No início de janeiro, iniciamos uma campanha conjunta em prol dos animais da SMPA. Infelizmente, não conseguimos conquistar adotantes. As pessoas querem animais saudáveis e prontos para adoção.
Entre protetores e veterinários, a resposta foi positiva. Algumas vidas já foram salvas e outras ainda terão uma chance.
Infelizmente, algumas se perderam pelo caminho e outras ainda vão se perder. São, ou melhor, eram 260 cães e 60 gatos e a disposição humana de recebê-los não corresponde às nossas expectativas. Destes, mais de 30 foram retirados da SMPA por veterinários e protetores. A maioria já foi adotada ou segue em tratamento.
A campanha continua. No sábado, dia 16/02/2013, conseguimos vacinar todos os animais da SMPA. Foram duzentas doses iniciais e mais vinte e cinco que levaremos esta semana, pra completar o último canil que faltou.
Além das vacinas, entregaremos também à SMPA medicamento para o controle da infestação de carrapatos, além de produtos para início de descontaminação dos canis, com a máquina de pulverização. Erradicar doenças é também uma forma de dar a eles uma sobrevida, para que possam esperar pela adoção.
Se resultados assim estão sendo possíveis, é graças à união de forças. É importante registrar que todo o dinheiro usado para a compra das vacinas e demais medicamentos foi doado pela AMAA Associação Matozinhense de Amparo a Animais, que repassou os recursos à Cão Viver que, por sua vez, acionou seus fornecedores para que pudéssemos adquirir tudo a preços pra lá de subsidiados.
O mutirão de vacinação aconteceu no sábado, dia 17 de fevereiro de 2013. Precisávamos de voluntários, fossem veterinários ou estagiários de veterinária, que se dispusessem a doar um dia de trabalho para ajudar a salvar aquelas vidas.
E não faltou ajuda. Ao contrário do que talvez eles mesmos (os animais) acreditassem, muita gente se importa com eles. Eles não estão mais escondidos atrás dos muros altos, pra morrerem de forma anônima, sem que isso faça alguma diferença ao mundo. A SMPA não será mais um depósito de animais, onde a Sociedade Humana possa jogar seus indesejados animais. Agora, suas tristezas, suas angústias e dores serão mostradas ao mundo. Quem sabe conhecendo a triste realidade dos animais de um abrigo, as pessoas não pensem melhor antes de abandoná-los? Prefiro acreditar que esta mudança está a caminho.
Voltando ao mutirão, Tatiana e Amanda foram as duas veterinárias que atenderam nosso apelo. Além delas, Bruna, Camila, Jennifer, Luciana e Poliana, estudantes de veterinária da PUC de Betim, também estiveram lá. Ester, assistente da Tatiana, também doou seu tempo, além, é claro, da Nélica, veterinária da SMPA, e de voluntários e funcionários da própria ONG.
Uma das primeiras a ganhar a vacina foi esta loba grandona. Na primeira matéria que soltamos, ela foi identificada apenas como a “Doadora de Sangue do Abrigo”. Continua por lá e continua sendo a doadora de sangue.
Perguntei se ela estaria disponível para adoção e a resposta foi positiva, embora sem muita convicção, em razão do fato dela sofrer de displasia. Sabemos que, nos tempos modernos, displasia, cegueira, falta de uma perna ou mesmo leishmaniose não são mais impedimento para adoção. É certo que alguém vai se dispor a dar a ela uma nova vida.
Seu sangue talvez tenha salvado muitas vidas, mas independente de tão nobre motivo pra viver, acreditamos que ela mereça um destino melhor. É uma cadela dócil e carinhosa. Aceitou a agulha com um largo sorriso estampado. Pra ela, aqueles segundos de contato humano, ainda que fossem pra lhe enfiar uma agulha, eram claramente motivo de prazer e alegria. Talvez seja assim também nas ocasiões de doação de sangue.
Esta outra cadelinha peludinha e arrepiada é antiga lá na SMPA. Ao contrário da grandona doadora de sangue, ela se mostrou apavorada com a agulha. Segundo o que levantamos, ela chegou ainda filhote na SMPA, não foi adotada e continua lá. Já são 6 anos vivendo no abrigo. Neste período, ela nunca adoeceu. Por isso, não conhece agulhas. Justificável o medo.
Desnecessário dizer que ela não tem muita experiência com contato humano. Afinal, em um abrigo superlotado, eles só ganham atenção quando adoecem, e olhe lá.
Alguns lobinhos chegavam a se enfiar entre as voluntárias, quase enfiando o focinho na frente das agulhas, como se pedissem: _Ei! Agora eu, também quero.
Claro que este marronzinho aí foi o próximo a receber a vacina. Se oferecendo desse jeito, tinha que ser.
À medida que eram vacinados, os cães recebiam um esparadrapo na testa, apenas para que não se misturassem aos que ainda faltavam.
Entre os filhotes, as mortes continuam sendo frequentes. Esperamos que as vacinas possam dar a eles um pouco mais de resistência para suportarem a dura vida do abrigo.
Sentimos falta de alguns daqueles animais que fotografamos na primeira matéria. Gostaríamos de acreditar que foram adotados, que deixaram o inferno e estão felizes com donos amorosos. Mas sabemos que, tirando aqueles que foram resgatados por outros protetores e veterinários que aderiram à nossa campanha “Veterinários do Bem”, pouquíssimas foram as adoções. O mais provável é que tenham mesmo ficado pelo caminho. Não resistiram, não puderam ou não quiseram esperar.
E assim será com alguns outros fotografados nesta nossa segunda visita. Desta vez, talvez por ter ficado mais tempo por lá, ou por ter me sentido mais à vontade, pude observar melhor os animais.
Sempre me chamam mais atenção os animais mais frágeis, de raça pura. Os poodles são as maiores vítimas do descaso. A raça se popularizou e tem se espalhado entre pessoas que não têm condições de cuidar sequer de si mesmos. O resultado é o abandono por detrás dos muros, ou nas ruas mesmo.
Alguns desses acabam chegando aos abrigos de animais. Uns poucos têm sorte e acabam sendo adotados. Mas eles são frágeis demais e não resistem muito tempo em ambientes hostis.
Da SMPA, dificilmente saíam vivos, pelo menos até agora. Ninguém os adotava, em parte porque não eram divulgados, em parte porque as pessoas só querem cãezinhos bonitinhos. Ninguém quer saber o que acontece lá dentro. A SMPA está literalmente abandonada pela Sociedade, junto com os cães que recolhe. Depois das denúncias, muitos voluntários sumiram de lá.
Hoje falta ajuda até mesmo para dar banho e tosa nos animais. E aí, o que se vê por lá são cenas assim:
Ainda falando de poodles, este cãozinho abaixo ganharia o concurso de lobinho mais triste do abrigo.
Ele vive por lá há anos e nunca é escolhido. Ele não sai de dentro de uma caixa escondida nos fundos do canil. Por isso, nenhum visitante o vê. Ele está claramente depressivo, no mais alto nível.
Mesmo sendo um cãozinho pra viver no colo, ele olha com medo a quem se aproxima. Chegou a aceitar meus afagos, mas logo começou a mostrar os dentes, como se dissesse: __Não quero intimidade com gente. Deixe-me aqui.
Seus olhos refletem uma tristeza que poucas vezes vi em um lobinho desses. Graças às lentes da câmera, sua imagem deixará os muros da SMPA. Preciso acreditar que alguém vai ver este anúncio e irá lá para buscá-lo. Ele precisa ser resgatado e socializado. Não é um cãozinho bravo. Ele é apenas sofrido demais, arredio e medroso. Os dentes e rosnados são a forma que ele encontrou de afastar os humanos. Deve ter motivos de sobra pra agir assim.
Outros poodles se apresentavam menos embolados. Talvez tenham chegado há pouco e não deu tempo ainda do pelo crescer. Mas é certo que estão a caminho de ficarem no estado daqueles mostrados acima.
Esta menina abaixo estava com uma pata imobilizada, com fratura, na enfermaria. Chegou há poucos dias, mas caminha para uma situação de angústia e depressão. Ela não parece ter sido abandonada. Os donos talvez até estejam procurando por ela. Mas ali, naquela enfermaria, ela vai definhar dia a dia.
Aceita carinho, mas não esboça qualquer reação. Mantém-se imóvel, movendo apenas os olhos. Talvez ainda sinta dores em razão da pata machucada. Mas talvez tenha a consciência de onde está. Ela não tem nenhum motivo pra fazer festa, com quem quer que seja.
Mas nem todos os cães de pelo longo passam aperto por falta de banho. Alguns sabem se virar. Tomam banho sozinhos, se sacodem e se põem pra secar ao sol. E conseguimos flagrar isso. Nas fotos abaixo, a sequência de um bom banho.
Claro que não sobrou água pra ninguém, mas isso é só detalhe em um abrigo. Um detalhe e uma exceção. Não é comum ver alegria por lá. A grande maioria dos animais são tristes.
Esta lobinha não pesa mais que 5 quilos. Enquanto as outras fêmeas de seu canil eram vacinadas, ela ficava encolhida no canto, como se tentasse se esconder, pra não ser notada. Mas é claro que ela também recebeu a vacina.
Outra lobinha que reencontramos foi esta mãezinha abaixo.
Pra quem não se lembra, ela estava lá em nossa primeira visita, amamentando filhotes recém-nascidos. Seus filhotes não vingaram, é claro. A perda dos filhotes ela talvez tenha superado, mas não superará o abandono e a vida no abrigo, o que a faz lembrar a todo instante que seus donos não a quiseram. Ela foi deixada na porta do abrigo, com os filhotes dentro de uma caixinha.
Ela continua lá, sem muita disposição para brincadeiras. É dócil e aceita carinho, chegando mesmo a demonstrar gostar de companhia humana. Mas não parece ter muita esperança de ser adotada.
Mais que tristeza, seus olhos estão esbranquiçados, refletindo a falta de nutrientes no corpo. Sua chance de vida longa depende de resgate, de adoção. Se continuar lá, vai morrer, senão de tristeza, por qualquer outra razão.
Aliás, tristeza é o que mais se vê por lá.
Outra surpresa que tive foi com este cãozinho. Dei a ele o nome de Bartolomeu, quando estive lá pela primeira vez. Naquela ocasião, ele estava em um canil usado como quarentena, para animais recém-chegados.
Desta vez, descobri que seu nome era Teobaldo e não Bartolomeu. Mas, de resto, nada havia mudado. Ele continuava no mesmo canil de quarentena. Quando perguntei o porquê, a resposta que recebi foi angustiante: __ Ele é muito bobão. Se for para o canil dos machos, será morto. Lá tem muitas mortes por causa de brigas que acontecem à noite, quando não tem ninguém aqui.
Pra preservá-lo, ele tem sido deixado no canil da quarentena, recebendo os animais que chegam, muitos já doentes e debilitados.
Desta vez, ele me pareceu mais alegrinho. É muito dócil, mas ao mesmo tempo arredio. Também tem muito medo de gente e não confia em estranhos. Quase levantava voo de tanto abanar o rabinho para a Viviane, voluntária que cuida dele com especial dedicação.
Isso nos mostra que ele só precisa de uma chance e nada mais.
Até pra mim ele sorriu desta vez. Quem sabe desta vez alguém se sensibiliza com sua história, né, amigo?
Mas o melhor em um abrigo de animais é mesmo fazer amigos. Pra nós, protetores ou voluntários, é angustiante ser recebido assim e depois partir, deixando o amigo pra trás.
Mas, pra quem está à procura de um verdadeiro amigo, este encontro é único e indescritível. É assim que nós, humanos, somos recebidos nos abrigos. Eles não sabem que estão ali por nossa culpa. Seu código genético os faz nos amar, independente do que somos.
Outro encontro foi muito esperado por mim. Quando estive pela primeira vez na SMPA, fiz fotos de um cãozinho que não tinha uma das patas dianteiras e a outra era completamente bamba. Ele ficava levantando e deitando, tentando se equilibrar sobre as pernas traseiras. Foi uma das cenas mais angustiantes que já presenciei. Fiz algumas fotos dele pela grade mesmo, sem muitas pretensões. Achei que não adiantaria fazer boas fotos porque ele não teria nenhuma chance de adoção.
Mas, no dia seguinte, ao concluir a matéria, me arrependi muito de não ter dado mais atenção a ele. Eu não tinha o direito de decidir seu destino. Prometi pra mim mesmo que na primeira oportunidade que tivesse, entraria naquele canil e faria as melhores fotos que pudesse.
Durante toda aquela manhã de sábado, fiquei fotografando os animais dos canis inferiores, onde o mutirão de vacinação acontecia. Durante todo o tempo fiquei pensando nos canis superiores. Desta vez seria diferente. Aquele menino teria mais atenção. Desta vez, ele teria um capítulo da história só pra ele.
Enquanto as meninas vacinavam os companheiros de canil dele, eu fiquei todo o tempo afastado, com as lentes voltadas pra ele, tentando pegar os melhores ângulos. E valeu muito a pena, porque consegui registrar momentos únicos.
Na sequência abaixo, o Tobi, como ele passará a ser chamado, se aproximando das novas amigas, pedindo atenção. Talvez estivesse pedindo para ser vacinado. Ele sabia que, com as vacinas em dia, talvez tivesse melhores chances de adoção.
Mas ele recebeu delas muito mais que apenas uma vacina. Foi tratado com carinho, com zelo, com dedicação. Ele recebeu afeto, coisa que talvez não conhecesse ainda.
Mas como não se sensibilizar com um cãozinho naquelas condições? Apesar de toda a limitação, ele é dócil, muito carinhoso e esperto. E quem chega perto se encanta.
E ele se encantou tanto que, quando as meninas deixaram o canil, ele tentou segui-las.
Mas o conto de fadas chegou ao fim. Elas não vieram para adotá-lo, Tobi. É só uma vacina. Quem sabe depois desta nova matéria, sua vida se transforma? É o que eu espero, amigo. Acho que já posso chamá-lo assim, né?
E, pra fechar esta matéria com chave de ouro, fica o registro de uma galerinha que não está mais lá. Uma ninhada de 9 filhotes, possivelmente de mais de uma mãe, todos com idade aproximada de 45 dias, separados em um canil longe dos outros filhotes, misturados entre outros cães adultos e adolescentes. A explicação era que o canil dos filhotes é altamente contaminado e lá poucos sobrevivem.
Estes foram separados pra ver se, entre adultos, eles pudessem ter melhores chances.
A Tatiana, uma das veterinárias que nos ajudou, se sensibilizou muito ao ver aqueles pequeninos ali, sem futuro. Decidiu intervir e levou os nove para sua casa. Dará a eles um tratamento que merecem e tentará recuperá-los. Se sobreviverem, serão disponibilizados para adoção.
Ficaremos na torcida, Tatiana, mas, qualquer que seja o resultado, pra nós eles já foram salvos. Não tenho palavras pra comentar e agradecer seu gesto.
Só pra lembrar, o Raposinho, o cãozinho que utilizamos no banner de inauguração da campanha, continua por lá. Ele não é mais jovem. É um cãozinho que merecia também deixar o abrigo.
Os animais da SMPA, em sua maioria, já estão vacinados e prontos para adoção. No momento, a ONG precisa de voluntários. Banho e tosa nos cães de pelo longo era essencial e urgente. Precisam também de voluntários para medicar os animais, para o controle dos parasitas, e também para limpeza dos canis e pulverização de viricida e bactericida. São produtos naturais e não tóxicos. É preciso apenas boa vontade e disponibilidade de tempo.
Mas, mais que isso, precisamos intensificar a campanha, para que outros protetores e outras clínicas veterinárias se unam a nós, assumindo um ou dois animais. Eles continuam precisando ser retirados de lá com urgência.
Fica aqui nosso enorme agradecimento às veterinárias, estagiárias e voluntários que atenderam nosso apelo e doaram seu sábado para ajudar a salvar vidas. Os animais da SMPA jamais se esquecerão de vocês.
SMPA – Parte III – Banho e tosa
Mas o trabalho precisava continuar. No dia 26 de fevereiro foi dia de faxina na SMPA. Um mutirão de banho e tosa era urgente. E quem assumiu essa tarefa foi o grupo SOS Bichos.
A Patrícia, que faz parte da família SOS, tem um Pet Shop no Bairro Cidade Nova e decidiu deixar seu negócio e doar uma tarde inteira aos animais da SMPA. Junto com a Solange, que é sua mãe e sócia, passaram toda a tarde daquela terça-feira dando banhos e tosando os animais mais necessitados.
Além da Patrícia e da Solange, a Carla também estava lá pra registrar os trabalhos. Elas contaram também com a ajuda da Nélida, veterinária da SMPA e do Jorge, um funcionário que tem muita experiência e está sempre pronto para ajudar e receber muito bem qualquer um que chega com a intenção de ajudar os animais.
A operação foi um sucesso. De início, os cães estavam um pouco assustados, mas eles se mostraram dóceis e aceitaram aqueles momentos de faxina, como se fosse apenas um carinho, coisa que eles demonstram já terem se esquecido de como é.
O antes e depois das fotos mostram muito mais que um cãozinho sujo e limpo. Mostram um estado de espírito. É visível o medo nas fotos do antes e a alegria e alívio estampados depois do banho. É o caso desta menina.
Vacinada ela já estava. Agora, de banho tomado, esperamos que ela encontre um bom adotante. Essa história de viver em um abrigo não é pra qualquer um. Todos mereciam uma chance, mas animais frágeis assim, de raça pura e pelo longo, que precisam de banhos e cuidados constantes, não sobrevivem muito tempo por ali.
Em mais algumas semanas, se ela não for retirada de lá, voltará ao estado mostrado na primeira foto. A tristeza é claro que voltou assim que foi colocada de volta no canil. Afinal, pra ela, talvez aquela faxina toda fosse sinal de adoção. Mas era apenas um mutirão de banho e tosa. Quem sabe agora?
Outra moça que entrou na fila da faxina foi esta menina abaixo. Ninguém sabe bem o que é. Talvez apenas uma ótima mistura, moldada pela natureza. Ela nem esperou o final da tosa pra mostrar que estava feliz. Assim que a lâmina da máquina começou a retirar o excesso de pelo embolado, ela já se animou.
Mas nem tudo foi alegria naquele trabalho. À medida que a máquina retirava o excesso de pelo embolado, ia revelando a triste realidade dos animais da SMPA.
Esta mocinha abaixo era o retrato do abandono. Era de se esperar uma bela lobinha por debaixo de tudo aquilo.
Mas aí veio a realidade pra revelar uma cadelinha muito magra e debilitada. Ela era pele e osso.
O estado de tristeza, mesmo depois do banho, indicava algo mais. Uma doença conhecida como “Tristeza canina” (Babesiose) pode ser a causa de toda aquela apatia. Um dos principais sintomas é exatamente a perda de peso. A doença é transmitida por carrapatos, sendo também conhecida como “doença do carrapato”.
Como a infestação por lá continua grande, não é difícil adivinhar a causa de sua moléstia. Ela precisa ser retirada de lá o quanto antes para tratamento. Caso contrário, este terá sido o último banho dela.
Os protetores que agem neste plano nunca sabem quais são os desígnios de Deus para os animais que ajudam. Precisamos confiar na vida e fazer o melhor que pudermos. Mas esperamos muito que este banho e tosa, pra esta princesa sem nome, não tenha sido apenas para que ela se despeça da vida com um pouco mais de conforto.
Mas, se for, saberemos que ela será recebida no outro plano, muito melhor do que foi aqui.
Outra menina que também está pronta para adoção é esta mocinha triste. Neste caso, a faxina foi suficiente.
Por último, foi a vez deste poodle grande.
Ele se mostrou muito dócil e aceitou a máquina de tosa, como se já conhecesse aquilo. É possível que tenha tido um dono, em algum momento. Talvez o abandono tenha ocorrido porque ele cresceu demais, ou então, porque seus donos não valiam nada mesmo.
Depois da tosa, ele era um dos que estavam felizes. Cuidado assim ele ainda não conhecia, ou pelo menos não se lembrava como era. Também foi vacinado em nosso mutirão anterior e já está pronto pra deixar o inferno.
Infelizmente, esse mutirão revelou também o lado mais cruel de um abrigo.
Aquele cãozinho medroso e arredio, que em nossa última visita ficava deitado em uma caixa nos fundos de um canil, não teve a oportunidade de receber os cuidados da Espaço Pet.
Perguntado por ele, ninguém soube dar notícias. Foi procurado em todos os canis e não foi encontrado. Como os animais ali não têm nome e não há registro individual, não foi possível saber se ele foi adotado, ou se morreu lá dentro.
As primeiras fotos que fiz dele foram usadas no banner inicial da matéria. Mas este olhar triste talvez seja a última e única imagem que teremos dele. Como já foi dito uma vez, aquele lugar é um sumidouro de cães.
A angústia é grande, por não saber o que aconteceu.
O que esperamos é que alguém que o tenha adotado possa nos escrever, dizendo que está com ele, contando que ele está bem e feliz. Quem sabe novas fotos do menino possam nos tirar da lembrança o olhar triste das primeiras fotos?
Quando estivemos pela primeira vez na SMPA, estávamos inseguros, com medo do que encontraríamos. Sabíamos que viveríamos alegrias e frustrações. Sabíamos que seria utopia querer salvar todos. Ajudaríamos alguns, mas outros ficariam pelo caminho.
Infelizmente, muitos têm ficado pelo caminho. Alguns entregam suas vidas nas brigas que acontecem dentro dos canis superlotados, outros sucumbem às doenças, ou mesmo à tristeza, outros não conseguem adotantes, como se estivessem condenados a terminar seus dias ali.
Nossas campanhas em prol daqueles animais não têm surtido efeito. Queríamos muito reunir mais protetores, mais veterinários, mais adotantes.
Alguns têm sido salvos, mas diante dos 260 que lá estavam, e dos que continuam chegando, nossas ações são pequenas demais. Faltam protetores, faltam adotantes, faltam veterinários. São tantas clínicas veterinárias e Pet Shops em Belo Horizonte, e apenas 3 aderiram à campanha “Veterinários do Bem”.
Que não seja, o pequeno Luck, nome que escolhemos agora ao cãozinho desaparecido, símbolo do fracasso de uma campanha idealizada com o único objetivo de salvar vidas.
Graças à união de outros grupos e protetores, estamos vivendo algumas alegrias, mas a tristeza pelos que ficaram no caminho e pelos que continuam lá tem nos corroído a alma.
Mas, mantendo os objetivos iniciais de realizar um trabalho exclusivamente em prol dos animais, e mantendo o foco no que é possível fazer, sigamos em frente. Os que não resistiram são páginas viradas. Continuaremos tentando ajudar os sobreviventes.
Enquanto o mutirão de banho e tosa acontecia no pátio, outros cães chegavam aos portões, curiosos, ora latindo, ora choramingando, como se pedissem: __Eu também quero. Tá calor.
Infelizmente, os de pelo curto não terão este privilégio. Eles continuarão sem banho, pelo menos até a adoção, se é que essa virá um dia pra algum deles.
Filhotes continuam chegando e continuam morrendo. Alguns ainda podem contar com uma babá, que mesmo sem vínculo de sangue, ainda se dispõem a fazer o papel de mãe. Tentam alegrar a vida dos pequenos, como se soubessem que é o que resta fazer ali.
Estes filhotes estavam lá no dia da vacinação. Portanto, já estão vacinados. Só precisam de uma oportunidade. E que ela venha antes que deixem de ser filhotes, ou antes que fiquem pelo caminho.
Aos adultos de pelo curto, que continuem sonhando com a adoção e com um bom banho de mangueira em um jardim. Quem sabe um dia? Lobos também sonham.
A campanha pelos animais da SMPA continua. Que esta matéria chegue a pessoas que se disponham a nos ajudar.
Ainda existem animais de pelo longo que não foram atendidos neste primeiro mutirão. Desta vez, a prioridade foi para os casos mais urgentes. Outros mutirões virão, pra terminar a faxina, mas os animais precisam de cuidados constantes. Dentro de dois ou três meses, eles estarão novamente precisando de tosa, se ainda estiverem vivos.
De novo, soltamos mais uma matéria, na esperança de que consigamos novos adeptos, novos voluntários, novos protetores e novos adotantes. Os poodles esquecidos, rejeitados pela sociedade humana, já estão agora prontos para adoção, de banho tomado, tosados, vacinados e castrados.
São 200 cães prontos para adoção.
A ONG está sempre aberta, de segunda a sábado, estando pronta para receber adotantes ou protetores que se disponham a ajudar de alguma forma.
Contato para adoção: (31) 3433.0900. (09:00 às 11:00 e de 13:30 às 16:00).
Rua Jaguariba, nº 66, Bairro Guarani, em Belo Horizonte.
Horários: de2ªs a 6ªs, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 16h30.
Sábados: das 9h às 12h.
Curta nossa página no Facebook e acompanhe nossas principais publicações. Esta matéria foi também publicada no Facebook.
Comentários / Mais informações sobre o anúncio devem ser obtidas com os anunciantes, no telefone ou e-mail indicados acima.