A história do Orfanato teve início no dia 1º de Dezembro de 2017, quando pela primeira vez um grupo de voluntários esteve no local pra conhecer os animais.

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Os trabalhos foram iniciados e todos os animais foram castrados, vacinados, vermifugados, receberam assistência médica, aqueles mais debilitados ganharam tratamentos médicos e, ao final, estavam todos prontos, ou quase prontos para adoção.

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Outros voluntários se uniram e formaram um dos mais dedicados grupos em prol de um mesmo objetivo.

Em seis meses, aproximadamente 12 feiras de adoções foram organizadas e o resultado foi mais de 50 adoções.

Ao final, restaram 4 órfãos, machos adultos, todos muito arredios e medrosos, o que tornava a adoção deles muito especial.

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Um deles foi adotado por um amigo, alguém tão especial quanto eles.

Restou três, mantidos na mesma casa onde nasceram e viveram, mas agora com o trabalho dos voluntários sendo sabotado por aqueles que os queriam longe, luz e água foram cortadas e os voluntários, mais uma vez, precisaram se desdobrar pra cuidar dos três lobos mais rejeitados dos últimos tempos.

Teve início um grande mutirão, com seções de Reiki, adestramento e muito, muito colo. Essa foi a receita pra tentar socializá-los.

Infelizmente, o local onde eles ainda vivem não traz as melhores referências e, para que todo aquele esforço fosse de fato eficiente, seria necessário uma mudança de ares, ainda que por algumas horas.

E foi aí que eles ganharam uma bolsa de estudos completa para frequentarem o CCAA da Floresta, na Av. Flávio dos Santos, 434, Floresta, em Belo Horizonte.

Chegaram para o primeiro dia de aula assustados, como qualquer criança no primeiro dia do Jardim da Infância.

As plantas do jardim foram aconchegantes, pois trouxeram a eles um pouco de verde que eles não conheciam. Na casa onde vivem, só tem concreto cinza.

Buscaram a proteção das sombras e dos arbustos, uma simulação instintiva das tocas de seus antepassados.

Tudo era novo pra eles. Nunca haviam pisado na terra, na grama. Não conheciam o cheiro de mato.

Deitaram sobre as plantas do jardim e relaxaram. Aquele momento era tão importante pra eles que ninguém do CCAA lhes chamou a atenção pelos pequenos estragos nas folhagens.

Como crianças arteiras que envergonham os pais, faltou cavarem buracos no jardim. E se tivessem se atrevido a tanto, não teriam sido recriminados, não por falta de limites, mas pela necessidade de não limitá-los nesse difícil processo de humanização.

Depois de alguns instantes de relaxamento, era hora de iniciar as aulas.

Então, toda a turma do CCAA veio dar as boas vindas, com petiscos e muito afeto. Era a receita perfeita pra eles.

E não apenas no jardim eles tiveram o direito de ficar.

Foram convidados a conhecer toda a escola, a sala de convivência, o Playground e tudo o que mereciam.

Receberam seções de Reiki e se esbaldaram nos Puffs, com direito a seções de fotos.

Claro que ninguém imagina que eles venham a aprender inglês. O que queremos é que sejam capazes de entender os sinais de afeto e de amizade.

Que possam voltar a confiar nas pessoas, que não sintam medo e que se entreguem à amizade mais intensa que a evolução foi capaz de criar.

E pra isso, pudemos contar com uma equipe mais que perfeita de voluntários. Foram muitos, dos mais diferentes cantos e credos, que se uniram em torno dessas vidas.

Cada um fazendo o que sabia fazer de melhor, doando o que tinha e aproveitando a oportunidade de crescer e evoluir. É exatamente pra isso que estamos aqui.

O resultado foi o melhor possível. Hoje, os três sobreviventes, Petrúckio, Fiuk e Elvis são outros cães. Ainda estão longe de pularem no colo de estranhos, mas eles já conseguem se aconchegar onde se sentem acolhidos.

Aprenderam que colo é a melhor coisa do mundo e que todo lobo merece o seu.

A visita ao CCAA terminou, depois de um dia intenso de muita atividade.

Vão sentir saudade daqueles Puffs macios, da acolhida tão especial, dos petiscos que estavam ali esperando por eles, e até das aulinhas de sinais.

Eles decidiram depois dessa experiência que querem donos que se disponham a leva-los pra passear em pracinhas e onde tiver gramado.

Colo também é quesito obrigatório na nova casa.

Hoje eles estão saudáveis, castrados, vacinados e vermifugados, equilibrados e prontos pra começarem uma nova vida. O medo que sentiam das pessoas ficou no passado, mas não tão distante.

Os momentos vividos durante aquela excursão pelo CCAA não serão esquecidos, mas servirão de referência pra eles. Eles aprenderam que por detrás daqueles muros cinzas que os cercam, existe um mundo diferente.

Claro que a notícia de que o passeio tinha acabado e que seria a hora de voltarem para aquela casa escura, sem água e luz elétrica, caiu como um tapa pra cada um deles.

Mas o tempo se encarregará de trazer pra cada um a família que merecem.

ATUALIZANDO: O Élvis chegou a ser adotado. Então, os sócios do CCAA da Floresta decidiram fazer um pouco mais que proporcionar às crianças um dia de festa. Eles foram adotados pela Escola e hoje são os mascotes, com direito a frequentar as aulas e interagir com os alunos.

O que pode ser melhor para um Curso de Idiomas do que ter dois mascotes que nem sequer falam português? O fato é que Petrúckio e Fiuk por enquanto ainda não falam, mas chegarão ao final de sua jornada quase falando, porque afeto e calor humano não faltarão a eles.

A socialização, que desde o início foi um fantasma, deixou de ser. Com tantos alunos paparicando os dois, é claro que acabariam se rendendo.

Algum tempo depois, o Élvis foi devolvido e não tinha mais pra onde voltar. Então, Petrúckio e Fiuke decidiram oferecer ao antigo amigo um cantinho, onde ele está hoje esperando por adoção.

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Registra-se nosso muito obrigado a toda a equipe do CCAA da Floresta.

Créditos também para a amiga Carla Costa, fotógrafa responsável por todo o ensaio das crianças. Valeu Carla!  Instagram: @revelando.fotografia

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