca desistiu dela.
O Nino, o protagonista que abriu nossa campanha, continua vivendo nos braços de sua musa, Rosana.
Precisamos lembrar que esta campanha não é temporal. Outros animais especiais estão espalhados pelo mundo, esquecidos nos abrigos.
Comentários / Mais informações sobre o anúncio devem ser obtidas com os anunciantes, no telefone ou e-mail indicados acima.
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