Em 2012 recebi o link de um anúncio de adoção do site O lobo alfa. Em destaque, no alto da página, um cãozinho branco com um céu azul ao fundo. A imagem era linda, a história triste. Ele tinha três patinhas e era considerado um cão “deficiente”. Havia sido abandonado numa praça.
Pingo. Ele só falta falar
Marquei de conhecer o bichinho, que chegou à minha casa no colo do seu protetor, acompanhado de uma sacola com alguns “pertences” como a ração especial que estava comendo para curar os rins. Conhecido por ser mordedor, veio para o meu colo e sorriu. Ficou.
Naquela época eu não queria adotar um cão. Passei a querer para que ele fosse acolhido e recebesse todo o respeito e carinho que merecia. Possivelmente eu pensei que o estava salvando de uma vida sem amor. Não. Ele me salvou, e por diversas vezes, e a cada dia.
Foram quase oito anos com sua lealdade toda refletida nos olhinhos de jabuticaba. Pingo me alertou de incêndio na cozinha, mordeu muitas pessoas, me amou em cada segundo de sua existência.
Sua partida, no dia 10/01/20, foi tão súbita que minha sensação é de que alguém veio aqui e o roubou.
Não sei que justificativa pode haver para um serzinho que é puro amor adoecer, sofrer e partir. A vida dele era só amor, era companhia, era cumplicidade.
A nós todos resta um vazio. A mim resta percorrer sozinha todos os caminhos que eram feitos na companhia dele. Não é mais preciso avisar que levo comigo um cãozinho quando chamo um Uber. Não preciso mais avisar a ninguém que vou, mas que ele vai comigo. Não preciso mais ter cuidado ao andar no escuro para não pisar nele sem querer. Não tem mais o banho dos sábados e nem o andar lento pelo passeio esperando ele se decidir se quer ou não atravessar a rua. Não é mais preciso checar se os locais onde vou são “pet friendly”.
Ele chegou com cerca de cinco anos. Sua adaptação foi plena, e ele não precisou ser um filhote para isso.
Todo bichinho, todos eles, merecem uma caminha, um lar, uma família e muito amor. O pingo teve isso, teve madrinha, teve “primos”, teve quem passasse DOIS ANOS tentando conquistar sua confiança e desejando abraça-lo. Ainda assim, me dá a sensação de que nada foi o bastante perto do quanto ele merecia.
Por favor, adote.
E viva cada segundo do privilégio do amor de um cãozinho.
Luciana Tognolli
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