Estrelinha ou Cigarrinha são os nomes populares. Um passarinho pequenino, canto melodioso, dono de uma das mais perfeitas combinações de preto e branco da natureza, chamado por alguns de Orca de plumas.
O que deveria fazer da espécie um dos pássaros mais admirados, quase os levou à extinção, graças à estupidez e a ignorância humanas.
Eles foram caçados e trancafiados, sem direito a defesa. Exibidos como troféus pelos homens menos evoluídos. Além de belos, agora são também raros, graças à predação.
Em muitas regiões onde a Estrelinha reinou, já não são mais vistos.
Nos tempos em que eles ainda não dividiam o habitat com os homens, a espécie frequentava planícies de capim nativo. São aves que se alimentam de pequenas sequentes, e as apreciam muito.
Na grande soltura de Fevereiro/2016, recebemos quatro exemplares, sendo dois machos e duas fêmeas. Foram chamados de Tico, Tica, Teco e Teka.
Temos os pastos recheados das sementes que eles tanto apreciam, mas precisávamos proporcionar a eles um treinamento intensivo.
Afinal, não sabíamos há quantos anos estavam trancados e precisávamos assegurar que eles fossem capazes de colher sozinhos o próprio almoço.
Dentro do viveiro, uma variada quantidade de sementes pequenas, daquelas que eles, instintivamente, procurarão pelos nossos campos.
Infelizmente, viveiros de aclimatação precisam de telas, pois eles precisam ser mantidos no ambiente, para aclimatação, por pelo menos 30 dias.
Só assim garantiremos que fiquem por ali por algumas semanas após a soltura, o que dará a eles melhores chances de adaptação. O retorno à liberdade, dependendo do tempo de cativeiro, não é assim tão simples.
Apesar das telas, eles tinham ali, além das sementes servidas nos comedouros, muitas sementes plantadas e em franca produção, além de fonte de água corrente.
Nossos pequeninos passarinhos puderam aprender sobre a vida livre, antes de enfrentarem os perigos dela.
O capim alto dentro do viveiro não oferece perigo mas, em liberdade, precisarão estar atentos, pois alguns predadores poderão espreitá-los nas sombras.
Eles chegaram ao nosso território ainda fracos, voando baixo, sem muita velocidade, buscando o capim baixo.
Sabíamos que ali estavam pássaros debilitados pelos longos anos de escravidão.
Apesar de tudo isso, poucos dias foram suficientes. Em duas semanas, eles já estavam voando com desenvoltura, fazendo manobras aéreas dignas de um Peregrino.
Algumas plantas mais altas garantiriam ainda sabores diferentes. Uma espiga de milho foi bem aceita por eles.
Estrelinhas são passarinhos muito tranquilos. Não disputam território e nem a comida. Convivem muito bem com outros de sua espécie ou de espécies diferentes, podendo ser vistos até mesmo em pequenos bandos.
Finalmente, depois de 5 semanas em aclimatação, o dia da soltura chegou. Após a abertura da janela, monitoramos bem de perto os pequenos Estrelinhas. Deixaram o viveiro aos poucos, sem nenhuma preocupação em manter o grupo unido.
Talvez eles se encontrem em nossos campos, talvez consigam se acasalar e povoar nosso território.
Eles já estavam prontos para a liberdade. Sabiam colher sozinhos as sementes diretamente na fonte.
Também se aproximavam das fontes de água sem dificuldades.
Deixaram o viveiro sem olhar pra trás. Não sentirão saudade, não levarão de nós nada além da torcida para que protetores invisíveis os guiem.
Esperamos que nossos pastos estejam estrelados em alguns anos.
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